A China acaba de aprovar a entrada de 183 novas empresas brasileiras de café em seu mercado. O anúncio, feito pela embaixada chinesa no Brasil por meio das redes sociais neste sábado, vem logo após os Estados Unidos imporem tarifas mais altas sobre o café e outros produtos brasileiros. A parceria entre Luckin Coffee e o Brasil prevê compras de até 240 mil toneladas entre 2025 e 2029, equivalendo a cerca de US$ 2,5 bilhões um aumento significativo em relação ao contrato anterior de US$ 500 milhões até o fim de 2024.
A China passou de importadora de cerca de 56 mil sacas em junho para assumir um papel muito mais relevante caso a demanda se consoli
Essa mudança estratégica não é apenas uma boa notícia para o agronegócio brasileiro é também um sinal claro de como as tensões comerciais globais estão redesenhando rotas de exportação e redefinindo parcerias internacionais.
Desde 30 de julho, quando a medida chinesa entrou em vigor, as exportações brasileiras de café ganharam novo fôlego. As licenças concedidas têm validade de cinco anos, garantindo estabilidade e previsibilidade aos produtores nacionais, em um setor historicamente exposto às incertezas do mercado internacional.
Mas o timing da decisão chama atenção: logo após os EUA elevarem as tarifas, a China abre as portas. Isso não é coincidência. É uma resposta diplomática sutil, porém poderosa, que favorece o Brasil e enfraquece a influência norte-americana sobre mercados estratégicos.
Não dá mais para ignorar: o Brasil está no centro de uma disputa comercial silenciosa entre potências. E o café, produto símbolo da nossa cultura e economia, virou peça-chave.
Se por um lado os produtores nacionais celebram, por outro é preciso cautela. A dependência crescente de grandes parceiros como China e EUA exige diplomacia estratégica e autonomia comercial. A diversificação de mercados é a única forma de blindar nossa produção de choques externos e disputas políticas.
A liberação das exportações para a China é, sem dúvida, uma vitória. Mas também é um alerta. O Brasil precisa investir em valor agregado, tecnologia e posicionamento internacional. Ser apenas o celeiro do mundo não basta mais. É hora de ser protagonista no comércio global com estratégia, qualidade e inovação.
Informarções: Ana Mano/REUTERS