
Os Estados Unidos fecharam o primeiro semestre de 2025 com um superávit comercial de US$ 1,7 bilhão em relação ao Brasil, marcando um crescimento de quase 500% em comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento, impulsionado por um ritmo acelerado nas exportações americanas e tarifas impostas a produtos brasileiros, levanta um sinal de alerta sobre o futuro das relações comerciais entre os dois países.
Comércio em expansão, mas com desequilíbrio crescente
O comércio bilateral atingiu US$ 41,7 bilhões entre janeiro e junho deste ano, o segundo maior valor da série histórica. Enquanto as exportações brasileiras subiram 4,4% — com destaque para carne bovina (+142%), sucos de frutas (+74%) e café não torrado (+39%) — as importações de produtos norte-americanos cresceram 11,5%, somando US$ 21,7 bilhões.
Esse desequilíbrio gerou um superávit inédito para os EUA, evidenciando a crescente desvantagem brasileira nas trocas comerciais, especialmente em um cenário marcado por tarifas punitivas.
Tarifas já afetam setores estratégicos brasileiros
Embora os dados agregados mostrem crescimento, diversos segmentos estratégicos da indústria brasileira apresentam retração nas vendas para os Estados Unidos. Entre os produtos mais afetados pelas tarifas já em vigor estão:
- Celulose (-14,9%)
- Máquinas e equipamentos (-23,6%)
- Autopeças (-5,6%)
- Manufaturas de madeira (-14,0%)
Esses setores compõem uma base importante da indústria nacional, e a tendência é de agravamento com a previsão de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto.
Um acordo bilateral é necessário e urgente
O cenário atual impõe a necessidade de uma resposta diplomática eficaz e coordenada entre os dois países. Um acordo comercial que priorize previsibilidade, estabilidade tarifária e proteção a setores estratégicos é não apenas viável, mas essencial.
Esse entendimento pode incluir cláusulas de revisão periódica, facilitação de investimentos, acesso mútuo a mercados sensíveis e mecanismos de solução de controvérsias — como forma de restaurar a confiança e evitar o colapso de cadeias produtivas integradas.
A balança comercial pendendo para os EUA, a retração em setores industriais brasileiros e o risco iminente de tarifas mais pesadas criam um cenário crítico que exige ação imediata. Sem um entendimento bilateral pragmático, o Brasil poderá enfrentar perdas de competitividade, empregos e investimentos.
Neste momento, mais do que discursos, o que o país precisa é de ação diplomática estratégica e firmeza institucional para defender seus interesses no comércio internacional.