Varejo baiano cresce acima da média nacional em agosto, mas avanço ainda é concentrado. Veja o que dizem os dados do IBGE.
Nos últimos dois meses, o comércio varejista da Bahia vem mostrando fôlego. Em agosto, as vendas cresceram 0,8% frente a julho e 0,9% em relação ao mesmo mês de 2024. O desempenho superou a média nacional, mas o cenário ainda revela desigualdades importantes entre os setores.
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira, 15 de outubro, pelo IBGE, mostrou que o varejo baiano registrou seu segundo crescimento mensal consecutivo. O aumento de 0,8% nas vendas em agosto coloca a Bahia acima da média nacional, que foi de 0,2%. Na comparação com agosto de 2024, a alta foi de 0,9%, frente aos 0,4% do Brasil.
No acumulado de janeiro a agosto de 2025, a Bahia soma crescimento de 0,9% nas vendas, enquanto o país registra 1,6%. Já no recorte dos últimos 12 meses, o estado marca 2,4%, levemente acima da média brasileira, que é de 2,2%.
Mesmo com os números positivos, o crescimento do varejo baiano é sustentado por apenas três dos oito segmentos pesquisados. O maior impulso veio da venda de artigos farmacêuticos, que subiu 11,4%. Foi o melhor resultado para um mês de agosto desde 2018 e a terceira alta seguida no setor.
A segunda maior influência positiva foi do segmento de informática e comunicação, com aumento de 18,8%. Esse foi o melhor desempenho para um mês de agosto em 13 anos. Apesar desses destaques, os avanços estão muito concentrados.
Do lado oposto, setores populares tiveram quedas relevantes. As vendas de roupas recuaram 5,2%, o terceiro mês seguido de retração. Supermercados caíram 1,6% após quatro meses de alta. E o segmento de livros e papelaria sofreu um tombo de 15,8%, completando dois anos e meio de queda contínua.
De acordo com o IBGE, o desempenho da Bahia foi superior ao nacional em agosto, mas o estado ficou apenas em 14º lugar entre as 16 unidades da Federação que registraram alta na comparação anual.
Mariana Viveiros, da Superintendência Estadual do IBGE, avalia que a recuperação é tímida e concentrada. “É um crescimento que não atinge todos os setores, o que mostra uma recuperação ainda frágil”, aponta.
No varejo ampliado, que inclui veículos, material de construção e atacado de alimentos, a Bahia teve alta de 1,0% em relação a julho. Porém, na comparação com agosto de 2024, houve queda de 1,4%. O acumulado do ano está em -2,1%, enquanto o índice nacional está em -0,4%.
O que mais chama atenção é como a recuperação do comércio acontece de forma desigual. A farmácia vende mais. Os eletrônicos disparam. Mas o arroz, o feijão e a roupa do dia a dia pesam mais no bolso. Isso revela que o consumo básico ainda enfrenta obstáculos.
Na prática, o crescimento pontual não reflete uma melhora generalizada. O consumidor médio está cauteloso, o crédito continua caro e o desemprego ainda ronda. O comércio avança, mas com um pé no freio.
A Bahia apresenta sinais de retomada no varejo. O desempenho positivo em agosto supera a média nacional, mas ainda está distante de um cenário sólido. A recuperação existe, mas segue frágil, concentrada e desigual.