Varejo tem carga tributária de 109,9% contra 20% de concorrentes internacionais, aponta IDV

Por Marcelo oXarope
06/10/2023

Publicado em - -

oxarope1noticia-20

Representantes do comércio e da indústria nacional participaram de encontro na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (5), e criticaram o que chamam de “concorrência desleal” com plataformas estrangeiras

O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, disse nesta quinta-feira (5) que as empresas do setor estão submetidas a uma carga tributária média de 109,9%. Segundo ele, a concorrência é desleal com o varejo internacional que, pelas regras atuais, paga 20% de imposto real nas encomendas de até 50 dólares. 

“Na média, as empresas brasileiras, do início do seu ciclo de produção até o produto chegar ao consumidor, estão submetidas a 109,9% de carga tributária. Se tivermos, como estamos hoje, com apenas 17% de ICMS, efetivamente na hora que olhamos a composição do preço, significa 20%. Isso é muito desigual. Nós não queremos nenhum benefício. Queremos isonomia, queremos equidade concorrencial”, afirmou Gonçalves. 

Ele e outros representantes do varejo e da indústria nacional participaram de sessão na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados para debater a tributação do comércio eletrônico internacional. 

Os participantes foram unânimes em apontar que a isenção do imposto de importação de 60% para compras de até 50 dólares — concedida pelo governo federal por meio do Programa Remessa Conforme — está causando efeitos negativos na indústria e no varejo nacionais. 

Gerente de Comércio Exterior e Assuntos Regulatórios da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Patrícia Pedrosa afirmou que as importações brasileiras de vestuário cresceram mais de 30% este ano, o que tem impactado o desempenho do segmento interno. 

“Ninguém é contra importação, mas o importante é que isso aconteça num ambiente de competição justa, mas a gente identifica que a concorrência desequilibrada do ponto de vista tributário já tem impactado o setor de varejo. Esse ano a produção de vestuário caiu 9%, já foram perdidos mais de 4 mil postos de trabalho formais e o varejo de vestuário teve queda de 7,5%”, detalhou. 

Pedrosa ressalta que o Programa Remessa Conforme acerta ao conferir maior controle à Receita Federal sobre as mercadorias que entram no país — e ao tratar com maior rapidez os produtos das varejistas internacionais que estão cadastradas junto ao governo. No entanto, ela avalia que a isenção do imposto de importação para compras de até 50 dólares gera distorções de competição com o mercado nacional. 

“Os varejistas e indústrias instalados no país, sejam de qualquer porte, recolhem seus devidos tributos. A gente entende que é fundamental que o combate ao comércio ilícito no meio digital e o fim do tratamento tributário discriminatório criado por essa portaria [Remessa Conforme] sejam endereçados, porque eles são fundamentais para a gente conseguir dar continuidade à contribuição do setor produtivo para a geração de empregos e renda para o Brasil.”

Durante o encontro, os participantes destacaram que o crescimento das importações via comércio eletrônico sem o reequilíbrio da carga tributária trará impactos sobre o emprego gerado no país. Suély Mühl, assessora jurídica da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), estima que, com as regras atuais, até 30 mil dos 297 mil postos de trabalho gerados pelo segmento podem ser fechados em um ano. 

“No último ano, as plataformas de e-commerce faturaram cerca de R$ 1,8 bilhão com a venda de calçados no Brasil. Agora, com a portaria, a gente tem todo um aumento desse faturamento dos marketplaces — e isso compromete mais de 30 mil postos de trabalho no setor calçadista. Isso é algo muito preocupante”, alertou. De acordo com Abicalçados, a carga tributária efetiva que recai sobre o segmento é de 92%.  

Projetos em discussão

O deputado Zé Neto (PT-BA) foi o autor do requerimento que convocou a audiência pública na Câmara. O parlamentar defendeu regras para garantir uma concorrência equilibrada. “Essa situação do e-commerce como está acaba o emprego, acaba a sacoleira, acaba a indústria, acaba o varejo; é um absurdo. Ninguém é contra o e-commerce, somos totalmente a favor, mas com regras e com garantia de competitividade.”

Na Câmara dos Deputados tramitam alguns projetos de lei que tentam resolver o problema. Entre eles o PL 1623/2023, de autoria do deputado federal Julio Lopes (PP-RJ). A proposta quer acabar com a isenção do imposto de importação para compras internacionais de até 50 dólares. 

Reportagem: Felipe moura

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Agricultura familiar: Projeto Maravilha 2, um case de sucesso

“A gente vai plantando e colhendo, porque é daqui que a gente tira o nosso sustento e…

Bahia: transição energética, sustentabilidade e inclusão

O retorno do Presidente Lula trouxe ao Brasil novos ares políticos, novas possibilidades de desenvolvimento econômico e…

Eunápolis: Vereador Jorge Maécio cobra resposta da prefeitura sobre distribuição de canabidiol

O vereador Jorge Maécio (Avante) segue esperando por uma resposta da prefeitura de Eunápolis a respeito da…

Bahia tem menor taxa de analfabetismo do Nordeste. Redução entre 2010 e 2022 foi de quase 18%

O número de pessoas não alfabetizadas na Bahia teve uma redução de quase 18%, entre 2010 e…

Bahia amplia participação no turismo internacional com nova rota direta da Air France, entre Paris e Salvador

A Bahia segue ampliando sua participação no mercado do turismo internacional e acaba de receber mais um…

Varejo tem carga tributária de 109,9% contra 20% de concorrentes internacionais, aponta IDV

Por Marcelo oXarope
06/10/2023 - 13h28 - Atualizado 6 de outubro de 2023

Publicado em - -

oxarope1noticia-20

Representantes do comércio e da indústria nacional participaram de encontro na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (5), e criticaram o que chamam de “concorrência desleal” com plataformas estrangeiras

O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, disse nesta quinta-feira (5) que as empresas do setor estão submetidas a uma carga tributária média de 109,9%. Segundo ele, a concorrência é desleal com o varejo internacional que, pelas regras atuais, paga 20% de imposto real nas encomendas de até 50 dólares. 

“Na média, as empresas brasileiras, do início do seu ciclo de produção até o produto chegar ao consumidor, estão submetidas a 109,9% de carga tributária. Se tivermos, como estamos hoje, com apenas 17% de ICMS, efetivamente na hora que olhamos a composição do preço, significa 20%. Isso é muito desigual. Nós não queremos nenhum benefício. Queremos isonomia, queremos equidade concorrencial”, afirmou Gonçalves. 

Ele e outros representantes do varejo e da indústria nacional participaram de sessão na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados para debater a tributação do comércio eletrônico internacional. 

Os participantes foram unânimes em apontar que a isenção do imposto de importação de 60% para compras de até 50 dólares — concedida pelo governo federal por meio do Programa Remessa Conforme — está causando efeitos negativos na indústria e no varejo nacionais. 

Gerente de Comércio Exterior e Assuntos Regulatórios da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Patrícia Pedrosa afirmou que as importações brasileiras de vestuário cresceram mais de 30% este ano, o que tem impactado o desempenho do segmento interno. 

“Ninguém é contra importação, mas o importante é que isso aconteça num ambiente de competição justa, mas a gente identifica que a concorrência desequilibrada do ponto de vista tributário já tem impactado o setor de varejo. Esse ano a produção de vestuário caiu 9%, já foram perdidos mais de 4 mil postos de trabalho formais e o varejo de vestuário teve queda de 7,5%”, detalhou. 

Pedrosa ressalta que o Programa Remessa Conforme acerta ao conferir maior controle à Receita Federal sobre as mercadorias que entram no país — e ao tratar com maior rapidez os produtos das varejistas internacionais que estão cadastradas junto ao governo. No entanto, ela avalia que a isenção do imposto de importação para compras de até 50 dólares gera distorções de competição com o mercado nacional. 

“Os varejistas e indústrias instalados no país, sejam de qualquer porte, recolhem seus devidos tributos. A gente entende que é fundamental que o combate ao comércio ilícito no meio digital e o fim do tratamento tributário discriminatório criado por essa portaria [Remessa Conforme] sejam endereçados, porque eles são fundamentais para a gente conseguir dar continuidade à contribuição do setor produtivo para a geração de empregos e renda para o Brasil.”

Durante o encontro, os participantes destacaram que o crescimento das importações via comércio eletrônico sem o reequilíbrio da carga tributária trará impactos sobre o emprego gerado no país. Suély Mühl, assessora jurídica da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), estima que, com as regras atuais, até 30 mil dos 297 mil postos de trabalho gerados pelo segmento podem ser fechados em um ano. 

“No último ano, as plataformas de e-commerce faturaram cerca de R$ 1,8 bilhão com a venda de calçados no Brasil. Agora, com a portaria, a gente tem todo um aumento desse faturamento dos marketplaces — e isso compromete mais de 30 mil postos de trabalho no setor calçadista. Isso é algo muito preocupante”, alertou. De acordo com Abicalçados, a carga tributária efetiva que recai sobre o segmento é de 92%.  

Projetos em discussão

O deputado Zé Neto (PT-BA) foi o autor do requerimento que convocou a audiência pública na Câmara. O parlamentar defendeu regras para garantir uma concorrência equilibrada. “Essa situação do e-commerce como está acaba o emprego, acaba a sacoleira, acaba a indústria, acaba o varejo; é um absurdo. Ninguém é contra o e-commerce, somos totalmente a favor, mas com regras e com garantia de competitividade.”

Na Câmara dos Deputados tramitam alguns projetos de lei que tentam resolver o problema. Entre eles o PL 1623/2023, de autoria do deputado federal Julio Lopes (PP-RJ). A proposta quer acabar com a isenção do imposto de importação para compras internacionais de até 50 dólares. 

Reportagem: Felipe moura

1

Mais recentes

Agricultura familiar: Projeto Maravilha 2, um case de sucesso

“A gente vai plantando e colhendo, porque é daqui que a gente tira o nosso sustento e o daqueles que nos ajudam no trabalho do…

Bahia: transição energética, sustentabilidade e inclusão

O retorno do Presidente Lula trouxe ao Brasil novos ares políticos, novas possibilidades de desenvolvimento econômico e redução das desigualdades sociais. E isto ocorre em…

Eunápolis: Vereador Jorge Maécio cobra resposta da prefeitura sobre distribuição de canabidiol

O vereador Jorge Maécio (Avante) segue esperando por uma resposta da prefeitura de Eunápolis a respeito da distribuição de remédios à base de CBD (canabidiol),…

Bahia tem menor taxa de analfabetismo do Nordeste. Redução entre 2010 e 2022 foi de quase 18%

O número de pessoas não alfabetizadas na Bahia teve uma redução de quase 18%, entre 2010 e 2022, segundo os dados do censo 2022 do…

Bahia amplia participação no turismo internacional com nova rota direta da Air France, entre Paris e Salvador

A Bahia segue ampliando sua participação no mercado do turismo internacional e acaba de receber mais um incremento, que contou com a parceria entre o…

Eco Bahia Hotel promove São João para hóspedes e convidados

As áreas sociais do Eco Bahia Hotel, incluindo a vista magnífica do mar e da cidade de Porto Seguro, já se transformaram para abrigar a…

Artesãs de Porto Seguro levam seu talento a festival em Salvador

Entre os dias 17 e 19 de maio, Salvador será sede do Festival Nacional de Artesanato na Bahia (Fenaba). O evento realizado pelo Artesanato da…

Diante de empresários alemães, Jerônimo defende parceria sustentável entre Nordeste e Europa: “olhamos para o presente e para o futuro”

Dezenas de empresários, representantes de organizações governamentais e investidores europeus se reuniram nesta quinta-feira (16), em Berlim, na Alemanha, para serem apresentados às oportunidades de…

Veracel divulga seu Relatório de Sustentabilidade de 2023

Entre os principais destaques do ano, estão o marco de 20 milhões de toneladas de celulose produzidas, o investimento de R$ 9,7 milhões em programas…

Cláudia Oliveira defende estadualização de estrada entre Itabela e Porto Seguro

A deputada Cláudia Oliveira (PSD) defendeu, em indicação encaminhada ao governador Jerônimo Rodrigues e ao secretário de Infraestrutura, Sérgio Brito, a estadualização da estrada vicinal…

Vigilância Epidemiológica de Eunápolis desenvolve aplicativo para rastreamento da tuberculose

A Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Eunápolis realizou na quarta-feira, 15/05, reunião sobre a detecção de pacientes com tuberculose por meio de um…

Lula anuncia nesta quarta (15) novas medidas para ajudar a população e a reconstrução do RS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna ao Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (15/5). Depois de reunião ministerial na segunda-feira, ele teve nesta…

Veracel recebe imprensa em Eunápolis para celebrar o Dia da Indústria

A Veracel, empresa do setor de celulose, promoveu um encontro de relacionamento com a imprensa na sua fábrica localizada em Eunápolis, em comemoração ao Dia…

Na sede da União Europeia, governadores do Nordeste estreitam relações para atrair investimentos e iniciativas de transição energética

Um dos pontos centrais de tomadas de decisão do bloco de países, a sede da União Europeia (UE), em Bruxelas, na Bélgica, recebeu, nesta quarta-feira…

Mais 25 bombeiros baianos viajam para ajudar nos trabalhos de resgate do Rio Grande do Sul

O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMB) enviou, nesta quarta-feira (15), uma nova tropa com 25 bombeiros para ajudar nos resgates das enchentes no…

Rolar para cima