Segundo Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor de sociologia da ESPM, dependendo do grau de reflexão e avaliação pelos eleitores até as eleições, certamente poderá levar a uma queda significativa da quantidade de votos de Javier Milei e, por consequência, até mesmo a sua derrota.
O especialista destaca que o candidato Milei apresentou no debate do último domingo (3) uma pauta econômica ultraliberal e anarco-capitalista* com uma proposta de fechar o Banco Central, dolarizar a economia, privatizações radicais e cortes de todos os benefícios sociais dos argentinos. “Ao mesmo tempo que ele toma essas posturas há uma tendência de enfraquecimento da sua candidatura, em função do fato de que outros candidatos de direita tenham o atacado por suas propostas, inclusive a econômica. Esse fato está no interior de um pensamento argentino, de uma direita moderada, uma visão utópica e absolutamente predatória para a sociedade argentina”.
Ramirez diz que outro ponto que chama a atenção sobre Milei é o seu negacionismo político diante da questão da quantidade de mortos durante a ditadura da Argentina. “Nesse sentido, parece haver uma aproximação muito grande entre Javier Milei e Bolsonaro seja pelo discurso ultraliberal, embora o presidente brasileiro nunca conseguiu aplicá-lo no país dadas as barreiras judiciais e parlamentares, ao ovacionar o regime militar se aproxima a Bolsonaro”.
O jornal Clarín divulgou nesta, quarta-feira (4), uma pesquisa que considera Javier Milei (de extrema direita) o favorito para vencer as eleições gerais na Argentina, embora, segundo as projeções, não consiga vencer no primeiro turno, que acontece em 22 de outubro. Ela foi desenvolvida pela consultoria CB, que mostra Milei em primeiro lugar com 32,2% das intenções de votos, seguido pelo candidato do governo, o ministro da Economia, Sérgio Massa (Unión por la Patria), com 28,9%, e pela candidata de centro-direita da coalizão Juntos Por el Cambio, Patricia Bullrich, em terceiro lugar, com 23,7%.
O especialista está disponível para comentar o assunto.
*Para os anarquistas esse conceito não existe, uma vez que sua ideologia política se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação do Estado. Mas, os ultraliberais costumam confundir esse conceito com o neoliberalismo no sentido estrito do termo e na perspectiva de que não se trata de um Estado mínimo, mas de um Estado zero que desregulamenta toda a economia.
Por: William Lara
Fonte: Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor de sociologia da ESPM