Indicação de Jorge Messias ao STF por Lula enfrenta resistência no Senado. Veja por que a escolha pode aumentar tensões políticas em Brasília.
Com a saída de Luís Roberto Barroso do STF, o presidente Lula estuda indicar Jorge Messias para a vaga. A escolha, no entanto, enfrenta resistência entre senadores e abre nova disputa política em Brasília.
A aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso reacendeu a corrida por uma das cadeiras mais influentes do Judiciário brasileiro.
Luiz Inácio Lula da Silva, no seu terceiro mandato, avalia diferentes nomes em meio a pressões do PT, da base aliada e de setores da sociedade civil.

Entre os favoritos está Jorge Messias, atual advogado-geral da União e figura de confiança do presidente. O nome, porém, não agrada parte do Senado Federal, responsável por aprovar a indicação.
Outra possibilidade considerada por congressistas seria o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, visto como opção mais palatável ao parlamento. Além disso, cresce a demanda por mais representatividade feminina no STF, com apoio público a nomes como o de Daniela Teixeira, ministra do STJ.
A indicação ao STF vai além da escolha de um jurista. Trata-se de um movimento que define o tom político e institucional da Corte para os próximos anos.
Com a possível entrada de Messias, Lula reforçaria sua influência em uma instância que tem papel decisivo em temas sensíveis ao governo. No entanto, essa mesma força política pode ser percebida como interferência por parte da oposição e de setores independentes do Senado.
A pressão para que uma mulher seja escolhida também não pode ser ignorada. A ministra Daniela Teixeira conta com respaldo de organizações feministas e de figuras públicas como a cantora Anitta, que enviou carta ao presidente em defesa da representatividade feminina na mais alta Corte do país.
Nos bastidores do STF, fala-se também sobre uma possível aposentadoria antecipada da ministra Cármen Lúcia. A magistrada, que poderia permanecer no cargo até 2028, estaria avaliando sua saída devido a pressões e ameaças online após votos polêmicos.
Caso a saída de Cármen Lúcia se concretize, Lula teria a oportunidade de nomear mais uma ministra, o que reforçaria ainda mais sua influência no Supremo.
Segundo o cientista político Mano Ferreira, o STF precisa retomar sua imagem de árbitro técnico e imparcial. Já o comentarista Jesualdo lembra que a nomeação política para Cortes Constitucionais é comum em várias democracias e faz parte do sistema de freios e contrapesos entre os Poderes.
A sucessão no STF, neste momento, é sintoma de uma democracia pressionada por polarizações, redes sociais e interesses partidários. Lula tem o direito constitucional de indicar. No entanto, o modo como essa indicação será conduzida precisa respeitar o equilíbrio entre técnica e política.
Para mim, o ponto central não está em quem Lula vai escolher, mas sim na forma como o Senado irá reagir. A Casa Alta tornou-se um campo de disputa mais sensível que o próprio Planalto, e o clima é de desconfiança mútua.
Enquanto isso, o STF segue como um dos protagonistas da política nacional, ainda que o ideal fosse que estivesse mais focado na interpretação da Constituição e menos na tensão dos bastidores. A entrada de um nome ligado diretamente ao presidente, como Jorge Messias, pode agravar essa percepção.
Com a aposentadoria de Barroso e a possibilidade de mais uma vaga no horizonte, Lula tem nas mãos uma chance histórica de moldar o futuro do STF. A escolha por Jorge Messias, porém, não será simples. O caminho passa pelo Senado e pelo teste de como se equilibrar poder e institucionalidade em tempos de desconfiança política.