
Neste domingo, 5 de outubro, o Brasil viverá um novo capítulo na história dos concursos públicos. A segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 2) reunirá mais de 760 mil inscritos em 228 cidades de todas as regiões do país.
Com 1.294 locais de aplicação espalhados por todas as 27 unidades da Federação, o CPNU 2 representa uma das maiores logísticas já realizadas para um certame federal. A organização envolve o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), a Enap, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Fundação Getulio Vargas (FGV), que executa o processo.
A ideia central é democratizar o acesso aos concursos, levando as provas a localidades estratégicas e reduzindo o deslocamento dos candidatos. Os estados com mais locais são Rio de Janeiro (181), Bahia (102) e Distrito Federal (168), o que mostra uma ampla distribuição geográfica.
A aplicação das provas neste domingo vai além da seleção para 3.652 vagas em 32 órgãos federais. Para mim, o que mais chama atenção é o alcance dessa iniciativa. Com candidatos em quase 5 mil municípios, o CPNU se consolida como política pública de inclusão no serviço público.
Outro ponto é o impacto social. Ao integrar diferentes regiões e perfis, o modelo unificado amplia o acesso a cargos de alta qualificação, sem exigir que o candidato se desloque para grandes capitais. Em um país de desigualdades históricas, esse passo tem peso.
A dimensão da estrutura impressiona. Em Belo Horizonte, o campus Coração Eucarístico da PUC Minas vai receber 8.428 inscritos. Manaus terá 7.716 pessoas na Universidade Nilton Lins. Em Niterói, o campus Gragoatá da UFF acolherá 7.418. No Recife, a UNIBRA atenderá 7.172, e em Brasília, o CEUB será o principal ponto, com 7.068 inscrições confirmadas.
Além disso, os números mostram a força regional do concurso. O Sudeste lidera em número de inscritos (247.838), seguido pelo Nordeste (229.436), Centro-Oeste (150.870), Norte (84.651) e Sul (48.733). O Rio de Janeiro ultrapassa 108 mil candidatos, seguido pelo Distrito Federal com mais de 102 mil.
“Esse modelo mostra que é possível modernizar o acesso ao serviço público com mais justiça e eficiência”, afirmou a ministra Esther Dweck.
Enquanto muitos ainda associam concursos públicos a processos longos, centralizados e elitizados, o CPNU 2 propõe outra lógica. Ele coloca o Brasil real no centro das decisões. Alguém em Boa Vista, Ilhéus ou Palmas tem a mesma chance de concorrer que um morador do Rio ou de Brasília.
Não se trata só de facilitar o acesso. Estamos falando de integrar o país por meio de uma política de Estado. A pluralidade dos candidatos, a diversidade dos locais e o foco na transparência mostram que é possível construir algo mais justo. E isso, sim, é um marco.
O CPNU 2 não é só mais um concurso. É um experimento ousado de inclusão, representatividade e modernização do serviço público brasileiro. Neste domingo, mais de 760 mil histórias vão se cruzar em salas de aula por todo o país. E o que está em jogo é muito mais que uma vaga.