Governo mantém reoneração da folha de pagamento dos municípios e alíquota previdenciária voltará a 20% a partir de abril

Por Redação Oxarope
01/03/2024

Publicado em -

oXarope1010324oxarope2
Parlamentares envolvidos na aprovação do projeto de lei 334/2023, que garantiu a redução do INSS das prefeituras

Gestores públicos temem situação das finanças locais com a medida. No Congresso Nacional, defensores da desoneração criticam decisão do Executivo

Daqui a um mês, municípios com população de até 142.632 habitantes terão suas alíquotas de contribuição previdenciária sobre a folha de salários elevadas de 8% para 20%. O impacto se deve à decisão do governo de manter o trecho de uma medida provisória que reonera os cofres das prefeituras a partir de 1º de abril. 

No fim do ano passado, o Congresso Nacional aprovou uma lei que garantiu a continuidade da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia até o fim de 2027. A norma também diminui de 20% para 8% a alíquota previdenciária a ser desembolsada pelos municípios. Nos últimos dias de dezembro, no entanto, o governo editou uma MP para reonerar o setor produtivo e as prefeituras. 

Diante da repercussão negativa, o governo retirou o trecho que reonerava os 17 setores econômicos, mas manteve a parte que eleva em 12 pontos percentuais o INSS pago pelas cidades. Os gestores públicos estão preocupados com as consequências da medida. 

O prefeito de Boa Esperança (MG), Hideraldo Henrique, diz que o município vinha economizando mais de R$ 200 mil por mês desde a redução da alíquota de contribuição previdenciária, valor que deixará de ser investido em outras áreas. 

“É uma receita que poderia ser usada de maneira especial em obras, educação, saúde”, aponta. “Nós temos vivido um momento muito triste no tratamento que os municípios estão recebendo do governo federal, porque além das perdas de receita que nós já tivemos no último ano, esse benefício que nós tínhamos conseguido no Congresso foi por água abaixo”, lamenta.  

Paulinho Cardoso, prefeito de Taquaral (SP), também se queixa da reoneração. “Incomoda demais. Com a queda de arrecadação e com a carga que a gente está tendo, tem que ser herói para administrar os municípios. O ano inteiro eu teria uma economia de quase um milhão de reais. É muito dinheiro pra Taquaral”, afirma. 

As prefeituras se articulam para reverter o quadro. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) convocou os gestores para uma mobilização na próxima quarta-feira (6), em Brasília. Segundo o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, há apoio à pauta dentro do Congresso Nacional. 

“A maioria dos deputados e senadores já nos ajudaram. Temos que trabalhar junto ao Congresso, que foi nosso aliado nessa questão. O que o Executivo está fazendo é mudar uma decisão do Congresso. Vamos nos mobilizar, ficar firmes nessa posição de manter a nossa conquista. Não aceito essa imposição”, afirmou. 

Apoio

Parlamentares envolvidos na aprovação do projeto de lei 334/2023, que garantiu a redução do INSS das prefeituras, já se posicionaram contra a proposta do Executivo. Relator no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA) apresentou uma emenda à MP para desonerar os municípios novamente. Ele saiu em defesa das cidades. 

“É uma questão de justiça. As prefeituras vivem em estado pré-falimentar e não têm a menor condição de pagar essa alíquota previdenciária tão alta. Tem segmentos da sociedade que têm alíquotas reduzidas. Não sei porque o governo atende a esses segmentos e não atende o segmento das prefeituras que, talvez, seja um dos mais importantes do Brasil, porque é lá onde tudo acontece”, argumentou. 

Já a deputada federal Any Ortiz (Cidadania-RS), relatora do projeto de lei na Câmara, criticou o que seria a mudança de posicionamento do próprio governo quanto ao assunto. “Essa questão das prefeituras foi defendida pelo líder do PT e pelo líder do governo na Câmara. Ambos defenderam que as prefeituras precisavam que o texto fosse aprovado desta forma, porque elas estavam numa situação muito difícil”, alega. 

A reportagem procurou os deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e José Guimarães (PT-CE), então líderes do partido e do governo na Câmara, mas não teve retorno até a publicação do conteúdo. 

O deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) diz que a arrecadação das prefeituras não cresceu acima da inflação no ano passado e que aumentar as alíquotas de contribuição previdenciária piora a situação dos cofres municipais. “Na ponta é onde os gestores precisam fazer o maior trabalho em termos de gestão pública. Os municípios não podem pagar mais custo, pelo contrário, a gente tem que, através de um novo pacto federativo, destinar mais recurso aos municípios”, defendeu. 

Outro lado

Em busca de receitas para cumprir a meta de déficit zero prevista no arcabouço fiscal, o governo alega que a desoneração da folha dos pequenos municípios custa em torno de R$ 4 bilhões. 

Além disso, o Ministério da Fazenda justifica na MP que a renúncia de receitas previdenciárias deve ser a última medida a se lançar mão, sob o risco de se agravar o déficit previdenciário brasileiro. 

Reportagem: Felipe Moura

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Bahia amplia participação no turismo internacional com nova rota direta da Air France, entre Paris e Salvador

A Bahia segue ampliando sua participação no mercado do turismo internacional e acaba de receber mais um…

Eco Bahia Hotel promove São João para hóspedes e convidados

As áreas sociais do Eco Bahia Hotel, incluindo a vista magnífica do mar e da cidade de…

Artesãs de Porto Seguro levam seu talento a festival em Salvador

Entre os dias 17 e 19 de maio, Salvador será sede do Festival Nacional de Artesanato na…

Veracel divulga seu Relatório de Sustentabilidade de 2023

Entre os principais destaques do ano, estão o marco de 20 milhões de toneladas de celulose produzidas,…

Cláudia Oliveira defende estadualização de estrada entre Itabela e Porto Seguro

A deputada Cláudia Oliveira (PSD) defendeu, em indicação encaminhada ao governador Jerônimo Rodrigues e ao secretário de…

Governo mantém reoneração da folha de pagamento dos municípios e alíquota previdenciária voltará a 20% a partir de abril

Por Redação Oxarope
01/03/2024 - 08h39 - Atualizado 4 de março de 2024

Publicado em -

oXarope1010324oxarope2
Parlamentares envolvidos na aprovação do projeto de lei 334/2023, que garantiu a redução do INSS das prefeituras

Gestores públicos temem situação das finanças locais com a medida. No Congresso Nacional, defensores da desoneração criticam decisão do Executivo

Daqui a um mês, municípios com população de até 142.632 habitantes terão suas alíquotas de contribuição previdenciária sobre a folha de salários elevadas de 8% para 20%. O impacto se deve à decisão do governo de manter o trecho de uma medida provisória que reonera os cofres das prefeituras a partir de 1º de abril. 

No fim do ano passado, o Congresso Nacional aprovou uma lei que garantiu a continuidade da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia até o fim de 2027. A norma também diminui de 20% para 8% a alíquota previdenciária a ser desembolsada pelos municípios. Nos últimos dias de dezembro, no entanto, o governo editou uma MP para reonerar o setor produtivo e as prefeituras. 

Diante da repercussão negativa, o governo retirou o trecho que reonerava os 17 setores econômicos, mas manteve a parte que eleva em 12 pontos percentuais o INSS pago pelas cidades. Os gestores públicos estão preocupados com as consequências da medida. 

O prefeito de Boa Esperança (MG), Hideraldo Henrique, diz que o município vinha economizando mais de R$ 200 mil por mês desde a redução da alíquota de contribuição previdenciária, valor que deixará de ser investido em outras áreas. 

“É uma receita que poderia ser usada de maneira especial em obras, educação, saúde”, aponta. “Nós temos vivido um momento muito triste no tratamento que os municípios estão recebendo do governo federal, porque além das perdas de receita que nós já tivemos no último ano, esse benefício que nós tínhamos conseguido no Congresso foi por água abaixo”, lamenta.  

Paulinho Cardoso, prefeito de Taquaral (SP), também se queixa da reoneração. “Incomoda demais. Com a queda de arrecadação e com a carga que a gente está tendo, tem que ser herói para administrar os municípios. O ano inteiro eu teria uma economia de quase um milhão de reais. É muito dinheiro pra Taquaral”, afirma. 

As prefeituras se articulam para reverter o quadro. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) convocou os gestores para uma mobilização na próxima quarta-feira (6), em Brasília. Segundo o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, há apoio à pauta dentro do Congresso Nacional. 

“A maioria dos deputados e senadores já nos ajudaram. Temos que trabalhar junto ao Congresso, que foi nosso aliado nessa questão. O que o Executivo está fazendo é mudar uma decisão do Congresso. Vamos nos mobilizar, ficar firmes nessa posição de manter a nossa conquista. Não aceito essa imposição”, afirmou. 

Apoio

Parlamentares envolvidos na aprovação do projeto de lei 334/2023, que garantiu a redução do INSS das prefeituras, já se posicionaram contra a proposta do Executivo. Relator no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA) apresentou uma emenda à MP para desonerar os municípios novamente. Ele saiu em defesa das cidades. 

“É uma questão de justiça. As prefeituras vivem em estado pré-falimentar e não têm a menor condição de pagar essa alíquota previdenciária tão alta. Tem segmentos da sociedade que têm alíquotas reduzidas. Não sei porque o governo atende a esses segmentos e não atende o segmento das prefeituras que, talvez, seja um dos mais importantes do Brasil, porque é lá onde tudo acontece”, argumentou. 

Já a deputada federal Any Ortiz (Cidadania-RS), relatora do projeto de lei na Câmara, criticou o que seria a mudança de posicionamento do próprio governo quanto ao assunto. “Essa questão das prefeituras foi defendida pelo líder do PT e pelo líder do governo na Câmara. Ambos defenderam que as prefeituras precisavam que o texto fosse aprovado desta forma, porque elas estavam numa situação muito difícil”, alega. 

A reportagem procurou os deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e José Guimarães (PT-CE), então líderes do partido e do governo na Câmara, mas não teve retorno até a publicação do conteúdo. 

O deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) diz que a arrecadação das prefeituras não cresceu acima da inflação no ano passado e que aumentar as alíquotas de contribuição previdenciária piora a situação dos cofres municipais. “Na ponta é onde os gestores precisam fazer o maior trabalho em termos de gestão pública. Os municípios não podem pagar mais custo, pelo contrário, a gente tem que, através de um novo pacto federativo, destinar mais recurso aos municípios”, defendeu. 

Outro lado

Em busca de receitas para cumprir a meta de déficit zero prevista no arcabouço fiscal, o governo alega que a desoneração da folha dos pequenos municípios custa em torno de R$ 4 bilhões. 

Além disso, o Ministério da Fazenda justifica na MP que a renúncia de receitas previdenciárias deve ser a última medida a se lançar mão, sob o risco de se agravar o déficit previdenciário brasileiro. 

Reportagem: Felipe Moura

1

Mais recentes

Bahia amplia participação no turismo internacional com nova rota direta da Air France, entre Paris e Salvador

A Bahia segue ampliando sua participação no mercado do turismo internacional e acaba de receber mais um incremento, que contou com a parceria entre o…

Eco Bahia Hotel promove São João para hóspedes e convidados

As áreas sociais do Eco Bahia Hotel, incluindo a vista magnífica do mar e da cidade de Porto Seguro, já se transformaram para abrigar a…

Artesãs de Porto Seguro levam seu talento a festival em Salvador

Entre os dias 17 e 19 de maio, Salvador será sede do Festival Nacional de Artesanato na Bahia (Fenaba). O evento realizado pelo Artesanato da…

Veracel divulga seu Relatório de Sustentabilidade de 2023

Entre os principais destaques do ano, estão o marco de 20 milhões de toneladas de celulose produzidas, o investimento de R$ 9,7 milhões em programas…

Cláudia Oliveira defende estadualização de estrada entre Itabela e Porto Seguro

A deputada Cláudia Oliveira (PSD) defendeu, em indicação encaminhada ao governador Jerônimo Rodrigues e ao secretário de Infraestrutura, Sérgio Brito, a estadualização da estrada vicinal…

Vigilância Epidemiológica de Eunápolis desenvolve aplicativo para rastreamento da tuberculose

A Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Eunápolis realizou na quarta-feira, 15/05, reunião sobre a detecção de pacientes com tuberculose por meio de um…

Veracel recebe imprensa em Eunápolis para celebrar o Dia da Indústria

A Veracel, empresa do setor de celulose, promoveu um encontro de relacionamento com a imprensa na sua fábrica localizada em Eunápolis, em comemoração ao Dia…

Mais 25 bombeiros baianos viajam para ajudar nos trabalhos de resgate do Rio Grande do Sul

O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMB) enviou, nesta quarta-feira (15), uma nova tropa com 25 bombeiros para ajudar nos resgates das enchentes no…

Governo do Estado disponibiliza novo crédito do Bolsa Presença para famílias dos estudantes beneficiados

As famílias dos estudantes da rede estadual de ensino que estão em condições de vulnerabilidade socioeconômica e são cadastradas no CadÚnico já podem utilizar o…

Veracel abre vaga para Coordenadora ou Coordenador de Recuperação e Utilidades

A Veracel Celulose acaba de abrir uma oportunidade para a vaga de Coordenadora ou Coordenador de Recuperação e Utilidades. As inscrições ficam abertas até o…

Nova ambulância 4×4 é entregue para Caraíva e adjacências

Adquirimos, com recursos próprios, uma nova ambulância 4×4 para servir a Caraíva e toda aquela região. Esta conquista beneficia as Aldeias Barra Velha, Xandó, Boca…

FASB anuncia novo ciclo de investimentos para implantação de corredor ecológico na Hileia Baiana

O FASB anuncia o seu segundo ciclo de investimentos. Oito milhões de euros serão aportados durante três anos para cumprir três grandes metas: a implantação…

Parque Nacional do Alto Cariri Comemora 14 Anos com Pedal até a Cachoeira de São José

Link para inscrição no pedaldocs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeC3TIxPvtyCpoKq7_x6-A0nOVzpCNsk09JCMxBh2epP6o O Parque Nacional do Alto Cariri comemora seus 14 anos de existência com uma programação especial voltada para os amantes…

Terceira parcela dos precatórios do Fundef já está disponível para professores do Estado

O Governo do Estado depositou, nesta terça-feira (14), a terceira parcela dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização…

Porto Seguro está recebendo a Semana Nacional do Registro Civil

A Semana Nacional do Registro Civil, através da campanha Registre-se! está acontecendo em todo o Brasil entre os dias 13 a 17 de maio. Em…

Rolar para cima