Renda sobe e desigualdade recua na Bahia em 2024, mas disparidades ainda são marcantes

Salário puxa crescimento da renda baiana, que chega ao maior nível em mais de uma década; mesmo com avanço, estado ainda tem um dos menores rendimentos do país

Por Marcelo oXarope
08/05/2025

Publicado em -

Noticia oXarope 08MAI2501econoimia1

Em 2024, o rendimento médio mensal real de todas as fontes das pessoas com algum tipo de rendimento na Bahia chegou a R$ 2.028, marcando um aumento real de 8,0% frente a 2023. Trata-se do terceiro avanço consecutivo e o mais intenso desde 2017. O dado, divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), reflete um leve respiro na economia baiana, mas também expõe contrastes.

Apesar do crescimento, o estado ainda amarga a terceira menor renda média do país, superando apenas Maranhão (R$ 1.869) e Ceará (R$ 1.927). Em termos comparativos, a média nacional ficou em R$ 3.057.

Salário em alta: motor da recuperação

O principal impulsionador dessa recuperação foi o rendimento do trabalho, que teve aumento real de 11,8%, chegando a R$ 2.165. Isso evidencia a retomada de vagas e um mercado formal mais aquecido. Por outro lado, os rendimentos de programas sociais recuaram 1,8%, sinalizando um possível enfraquecimento das políticas de transferência de renda no estado.

Enquanto o trabalho voltou a ser o principal alicerce da renda, o peso dos auxílios diminuiu. Essa mudança é positiva do ponto de vista produtivo, mas exige cautela: a redução da rede de proteção pode deixar os mais vulneráveis à margem.

Desigualdade em queda, mas disparidades persistem

Com crescimento maior entre os mais pobres, a desigualdade salarial caiu na Bahia em 2024. O Índice de Gini do rendimento do trabalho foi de 0,492, frente a 0,500 em 2023. Contudo, as diferenças entre grupos seguem gritantes.

Os 5% com menores salários viram sua renda crescer 31,3%, enquanto os 1% mais ricos tiveram aumento de 20,3%. Mesmo assim, o topo da pirâmide ainda recebe 30,4 vezes mais do que a base. Em 2012, essa diferença era de 43,5 vezes.

A desigualdade entre raças e gêneros também continua alta. Mulheres ganham 11,4% menos que homens. Trabalhadores pretos recebem 40,2% a menos do que brancos. E a distância cresceu em 2024.

Renda domiciliar per capita atinge maior nível em 13 anos

A soma de todos os rendimentos dividida pelo número de moradores dos lares baianos – a chamada renda domiciliar per capita – teve um crescimento recorde de 14,4% em 2024, atingindo R$ 1.342. O maior valor desde o início da série histórica, em 2012.

A melhora também atingiu os domicílios mais pobres: os 5% com menor renda domiciliar per capita tiveram alta de 34,5%. Essa distribuição mais justa ajudou a reduzir, novamente, o Índice de Gini desse indicador, que caiu para 0,481, o menor da série.

Um avanço que exige vigilância

É inegável que a Bahia viveu um ciclo positivo em termos de renda em 2024. Mas também é fato que o estado continua na parte de baixo do ranking nacional. O desafio agora é consolidar esse crescimento com mais equidade, inclusão de grupos marginalizados e valorização real do trabalho.

Como jornalista e cidadão, vejo esse momento como uma encruzilhada: podemos escolher repetir os ciclos de concentração de renda ou avançar para uma economia que distribua melhor seus frutos.

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Por Marcelo oXarope
08/05/2025 - 18h57 - Atualizado 8 de maio de 2025

Publicado em -

Noticia oXarope 08MAI2501econoimia1

Em 2024, o rendimento médio mensal real de todas as fontes das pessoas com algum tipo de rendimento na Bahia chegou a R$ 2.028, marcando um aumento real de 8,0% frente a 2023. Trata-se do terceiro avanço consecutivo e o mais intenso desde 2017. O dado, divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), reflete um leve respiro na economia baiana, mas também expõe contrastes.

Apesar do crescimento, o estado ainda amarga a terceira menor renda média do país, superando apenas Maranhão (R$ 1.869) e Ceará (R$ 1.927). Em termos comparativos, a média nacional ficou em R$ 3.057.

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Enquanto o trabalho voltou a ser o principal alicerce da renda, o peso dos auxílios diminuiu. Essa mudança é positiva do ponto de vista produtivo, mas exige cautela: a redução da rede de proteção pode deixar os mais vulneráveis à margem.

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Com crescimento maior entre os mais pobres, a desigualdade salarial caiu na Bahia em 2024. O Índice de Gini do rendimento do trabalho foi de 0,492, frente a 0,500 em 2023. Contudo, as diferenças entre grupos seguem gritantes.

Os 5% com menores salários viram sua renda crescer 31,3%, enquanto os 1% mais ricos tiveram aumento de 20,3%. Mesmo assim, o topo da pirâmide ainda recebe 30,4 vezes mais do que a base. Em 2012, essa diferença era de 43,5 vezes.

A desigualdade entre raças e gêneros também continua alta. Mulheres ganham 11,4% menos que homens. Trabalhadores pretos recebem 40,2% a menos do que brancos. E a distância cresceu em 2024.

Renda domiciliar per capita atinge maior nível em 13 anos

A soma de todos os rendimentos dividida pelo número de moradores dos lares baianos – a chamada renda domiciliar per capita – teve um crescimento recorde de 14,4% em 2024, atingindo R$ 1.342. O maior valor desde o início da série histórica, em 2012.

A melhora também atingiu os domicílios mais pobres: os 5% com menor renda domiciliar per capita tiveram alta de 34,5%. Essa distribuição mais justa ajudou a reduzir, novamente, o Índice de Gini desse indicador, que caiu para 0,481, o menor da série.

Um avanço que exige vigilância

É inegável que a Bahia viveu um ciclo positivo em termos de renda em 2024. Mas também é fato que o estado continua na parte de baixo do ranking nacional. O desafio agora é consolidar esse crescimento com mais equidade, inclusão de grupos marginalizados e valorização real do trabalho.

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