Médicas são maioria no quadro de profissionais do Materno-Infantil

Por Redação Oxarope
12/04/2024

Publicado em -

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Itamara e os dois irmãos nasceram tendo o próprio pai como parteiro. Lavrador de família humilde, “seo” Amaro aprendeu alguns segredos da medicina acompanhando um médico que atuava em Ponto Novo, município localizado ao norte da Bahia, a 600 quilômetros de Ilhéus e a 176 da divisa com Pernambuco. O caminho do conhecimento prático ele buscava em um livro que ganhou do amigo, intitulado ´Onde não tem médico´. A caçula de “seo” Amaro, Itamara de Santana Lima, agora com 25 anos, considera a sua trajetória, até aqui, como indescritível e inacreditável. Ela é a primeira jovem da cidade a cursar medicina numa universidade pública da Bahia. Está no nono semestre da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e já atua em regime de internato no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, instituição do Governo da Bahia administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).

“Eu orava pra ter o que tenho hoje”, diz. Na pequena Ponto Novo, cidade de 17 mil habitantes, “seo” Amaro e “dona” Itaci sabiam que só tinha uma saída para os filhos crescerem na vida: estudar. Itamara sempre frequentou escola pública. Passou em outros cursos, mas os pais deram a opção, caso ela quisesse continuar tentando a profissão dos sonhos. Era medicina, inspirada principalmente na memória afetiva que tinha da ajuda que o pai dava às pessoas. “Nem sempre foi assim. Até o ensino médio a medicina era uma espécie de lenda urbana para mim”, lembra. Mas ela seguiu. Aluna aplicada, ganhou bolsa de estudo e um cursinho em Salvador que lhe tomava quatro horas de ônibus todos os dias, abrigo na casa de uma tia e, depois a necessidade de uma transferência para Feira de Santana para, em uma cidade menor, mas perto da capital, pudesse diminuir distâncias entre casa e escola e dedicar mais tempo ao estudo.

Sacrifício

Para assegurar as necessidades mínimas da filha, os pais de Itamara alugaram a própria casa onde moravam e foram se abrigar numa garagem onde nem banheiro tinha. “Usavam o banheiro do vizinho”, ela lembra hoje, emocionada. Valeu a pena. Em 2019 Itamara ingressou na universidade, no curso dos sonhos. É de quando tem a lembrança de ter se encontrado pela primeira vez com um médico graduado. E hoje, a sua formatura está mais perto do que longe. O sonho é voltar para Ponto Novo e clinicar para a comunidade onde nasceu. Antes disso, a filha do “seo” Amaro pretende fazer residência médica. Agora, no internato no HMIJS, Itamara é acompanhada de perto pela preceptora, pediatra e neonatologista Veruska Lino.

A doutora Veruska e a estudante Itamara integram uma histórica estatística que revela a nova realidade da medicina na Bahia. Pela primeira vez, o número de médicas superou o de profissionais homens no estado. São 15.150 médicas e 14.461 médicos, segundo o Conselho Regional de Medicina. Uma realidade que já chegou ao Hospital Materno Infantil, onde 60 são mulheres e 41 homens trabalhando na medicina. No internato, o percentual de mulheres é ainda maior. Dos 45 estudantes que neste momento atuam na unidade, 31 são mulheres e 14, homens.

Transformação

“Me sinto orgulhosa em vivenciar este momento”, reconhece a médica Veruska. “É a percepção que estamos construindo um novo momento, onde saímos das quatro paredes de uma casa e passamos a fazer a diferença fora do ciclo familiar”, completa. Formada em medicina em 2014, ela lembra que a sua turma era basicamente composta por homens. “Tinha-se a falsa impressão de que cursos mais difíceis e concorridos, os homens estavam mais preparados e com maiores chances. Era preconceito”, afirma. No caso dela, segundo diz, o enfrentamento foi ainda maior, considerando o preconceito pela escolha da profissão até mesmo ao da cor de pele. “Sou uma mulher negra, vinda também, como Itamara, da escola pública”.

Doutora Veruska reconhece que este avanço conquistado pelas mulheres – não só na medicina mas também em outras áreas – é reflexo de uma longa luta travada pelos antepassados. “Como costureira, minha mãe criou dez filhos. Eu sou a mais nova. Trabalhou para nos manter e, mulheres como ela, abriram caminhos e facilitaram as nossas vidas”, assegura. A médica Veruska Lino e a estudante de medicina Itamara Lima reconhecem que fazem parte de um grupo que tem buscado evoluir e crescer através do conhecimento. E oferecer isso a outras pessoas. “O que estamos vivenciando, para além de histórico, é só o começo. Vamos avançar ainda mais”, assegura a doutora Veruska.

Fotos Ascom HMIJS

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Médicas são maioria no quadro de profissionais do Materno-Infantil

Por Redação Oxarope
12/04/2024 - 17h28 - Atualizado 13 de abril de 2024

Publicado em -

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Itamara e os dois irmãos nasceram tendo o próprio pai como parteiro. Lavrador de família humilde, “seo” Amaro aprendeu alguns segredos da medicina acompanhando um médico que atuava em Ponto Novo, município localizado ao norte da Bahia, a 600 quilômetros de Ilhéus e a 176 da divisa com Pernambuco. O caminho do conhecimento prático ele buscava em um livro que ganhou do amigo, intitulado ´Onde não tem médico´. A caçula de “seo” Amaro, Itamara de Santana Lima, agora com 25 anos, considera a sua trajetória, até aqui, como indescritível e inacreditável. Ela é a primeira jovem da cidade a cursar medicina numa universidade pública da Bahia. Está no nono semestre da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e já atua em regime de internato no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, instituição do Governo da Bahia administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).

“Eu orava pra ter o que tenho hoje”, diz. Na pequena Ponto Novo, cidade de 17 mil habitantes, “seo” Amaro e “dona” Itaci sabiam que só tinha uma saída para os filhos crescerem na vida: estudar. Itamara sempre frequentou escola pública. Passou em outros cursos, mas os pais deram a opção, caso ela quisesse continuar tentando a profissão dos sonhos. Era medicina, inspirada principalmente na memória afetiva que tinha da ajuda que o pai dava às pessoas. “Nem sempre foi assim. Até o ensino médio a medicina era uma espécie de lenda urbana para mim”, lembra. Mas ela seguiu. Aluna aplicada, ganhou bolsa de estudo e um cursinho em Salvador que lhe tomava quatro horas de ônibus todos os dias, abrigo na casa de uma tia e, depois a necessidade de uma transferência para Feira de Santana para, em uma cidade menor, mas perto da capital, pudesse diminuir distâncias entre casa e escola e dedicar mais tempo ao estudo.

Sacrifício

Para assegurar as necessidades mínimas da filha, os pais de Itamara alugaram a própria casa onde moravam e foram se abrigar numa garagem onde nem banheiro tinha. “Usavam o banheiro do vizinho”, ela lembra hoje, emocionada. Valeu a pena. Em 2019 Itamara ingressou na universidade, no curso dos sonhos. É de quando tem a lembrança de ter se encontrado pela primeira vez com um médico graduado. E hoje, a sua formatura está mais perto do que longe. O sonho é voltar para Ponto Novo e clinicar para a comunidade onde nasceu. Antes disso, a filha do “seo” Amaro pretende fazer residência médica. Agora, no internato no HMIJS, Itamara é acompanhada de perto pela preceptora, pediatra e neonatologista Veruska Lino.

A doutora Veruska e a estudante Itamara integram uma histórica estatística que revela a nova realidade da medicina na Bahia. Pela primeira vez, o número de médicas superou o de profissionais homens no estado. São 15.150 médicas e 14.461 médicos, segundo o Conselho Regional de Medicina. Uma realidade que já chegou ao Hospital Materno Infantil, onde 60 são mulheres e 41 homens trabalhando na medicina. No internato, o percentual de mulheres é ainda maior. Dos 45 estudantes que neste momento atuam na unidade, 31 são mulheres e 14, homens.

Transformação

“Me sinto orgulhosa em vivenciar este momento”, reconhece a médica Veruska. “É a percepção que estamos construindo um novo momento, onde saímos das quatro paredes de uma casa e passamos a fazer a diferença fora do ciclo familiar”, completa. Formada em medicina em 2014, ela lembra que a sua turma era basicamente composta por homens. “Tinha-se a falsa impressão de que cursos mais difíceis e concorridos, os homens estavam mais preparados e com maiores chances. Era preconceito”, afirma. No caso dela, segundo diz, o enfrentamento foi ainda maior, considerando o preconceito pela escolha da profissão até mesmo ao da cor de pele. “Sou uma mulher negra, vinda também, como Itamara, da escola pública”.

Doutora Veruska reconhece que este avanço conquistado pelas mulheres – não só na medicina mas também em outras áreas – é reflexo de uma longa luta travada pelos antepassados. “Como costureira, minha mãe criou dez filhos. Eu sou a mais nova. Trabalhou para nos manter e, mulheres como ela, abriram caminhos e facilitaram as nossas vidas”, assegura. A médica Veruska Lino e a estudante de medicina Itamara Lima reconhecem que fazem parte de um grupo que tem buscado evoluir e crescer através do conhecimento. E oferecer isso a outras pessoas. “O que estamos vivenciando, para além de histórico, é só o começo. Vamos avançar ainda mais”, assegura a doutora Veruska.

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