Índices de violência caem no Brasil em 2023, mas especialistas avaliam gestão da segurança como negativa

Por Marcelo oXarope
09/01/2024

Publicado em -

oXarope1080124noticiasecomba1-1
Na opinião do cientista político Antônio Flávio Testa, pesquisador da Universidade de Brasília, a segurança pública brasileira está muito mal gerida

Números de homicídio, feminicídio e latrocínio, entre outros crimes, recuaram 4% no ano passado

De acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os principais índices de violência — como homicídio, feminicídio, latrocínio —, recuaram 4% no ano passado, de janeiro a outubro, no Brasil, em comparação com 2022. 

No entanto, regiões como o Norte do país viram um aumento nos números. Foram 8.361 vítimas, o equivalente a 28 por dia, incluindo tentativas de homicídio — um aumento de 5,72%. A Bahia foi o estado com o maior número de homicídio doloso do país: 3.895, cerca de 102 mortes desse tipo a cada dia. 

O professor do Centro de Pesquisas e Pós-graduação sobre as Américas (Ceppac), da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Rocha avalia que quando observamos alguns estados e municípios há uma incidência muito alta de crimes. 

“É algo que a gente não pode olhar de forma macro e esquecer que esses problemas estão cada vez mais regionalizados. E aí, é necessário que tenhamos um sistema de integração para compreender a segurança pública e que novas fronteiras estão sendo apresentadas, por exemplo, na região Norte e Nordeste, em que o crime organizado tem avançado, tem estabelecido disputa por espaço e gerado criminalidade nessas regiões”, diz. 

No Rio de Janeiro foram 6.669 vítimas, uma redução de 5,92%. Já São Paulo teve 6.471 mortes e queda de 23,34%. 

O número de feminicídios caiu 2,44% no país, mas ainda é um dos dados mais preocupantes: foram 1.158 vítimas. O estado de São Paulo é o que mais registrou (181), seguido de Minas Gerais (136) e Rio de Janeiro (85).

De acordo com o professor Rocha, o estado não tem estabelecido medidas efetivas para mitigar esses crimes, já que não existe algo coordenado entre os estados e governo federal. 

Na opinião do cientista político Antônio Flávio Testa, pesquisador da Universidade de Brasília, a segurança pública brasileira está muito mal gerida. 

“O governo federal tem dito que o presidente Lula não quer recriar o Ministério da Segurança Pública, alegando que é ano eleitoral e que a responsabilidade constitucional da segurança pública é dos governadores. Isso só é verdade em parte, porque a maior parte dos recursos vem do governo federal e você poderia aumentar o contingente da força nacional para dar suporte aos estados mais frágeis”, comenta. 

Intervenção policial

Um outro número expressivo é o de morte por intervenção policial. Na Bahia foram 1.410 mortes, um aumento de 7,63%, enquanto no país a taxa caiu 3,64% em relação ao ano anterior. Alexandre Rocha diz que a letalidade policial está diretamente ligada ao discurso do governo. 

“Houve uma dinâmica crescente de mercados ilegais da criminalidade e por outro lado houve uma demanda da população por maiores recursos de atividades de segurança pública e a política adotada foi de repressão. Mais operações, maior conflito entre agentes de estado e aqueles que compõem o circuito da criminalidade, que acabam gerando a possibilidade de confronto”, analisa. 

Em relação ao número de drogas apreendidas no país foram 1.071.132 quilos de maconha (+85%) e 117.831 quilos de cocaína (+36%). Também subiu para 85.388 mil o número de armas de fogo apreendidas — cerca de 281 armas por dia, um aumento de 1,54% em relação a 2022.

Reportagem: Yumi Kuwano

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

PEC que reduz jornada de trabalho para 36 horas semanais avança e levanta debate sobre impactos na economia

A Proposta de Emenda à Constituição que prevê a redução da jornada semanal para 36 horas com…

Regras mais rígidas para motoristas de app avançam e podem mudar segurança no transporte

A Câmara dos Deputados aprovou novas regras que endurecem o cadastro de motoristas de aplicativos como por…

Lançamento do Baralho Lilás amplia busca por foragidos por crimes contra mulheres

Batizado de Baralho Lilás, o Estado lançou, nesta sexta-feira (12), em Salvador, um novo baralho do crime…

CDL Eunápolis convoca lojistas para discutir implantação da Zona Azul no Centro da cidade

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Eunápolis marcou para terça-feira, 16 de dezembro de 2025, às 10h,…

STF confirma perda imediata do mandato de Carla Zambelli e reforça pilares da Constituição

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou por unanimidade a perda imediata do mandato da…

Índices de violência caem no Brasil em 2023, mas especialistas avaliam gestão da segurança como negativa

Por Marcelo oXarope
09/01/2024 - 18h11 - Atualizado 11 de janeiro de 2024

Publicado em -

oXarope1080124noticiasecomba1-1
Na opinião do cientista político Antônio Flávio Testa, pesquisador da Universidade de Brasília, a segurança pública brasileira está muito mal gerida

Números de homicídio, feminicídio e latrocínio, entre outros crimes, recuaram 4% no ano passado

De acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os principais índices de violência — como homicídio, feminicídio, latrocínio —, recuaram 4% no ano passado, de janeiro a outubro, no Brasil, em comparação com 2022. 

No entanto, regiões como o Norte do país viram um aumento nos números. Foram 8.361 vítimas, o equivalente a 28 por dia, incluindo tentativas de homicídio — um aumento de 5,72%. A Bahia foi o estado com o maior número de homicídio doloso do país: 3.895, cerca de 102 mortes desse tipo a cada dia. 

O professor do Centro de Pesquisas e Pós-graduação sobre as Américas (Ceppac), da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Rocha avalia que quando observamos alguns estados e municípios há uma incidência muito alta de crimes. 

“É algo que a gente não pode olhar de forma macro e esquecer que esses problemas estão cada vez mais regionalizados. E aí, é necessário que tenhamos um sistema de integração para compreender a segurança pública e que novas fronteiras estão sendo apresentadas, por exemplo, na região Norte e Nordeste, em que o crime organizado tem avançado, tem estabelecido disputa por espaço e gerado criminalidade nessas regiões”, diz. 

No Rio de Janeiro foram 6.669 vítimas, uma redução de 5,92%. Já São Paulo teve 6.471 mortes e queda de 23,34%. 

O número de feminicídios caiu 2,44% no país, mas ainda é um dos dados mais preocupantes: foram 1.158 vítimas. O estado de São Paulo é o que mais registrou (181), seguido de Minas Gerais (136) e Rio de Janeiro (85).

De acordo com o professor Rocha, o estado não tem estabelecido medidas efetivas para mitigar esses crimes, já que não existe algo coordenado entre os estados e governo federal. 

Na opinião do cientista político Antônio Flávio Testa, pesquisador da Universidade de Brasília, a segurança pública brasileira está muito mal gerida. 

“O governo federal tem dito que o presidente Lula não quer recriar o Ministério da Segurança Pública, alegando que é ano eleitoral e que a responsabilidade constitucional da segurança pública é dos governadores. Isso só é verdade em parte, porque a maior parte dos recursos vem do governo federal e você poderia aumentar o contingente da força nacional para dar suporte aos estados mais frágeis”, comenta. 

Intervenção policial

Um outro número expressivo é o de morte por intervenção policial. Na Bahia foram 1.410 mortes, um aumento de 7,63%, enquanto no país a taxa caiu 3,64% em relação ao ano anterior. Alexandre Rocha diz que a letalidade policial está diretamente ligada ao discurso do governo. 

“Houve uma dinâmica crescente de mercados ilegais da criminalidade e por outro lado houve uma demanda da população por maiores recursos de atividades de segurança pública e a política adotada foi de repressão. Mais operações, maior conflito entre agentes de estado e aqueles que compõem o circuito da criminalidade, que acabam gerando a possibilidade de confronto”, analisa. 

Em relação ao número de drogas apreendidas no país foram 1.071.132 quilos de maconha (+85%) e 117.831 quilos de cocaína (+36%). Também subiu para 85.388 mil o número de armas de fogo apreendidas — cerca de 281 armas por dia, um aumento de 1,54% em relação a 2022.

Reportagem: Yumi Kuwano

1

Mais recentes

PEC que reduz jornada de trabalho para 36 horas semanais avança e levanta debate sobre impactos na economia

A Proposta de Emenda à Constituição que prevê a redução da jornada semanal para 36 horas com dois dias de descanso foi aprovada na CCJ…

Regras mais rígidas para motoristas de app avançam e podem mudar segurança no transporte

A Câmara dos Deputados aprovou novas regras que endurecem o cadastro de motoristas de aplicativos como por exemplo Uber e 99. A proposta, que ainda…

Lançamento do Baralho Lilás amplia busca por foragidos por crimes contra mulheres

Batizado de Baralho Lilás, o Estado lançou, nesta sexta-feira (12), em Salvador, um novo baralho do crime da Segurança Pública da Bahia (SSP), em parceria…

CDL Eunápolis convoca lojistas para discutir implantação da Zona Azul no Centro da cidade

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Eunápolis marcou para terça-feira, 16 de dezembro de 2025, às 10h, uma reunião sobre as mudanças previstas para o…

STF confirma perda imediata do mandato de Carla Zambelli e reforça pilares da Constituição

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou por unanimidade a perda imediata do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL‑SP), referendando a decisão…

Após atuação da OAB-BA, TJBA instala Vara de Família em Eunápolis

A OAB Bahia participou, nesta sexta-feira (12), da cerimônia de instalação da Vara de Família, Órfãos, Sucessões e Interditos da comarca de Eunápolis. O evento,…

Veracel abre o seu primeiro edital com foco em ações de responsabilidade socioambiental 

Veracel Celulose anuncia o lançamento de seu 1º Edital de Responsabilidade Socioambiental, iniciativa inédita voltada ao fomento da literatura infantil em 11 municípios da Costa…

Governo do Estado reforça segurança, infraestrutura e lança Operação Verão no extremo sul da Bahia

Ao longo desta sexta-feira (12), o Governo do Estado realizou uma série de entregas para reforçar as áreas de segurança pública, desenvolvimento agrário e infraestrutura…

Prefeitura de Eunápolis leva prevenção e informação a motoristas e pedestres pelo Dezembro Vermelho

A Prefeitura de Eunápolis realizou, na tarde desta quinta-feira, às 17h, uma blitz educativa na Avenida Porto Seguro como parte das ações do Dezembro Vermelho, campanha…

Serviços na Bahia avançam em outubro e setor de turismo mantém trajetória positiva

Em outubro de 2025, o setor de serviços na Bahia registrou alta de 0,6% em relação a setembro, superando a média nacional e marcando o…

Prefeitura de Porto Seguro realiza reforma completa do deck atrás da Igreja de Arraial d’Ajuda

A Prefeitura de Porto Seguro, por meio da Secretaria do Litoral Sul, iniciou nesta semana a reforma completa do deck localizado atrás da Igreja de…

Porto Seguro avança com Varas Regionais e leva a Justiça mais perto da população

Porto Seguro deu um passo significativo na modernização do Judiciário com a chegada do projeto TJBA Mais Perto. A cerimônia de implantação, realizada na noite…

Audiência Pública faz balanço e traça rumos para a Educação

Secretários, vereadores e educadores, participaram, na manhã de 10/12, no Colégio Municipal de Porto Seguro, da Audiência Pública para apresentação do Relatório Final do Decênio…

Estado lança cinco editais de apoio aos pequenos produtores da Bahia durante Encontro Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar

Cooperativas da agricultura familiar de todo país estiveram, nesta quinta-feira (11), no Encontro Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar, no Costa Azul, em Salvador, para…

MAIS SEGURANÇA | Prefeitura inicia recuperação completa da ladeira de acesso à Caraíva

A Prefeitura de Porto Seguro iniciou, nesta quinta-feira, 11, a recuperação completa da ladeira que dá acesso à Vila de Caraíva, um dos trechos mais…

Rolar para cima