O Censo Demográfico 2022 trouxe novos e reveladores dados sobre a população indígena na Bahia, destacando mudanças expressivas no perfil dessa população e os desafios que ela enfrenta, especialmente no contexto urbano. Confira os principais destaques:
Urbanização Crescente: De 6 em Cada 10 para 8 em Cada 10 Indígenas Urbanos
A Bahia apresentou um aumento significativo na urbanização da população indígena. Em 2010, 63,3% dos indígenas viviam em áreas urbanas; em 2022, esse índice subiu para 78,5% (180.035 pessoas). Esse crescimento coloca o estado na 6ª posição nacional em urbanização indígena, muito acima da média brasileira, que foi de 54,0%.
Esse aumento também reflete mudanças na taxa de crescimento. Enquanto a população indígena urbana quase quintuplicou (crescimento de 373,1%), a população rural pouco mais que dobrou (124,0%).
Realidades Contrapostas: Urbanos Mais Envelhecidos; Rurais Mais Jovens e Masculinos
A população indígena urbana da Bahia se destaca por ser mais feminina e envelhecida. Em 2022, havia apenas 84,4 homens indígenas para cada 100 mulheres urbanas, enquanto no contexto rural essa razão era inversa: 108,4 homens para cada 100 mulheres.
O índice de envelhecimento confirma essa disparidade. Entre indígenas urbanos, havia 107,8 idosos para cada 100 crianças e adolescentes, enquanto no meio rural o índice era de apenas 65,2.
Educação: Analfabetismo Ainda é um Desafio
Apesar dos avanços, as taxas de analfabetismo ainda são altas entre os indígenas na Bahia:
- Urbanos: 13,6% dos indígenas não sabiam ler nem escrever em 2022, índice superior à média urbana geral do estado (9,0%).
- Rurais: 25,7% dos indígenas eram analfabetos, valor próximo ao da população rural geral (24,5%).

Precariedade no Saneamento Básico
Os dados do Censo mostram que 94,3% dos indígenas em áreas rurais da Bahia viviam em condições precárias de saneamento básico – sem acesso adequado ao abastecimento de água, esgotamento sanitário ou coleta de lixo.
No contexto urbano, 30,5% dos indígenas enfrentaram os mesmos problemas, proporção maior que a média urbana geral do estado (26,4%).
Estrutura Familiar: Diferenças Marcantes Entre Urbano e Rural
Nos domicílios urbanos indígenas, a predominância era de arranjos sem parceiros ou filhos, enquanto no meio rural, casais com filhos de ambos formavam a maioria.
- Urbano: 33,6% dos lares indígenas tinham arranjos familiares “não tradicionais”.
- Rural: 32,1% dos lares abrigavam casais com filhos próprios.
Localidades Indígenas: Uma Realidade Espalhada
Apesar de ter a 2ª maior população indígena do Brasil (229.443 pessoas), a Bahia ocupa apenas a 9ª posição em número de localidades indígenas (202). Essas localidades estão equipadas em 40 dos 417 municípios baianos, com destaque para Ilhéus (32), Porto Seguro (26) e Prado (17).
Curiosamente, apenas 31,2% das localidades indígenas da Bahia estão em Terras Indígenas delimitadas, uma proporção bem inferior à média nacional de 71,5%.
Os números do Censo 2022 revelam a complexidade das transformações sociais, culturais e econômicas vividas pela população indígena baiana. Embora a urbanização apresente oportunidades, ela também traz desafios, como o acesso a serviços básicos e a preservação da identidade cultural. É um alerta para políticas públicas mais inclusivas e direcionadas. Informações Seção de Disseminação de Informações.
Para explorar mais detalhes, acesse os resultados completos no site do IBGE .