Nos bastidores da COP30, o Nordeste se movimenta como uma das regiões-chave na agenda climática do Brasil. Com compromissos firmes e visão de futuro, os governadores nordestinos buscam consolidar sua posição como referência em energia limpa, inovação verde e justiça ambiental.

A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, será realizada em Belém (PA), no coração da Amazônia, entre os dias 11 e 21 de novembro de 2025. O evento vai reunir líderes mundiais, cientistas, movimentos sociais e representantes de diversos países para discutir ações concretas contra as mudanças climáticas.
Mas a narrativa desta edição vai além da floresta amazônica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que o encontro é uma chance de colocar todos os biomas brasileiros no centro das discussões ambientais. “Além da Amazônia, nós temos outros cinco biomas essenciais: Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa”, afirmou Lula.
O Governo Federal articulou com estados e municípios uma ampla integração à COP30, reconhecendo que o Brasil só poderá liderar a agenda climática global se envolver todas as regiões.
Para o Nordeste, a COP30 é mais que uma conferência: é uma vitrine para mostrar que a região já vem implementando uma nova lógica de desenvolvimento sustentável. Em setembro, o Consórcio de Governadores do Nordeste realizou um encontro em Fortaleza e apresentou a “Carta Compromisso pela Transformação Ecológica do Nordeste”.
O documento propõe ações concretas como:
Expansão da geração de energia renovável
Fortalecimento da agricultura familiar e agroecologia
Inovação verde e economia circular
Preservação da biodiversidade
Projeção do Nordeste como polo global de investimentos sustentáveis
A gerente de projetos da Secretaria-Executiva do Ministério da Fazenda, Sávia Gavazza, destacou o papel do Nordeste como protagonista do desenvolvimento sustentável. “Esta Carta simboliza o compromisso de um Nordeste capaz de transformar sua riqueza natural e cultural em inovação, inclusão e prosperidade”, declarou.

Outro destaque foi o resultado da Chamada de Projetos para a Neoindustrialização do Nordeste. Foram R$ 127,8 bilhões em propostas apresentadas, abrangendo hidrogênio verde, bioeconomia e centros de dados sustentáveis uma resposta contundente ao desafio da descarbonização com desenvolvimento.
O protagonismo do Nordeste na COP30 é, para mim, um símbolo de maturidade política e ambiental. Durante décadas, essa região foi tratada como periférica nas grandes decisões do país. Agora, ela assume um papel estratégico na economia verde, mostrando que é possível unir justiça social com inovação tecnológica.
A Caatinga, por exemplo, é um bioma exclusivamente brasileiro, presente majoritariamente no Nordeste, e carrega consigo uma diversidade rica, mas historicamente negligenciada. Dar visibilidade a esse ecossistema é também reconhecer os povos que ali vivem e resistem.
Enquanto o mundo discute metas climáticas, o povo nordestino mostra que está pronto para liderar com propostas concretas e enraizadas na sua realidade.
A COP30 será em Belém, mas o Brasil inteiro precisa estar representado. E o Nordeste já mostrou que não vai apenas assistir vai propor, construir e liderar. O futuro da política ambiental brasileira pode estar mais perto do sertão do que se imaginava.


















