PEC que criminaliza porte de drogas dará suporte a legisladores infraconstitucionais e juristas

Por Redação Oxarope
14/03/2024

Publicado em

oXarope214mar23_7

Relator na CCJ, o senador Efraim Filho (União-PB) defende que liberação do uso de drogas pode acarretar em problemas de saúde pública, assim como na área da segurança

Na avaliação do especialista em direito e processo penal, Leonardo Pantaleão, o que se pretende com a PEC é deixar claro para legisladores e juristas

Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nessa quarta-feira (13), a PEC 45/2023 visa incluir na Constituição Federal brasileira a criminalização da posse e do porte de drogas, independentemente da quantidade. Agora, a medida será votada em Plenário, o que, até a publicação dessa reportagem, ainda tinha uma data definida. 

Na avaliação do especialista em direito e processo penal, Leonardo Pantaleão, o que se pretende com a PEC é deixar claro para legisladores e juristas, em termos constitucionais, que, independentemente da quantidade de droga que se porta, será considerado crime. 

“Até para que o legislador infraconstitucional não possa colidir com os termos da Constituição, e também que os órgãos do Poder Judiciário tenham que se sucumbir às diretrizes constitucionais. Independentemente da quantidade será considerado crime. Se é um crime de tráfico ou de porte para uso pessoal, será avaliado nas condições específicas do caso em concreto”, explica.

Descriminalização da maconha: “60g extrapola toda e qualquer razoabilidade”, afirma delegado

Uso e porte de drogas em votação do Senado

A proposta, apresentada inicialmente pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teve como relator na CCJ o senador Efraim Filho (União-PB), que defende que a medida só torna explicito o que, para ele, está implícito no texto constitucional. O parlamentar tem defendido que a liberação do uso de drogas pode acarretar em problemas de saúde pública, assim como na área da segurança. 

“É inquestionável que a descriminalização leva à liberação do consumo, mas a droga continua ilícita. Você não vai encontrar ela em mercado, você não vai encontrar ela em farmácia. Só existe o tráfico para poder adquirir. Portanto, descriminalizar é fortalecer o tráfico. O tráfico é quem financia o crime organizado”, pontua.

Durante a votação, apenas quatro parlamentares se manifestaram contra a inclusão da criminalização da posse de drogas ilícitas na Carta Magna. Entre eles, Fabiano Contarato (PT-ES). Segundo o parlamentar, a proposta não pode levar em consideração uma generalização de casos. 

“Todos nós temos parentes que tiveram problemas com dependência química. A pergunta que eu faço é: você quer que essa pessoa que tem problema com dependência química seja tratada como criminosa? Você quer efetivamente isso? Os médicos sabem disso. Problema muito maior no Brasil está no álcool. Problema muito maior são outras substâncias”, afirma. 

Além de Contarato, votaram contra a proposta Jaques Wagner (PT-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Marcelo Castro (MDB-PI). Já os votos favoráveis à PEC somaram um total de 23. 

Impasse entre Congresso Nacional e STF

O debate sobre o tema no Congresso Nacional ocorre ao mesmo tempo em que o Supremo Tribunal Federal tenta decidir sobre a inconstitucionalidade de enquadrar como crime unicamente o porte de maconha para uso pessoal.

O artigo 28 da Lei de Drogas pune quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização”. E é justamente isso que está sendo decidido no STF, com o julgamento do Recurso Extraordinário 635.659.

Especialista em tribunais superiores, o advogado Vitor Covolato esclarece que “se STF entende que artigo 26 da Lei de Drogas é inconstitucional, ou seja, não tem condição de dialogar com a Constituição. Portanto, o Congresso pode fazer qualquer movimento que eles não conseguem criminalizar o porte, pois a criminalização do porte de maconha para consumo próprio viola a Constituição Federal. Então, independentemente do movimento do Congresso, isso não pode ser feito via legislativo”.   

Entre os ministros, a discussão está em torno da quantidade de maconha que determinará se a situação pode ser considerada tráfico de drogas ou de uso pessoal. Por enquanto, os valores propostos giram em torno de 10 e 60 gramas.

“Você não vai diferenciar droga para uso e tráfico pela quantidade. O critério nunca foi quantitativo. Sempre foi qualitativo, a finalidade para qual você transporta aquela droga. Esse é o tratamento que a lei, hoje, dá ao usuário de droga, ao traficante. Você querer quantificar não é uma boa sugestão, não são bons parâmetros legais”, considera Carlos Maggiolo, advogado especialista em direito criminal.

Reportagem: Marquezan Araújo

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Lula defende ação global na COP30 e lança Fundo para conservação das florestas tropicais

Em Belém, presidente Lula cobra ações concretas na COP30 e apresenta avanços do Brasil no clima Durante…

Fundo Florestas Tropicais para Sempre ultrapassa cinco bilhões de dólares no primeiro dia

Lançado por Lula na COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre alcança mais de cinco bilhões de…

Deputada Cláudia Oliveira destina viatura para Eunápolis e reforça compromisso com a segurança pública

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) participou de uma importante agenda promovida pelo Governo da Bahia, voltada…

Jerônimo Rodrigues recebe presidente francês Emmanuel Macron em Salvador, nesta quarta (5)

O governador Jerônimo Rodrigues recepcionou o presidente da França, Emmanuel Macron, que desembarcou no Aeroporto de Salvador…

Deputado Neto Carletto participa do Smart City Expo 2025 em Barcelona e destaca compromisso com o futuro das cidades

Barcelona, Espanha – O deputado federal Neto Carletto (Avante-BA) participa, entre os dias 4 e 6 de…

PEC que criminaliza porte de drogas dará suporte a legisladores infraconstitucionais e juristas

Por Redação Oxarope
14/03/2024 - 06h11 - Atualizado 15 de março de 2024

Publicado em

oXarope214mar23_7

Relator na CCJ, o senador Efraim Filho (União-PB) defende que liberação do uso de drogas pode acarretar em problemas de saúde pública, assim como na área da segurança

Na avaliação do especialista em direito e processo penal, Leonardo Pantaleão, o que se pretende com a PEC é deixar claro para legisladores e juristas

Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nessa quarta-feira (13), a PEC 45/2023 visa incluir na Constituição Federal brasileira a criminalização da posse e do porte de drogas, independentemente da quantidade. Agora, a medida será votada em Plenário, o que, até a publicação dessa reportagem, ainda tinha uma data definida. 

Na avaliação do especialista em direito e processo penal, Leonardo Pantaleão, o que se pretende com a PEC é deixar claro para legisladores e juristas, em termos constitucionais, que, independentemente da quantidade de droga que se porta, será considerado crime. 

“Até para que o legislador infraconstitucional não possa colidir com os termos da Constituição, e também que os órgãos do Poder Judiciário tenham que se sucumbir às diretrizes constitucionais. Independentemente da quantidade será considerado crime. Se é um crime de tráfico ou de porte para uso pessoal, será avaliado nas condições específicas do caso em concreto”, explica.

Descriminalização da maconha: “60g extrapola toda e qualquer razoabilidade”, afirma delegado

Uso e porte de drogas em votação do Senado

A proposta, apresentada inicialmente pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teve como relator na CCJ o senador Efraim Filho (União-PB), que defende que a medida só torna explicito o que, para ele, está implícito no texto constitucional. O parlamentar tem defendido que a liberação do uso de drogas pode acarretar em problemas de saúde pública, assim como na área da segurança. 

“É inquestionável que a descriminalização leva à liberação do consumo, mas a droga continua ilícita. Você não vai encontrar ela em mercado, você não vai encontrar ela em farmácia. Só existe o tráfico para poder adquirir. Portanto, descriminalizar é fortalecer o tráfico. O tráfico é quem financia o crime organizado”, pontua.

Durante a votação, apenas quatro parlamentares se manifestaram contra a inclusão da criminalização da posse de drogas ilícitas na Carta Magna. Entre eles, Fabiano Contarato (PT-ES). Segundo o parlamentar, a proposta não pode levar em consideração uma generalização de casos. 

“Todos nós temos parentes que tiveram problemas com dependência química. A pergunta que eu faço é: você quer que essa pessoa que tem problema com dependência química seja tratada como criminosa? Você quer efetivamente isso? Os médicos sabem disso. Problema muito maior no Brasil está no álcool. Problema muito maior são outras substâncias”, afirma. 

Além de Contarato, votaram contra a proposta Jaques Wagner (PT-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Marcelo Castro (MDB-PI). Já os votos favoráveis à PEC somaram um total de 23. 

Impasse entre Congresso Nacional e STF

O debate sobre o tema no Congresso Nacional ocorre ao mesmo tempo em que o Supremo Tribunal Federal tenta decidir sobre a inconstitucionalidade de enquadrar como crime unicamente o porte de maconha para uso pessoal.

O artigo 28 da Lei de Drogas pune quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização”. E é justamente isso que está sendo decidido no STF, com o julgamento do Recurso Extraordinário 635.659.

Especialista em tribunais superiores, o advogado Vitor Covolato esclarece que “se STF entende que artigo 26 da Lei de Drogas é inconstitucional, ou seja, não tem condição de dialogar com a Constituição. Portanto, o Congresso pode fazer qualquer movimento que eles não conseguem criminalizar o porte, pois a criminalização do porte de maconha para consumo próprio viola a Constituição Federal. Então, independentemente do movimento do Congresso, isso não pode ser feito via legislativo”.   

Entre os ministros, a discussão está em torno da quantidade de maconha que determinará se a situação pode ser considerada tráfico de drogas ou de uso pessoal. Por enquanto, os valores propostos giram em torno de 10 e 60 gramas.

“Você não vai diferenciar droga para uso e tráfico pela quantidade. O critério nunca foi quantitativo. Sempre foi qualitativo, a finalidade para qual você transporta aquela droga. Esse é o tratamento que a lei, hoje, dá ao usuário de droga, ao traficante. Você querer quantificar não é uma boa sugestão, não são bons parâmetros legais”, considera Carlos Maggiolo, advogado especialista em direito criminal.

Reportagem: Marquezan Araújo

1

Mais recentes

Lula defende ação global na COP30 e lança Fundo para conservação das florestas tropicais

Em Belém, presidente Lula cobra ações concretas na COP30 e apresenta avanços do Brasil no clima Durante a abertura da Cúpula de Líderes da COP30,…

Fundo Florestas Tropicais para Sempre ultrapassa cinco bilhões de dólares no primeiro dia

Lançado por Lula na COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre alcança mais de cinco bilhões de dólares em aportes no primeiro dia e une…

Deputada Cláudia Oliveira destina viatura para Eunápolis e reforça compromisso com a segurança pública

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) participou de uma importante agenda promovida pelo Governo da Bahia, voltada ao fortalecimento da segurança pública em todo o…

Jerônimo Rodrigues recebe presidente francês Emmanuel Macron em Salvador, nesta quarta (5)

O governador Jerônimo Rodrigues recepcionou o presidente da França, Emmanuel Macron, que desembarcou no Aeroporto de Salvador na tarde desta quarta-feira (5), para o início…

Deputado Neto Carletto participa do Smart City Expo 2025 em Barcelona e destaca compromisso com o futuro das cidades

Barcelona, Espanha – O deputado federal Neto Carletto (Avante-BA) participa, entre os dias 4 e 6 de novembro de 2025, do Smart City Expo World…

Jerônimo Rodrigues defende união de forças no combate ao crime

O governador Jerônimo Rodrigues concedeu entrevista ao Jornal da Manhã, na TV Bahia, nesta quarta-feira (5), apresentando um panorama de sua gestão e reafirmando o…

Governo da Bahia intensifica investimentos e amplia ações para fortalecer a segurança pública em todo o estado

Com mais de R$ 1 bilhão investidos desde 2023, o Governo da Bahia dá novos passos para consolidar um modelo de segurança pública moderno, eficiente…

Governador anuncia titular da secretaria extraordinária para coordenar implantação da Ponte Salvador-Itaparica

A Bahia terá uma nova estrutura administrativa dedicada exclusivamente à execução das obras da ponte Salvador-Itaparica e de projetos estaduais que integram o sistema viário….

Popularidade de Ricardo Flauzino dispara com 10 meses de gestão em Itabela

Em apenas 10 meses à frente da Prefeitura de Itabela, Ricardo Flauzino tem se destacado por uma gestão firme, acessível e focada em quem mais…

Prefeito do União Brasil anuncia apoio à reeleição de Jerônimo

Mais um prefeito do União Brasil declarou apoio à reeleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT). O anúncio foi feito neste sábado (1), durante a visita…

Lideranças da direita se reúnem em Eunápolis para fortalecer movimento e discutir desafios locais

Na última sexta-feira (31), Eunápolis recebeu uma importante reunião política que reuniu lideranças da direita para discutir os rumos do movimento no município. O encontro,…

Governador apresenta investimentos de R$ 60 milhões em Jandaíra durante reunião com o prefeito

O governador Jerônimo Rodrigues se reuniu nesta sexta-feira (31) com o prefeito de Jandaíra, Gildásio, e sua comitiva, no Centro de Operações e Inteligência (COI),…

Conquistas do povo baiano são celebradas em nova campanha do governo

O governo do estado lançou a nova campanha institucional “Bahia pra frente, do lado da gente”, que tem como objetivo destacar as transformações recentes e…

Governador anuncia melhorias no desvio da ponte sobre o Rio Jequitinhonha e cobra apoio do ministro Renan Filho

O governador Jerônimo Rodrigues anunciou que o desvio utilizado por veículos durante as obras da ponte sobre o Rio Jequitinhonha vai receber melhorias para garantir…

Júlio e Rui articulam com associações para destravar investimentos em saúde e educação

Nos últimos dias, o secretário Especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Júlio Pinheiro, e o ministro da Casa…

Rolar para cima