Mais de 300 artistas das orlas de Porto Seguro participam do Festival de Artes Praianas. A iniciativa une cultura, turismo e economia criativa com final marcada para 2 de outubro na Praça da Bandeira.

Idealizado pela produtora cultural Francis de Holanda, o festival foi viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio do Ministério da Cultura e da Prefeitura de Porto Seguro. O objetivo é claro. Valorizar os profissionais que transformam as praias da cidade em verdadeiras galerias vivas.
As inscrições começaram em 10 de agosto e superaram as expectativas. Mais de 300 participantes se inscreveram nas categorias de tatuagem de henna, artesanato, coquetelaria e tranças.
Para alcançar todos os artistas, a organização montou pontos físicos de inscrição na Orla Norte, em Trancoso e em Arraial d’Ajuda. Também foi disponibilizado um formulário online, ampliando a participação.
Uma curadoria formada por Shirley Paz, Gil Tatoo, Ângela e Gilson Litorando escolheu 40 semifinalistas. Agora, o público vota nos seus favoritos pelo perfil @descobrirproducoes, no Instagram.
O festival é muito mais que uma competição. É uma plataforma de visibilidade para quem atua diretamente nas areias de Porto Seguro. Cada curtida representa oportunidade, reconhecimento e valorização.
A final acontece no dia 2 de outubro, na Praça da Bandeira, a partir das 16h. O evento contará com competições ao vivo entre os finalistas. Haverá avaliação técnica de jurados, exposição e venda de artes praianas e show musical com o grupo Samba Menina.
O que mais chama atenção é como o festival oferece dignidade e protagonismo para artistas que muitas vezes atuam sem apoio ou reconhecimento formal.
A artista plástica Shirley Paz comentou que ficou impressionada com a diversidade e a qualidade dos trabalhos. Disse que a praia é o ateliê desses artistas e que o festival dá visibilidade a essa arte viva.
Nas redes sociais, a população também se manifesta. Uma moradora de Arraial escreveu que sempre viu as trancistas trabalhando nas praias, mas nunca pensou que elas estariam em um palco recebendo aplausos. Segundo ela, isso é respeito.
Enquanto grandes eventos culturais se concentram nas capitais, o Festival de Artes Praianas mostra que o verdadeiro valor da cultura popular está nas mãos de quem vive dela diariamente. O artista de rua, o artesão, o bartender e a trancista são, antes de tudo, trabalhadores da cultura.
Ver uma iniciativa como essa, com apoio institucional e curadoria técnica, é sinal de que políticas públicas podem, sim, transformar realidades. E quando isso acontece com simplicidade e impacto, é preciso reconhecer.
O Festival de Artes Praianas não apenas celebra talentos. Ele reafirma a identidade cultural de Porto Seguro e reposiciona o papel da praia como um espaço de criação, encontro e expressão. Cultura também se faz com areia no pé e olhar atento ao que pulsa do lado de fora dos palcos tradicionais.