Como evitar o superendividamento? Especialista dá dicas para não ficar no vermelho

Advogado Jefferson Luiz Maleski diz que Lei do Superendividamento (14.871/21) trouxe regras e normas para a concessão de crédito e mais proteção aos idosos

Por Redação Oxarope
21/05/2024

Publicado em

oXarope1210524noticiia1

Prestes a completar 3 anos em julho, a Lei do Superendividamento (14.871, de 2021) trouxe regras e normas na concessão de crédito para o consumidor e evitar que os brasileiros fiquem no vermelho. Entretanto, pouco há para comemorar. A pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que 77,8% das famílias possuíam dívidas em 2023. A taxa é 0,1% abaixo do percentual registrado no ano anterior.

O advogado Jefferson Luiz Maleski, da Celso Cândido de Souza Advogados, defende a lei e diz que ela conceituou o superendividamento. “A lei alterou o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto da Pessoa Idosa. Ela deu um conceito do que é superendividamento e o que é mínimo existencial. O texto também alterou as regras de oferta de crédito, cobrança de crédito e renegociação de dívidas de crédito”, explica citando as mudanças.

Jefferson explica, de forma geral, que a nova legislação garante ao consumidor a possibilidade de renegociar as dívidas e não comprometer todo seus ganhos. Porém, não são todos os tipos de dívidas que são contempladas na lei. “As dívidas que podem entrar na renegociação do superendividamento são as dívidas de relação de consumo, como compras parceladas, compras a prazo, empréstimos, fatura de cartão de crédito, financiamentos, entre outros. Mas a lei também fala daquilo que não pode ser renegociado: dívidas contraídas de má fé por meio de fraude, dívidas de bens e serviços de luxo de alto valor, empréstimos com garantia de bens e móveis, financiamento de móveis, crédito rural, entre outros”.

Vulneráveis

O caso do idoso morto que foi levado a um banco para pegar empréstimo pela sobrinha causou comoção em todo o Brasil e chama a atenção para casos de fraudes contra essa faixa etária. Apesar de ser proibido fazer publicidade para idosos por várias leis, inclusive a Lei 14.871/21, muitas financeiras ainda descumprem regras para emprestar dinheiro com altos juros. Para o advogado, é necessário ficar atento para não cair numa ‘bola de neve’. 

“Os idosos e até os analfabetos acabam sendo bastante lesados e caindo em questões de superendividamento. A pessoa pode ter uma limitação de entender o que ela está fazendo, só pensa no dinheiro que está pegando, não pensa em quanto tempo vai pagar. E alguns acabam sendo pressionados por parentes. No fim, o idoso acaba colocando grande parte da sua renda em dívidas e essas dívidas acabam virando uma bola de neve e a pessoa não consegue mais pagar”.

Maleski chama a atenção para o contrato na hora de buscar crédito financeiro. “Algumas informações precisam ficar claras na oferta do crédito, como a taxa de juros e os encargos cobrados, o total de prestação e o prazo de validade que vai ter esse crédito. Também é necessário contar com o direito à liquidação antecipada e não onerosa do débito”.

Como usar a lei a seu favor

O advogado explica que há duas formas de fazer a renegociação da dívida e sair do superendividamento. A primeira por meio extrajudicial, que pode ser solicitada através dos órgãos de proteção ao consumidor, como o Procon, a Defensoria Pública, ou mesmo um advogado de confiança. “Essas entidades vão atuar com intermediários, vão chamar os credores para fazer uma audiência e, juntos, elaborarem o plano de pagamento”.

A outra forma é acionar a Justiça e fazer a negociação com um juiz. Jefferson explica que o magistrado vai marcar uma audiência de conciliação para as partes chegarem a um consenso. “Caso não haja, o próprio juiz pode elaborar um plano de pagamento.”

Para buscar qualquer direito, é necessário ter a assistência de um advogado especialista, que tem conhecimento da legislação e sabe como proceder. “Pegar um empréstimo de R$15 mil, por exemplo, significa que ela vai ter que pagar talvez o dobro desse valor, um valor muito caro. A pessoa precisa fazer os cálculos corretos antes de assinar qualquer contrato. É interessante ela consultar um advogado especialista, que vai analisar tudo isso. Caso ela já tenha feito um empréstimo e queira verificar a possibilidade de renegociar, é necessário procurar um advogado. É ele que vai fazer o levantamento de todas as dívidas que a pessoa tem, verificar se elas estão extrapolando o mínimo existencial que aquela pessoa precisa para sobreviver e encaixar todas essas dívidas dentro do percentual aceito pela justiça. Esse mínimo existencial tem que ser garantido”, disse.

Por:Helder Barbosa

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Voz por traz do hit viral “Rapariga Eu Sou”, cantora Cris Lima resgata clássicos da banda Cheiro de Forró em novo audiovisual

Voz por traz do hit viral “Rapariga Eu Sou”, que conquistou já famosos como Pabllo Vittar, o…

Gui de Paula brilha ao lado de artistas na gravação do álbum “Forró & Muito Mais”, no palco do Eco Bahia Hotel

Uma noite de muita emoção e alegria, público vibrante e participação especial de vários artistas marcou o…

Fotos de fachadas de Anna Mariani serão expostas pela primeira vez na Bahia

A Bahia recebe, pela primeira vez, uma exposição dedicada à fotógrafa Anna Mariani — e o local…

Projeto Mural 2025 anuncia homenagem ao artista plástico Juarez Paraíso

O Projeto Mural (Movimento Urbano de Arte Livre) se prepara para a próxima etapa, que promete movimentar…

Festival de Curitiba 2025 reúne mais de 200 mil pessoas e fortalece a cultura como direito de todos

Durante duas semanas, Curitiba se transformou no centro das atenções da cena cultural brasileira. A 33ª edição…

Como evitar o superendividamento? Especialista dá dicas para não ficar no vermelho

Advogado Jefferson Luiz Maleski diz que Lei do Superendividamento (14.871/21) trouxe regras e normas para a concessão de crédito e mais proteção aos idosos

Por Redação Oxarope
21/05/2024 - 14h29 - Atualizado 21 de maio de 2024

Publicado em

oXarope1210524noticiia1

Prestes a completar 3 anos em julho, a Lei do Superendividamento (14.871, de 2021) trouxe regras e normas na concessão de crédito para o consumidor e evitar que os brasileiros fiquem no vermelho. Entretanto, pouco há para comemorar. A pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que 77,8% das famílias possuíam dívidas em 2023. A taxa é 0,1% abaixo do percentual registrado no ano anterior.

O advogado Jefferson Luiz Maleski, da Celso Cândido de Souza Advogados, defende a lei e diz que ela conceituou o superendividamento. “A lei alterou o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto da Pessoa Idosa. Ela deu um conceito do que é superendividamento e o que é mínimo existencial. O texto também alterou as regras de oferta de crédito, cobrança de crédito e renegociação de dívidas de crédito”, explica citando as mudanças.

Jefferson explica, de forma geral, que a nova legislação garante ao consumidor a possibilidade de renegociar as dívidas e não comprometer todo seus ganhos. Porém, não são todos os tipos de dívidas que são contempladas na lei. “As dívidas que podem entrar na renegociação do superendividamento são as dívidas de relação de consumo, como compras parceladas, compras a prazo, empréstimos, fatura de cartão de crédito, financiamentos, entre outros. Mas a lei também fala daquilo que não pode ser renegociado: dívidas contraídas de má fé por meio de fraude, dívidas de bens e serviços de luxo de alto valor, empréstimos com garantia de bens e móveis, financiamento de móveis, crédito rural, entre outros”.

Vulneráveis

O caso do idoso morto que foi levado a um banco para pegar empréstimo pela sobrinha causou comoção em todo o Brasil e chama a atenção para casos de fraudes contra essa faixa etária. Apesar de ser proibido fazer publicidade para idosos por várias leis, inclusive a Lei 14.871/21, muitas financeiras ainda descumprem regras para emprestar dinheiro com altos juros. Para o advogado, é necessário ficar atento para não cair numa ‘bola de neve’. 

“Os idosos e até os analfabetos acabam sendo bastante lesados e caindo em questões de superendividamento. A pessoa pode ter uma limitação de entender o que ela está fazendo, só pensa no dinheiro que está pegando, não pensa em quanto tempo vai pagar. E alguns acabam sendo pressionados por parentes. No fim, o idoso acaba colocando grande parte da sua renda em dívidas e essas dívidas acabam virando uma bola de neve e a pessoa não consegue mais pagar”.

Maleski chama a atenção para o contrato na hora de buscar crédito financeiro. “Algumas informações precisam ficar claras na oferta do crédito, como a taxa de juros e os encargos cobrados, o total de prestação e o prazo de validade que vai ter esse crédito. Também é necessário contar com o direito à liquidação antecipada e não onerosa do débito”.

Como usar a lei a seu favor

O advogado explica que há duas formas de fazer a renegociação da dívida e sair do superendividamento. A primeira por meio extrajudicial, que pode ser solicitada através dos órgãos de proteção ao consumidor, como o Procon, a Defensoria Pública, ou mesmo um advogado de confiança. “Essas entidades vão atuar com intermediários, vão chamar os credores para fazer uma audiência e, juntos, elaborarem o plano de pagamento”.

A outra forma é acionar a Justiça e fazer a negociação com um juiz. Jefferson explica que o magistrado vai marcar uma audiência de conciliação para as partes chegarem a um consenso. “Caso não haja, o próprio juiz pode elaborar um plano de pagamento.”

Para buscar qualquer direito, é necessário ter a assistência de um advogado especialista, que tem conhecimento da legislação e sabe como proceder. “Pegar um empréstimo de R$15 mil, por exemplo, significa que ela vai ter que pagar talvez o dobro desse valor, um valor muito caro. A pessoa precisa fazer os cálculos corretos antes de assinar qualquer contrato. É interessante ela consultar um advogado especialista, que vai analisar tudo isso. Caso ela já tenha feito um empréstimo e queira verificar a possibilidade de renegociar, é necessário procurar um advogado. É ele que vai fazer o levantamento de todas as dívidas que a pessoa tem, verificar se elas estão extrapolando o mínimo existencial que aquela pessoa precisa para sobreviver e encaixar todas essas dívidas dentro do percentual aceito pela justiça. Esse mínimo existencial tem que ser garantido”, disse.

Por:Helder Barbosa

1

Mais recentes

Voz por traz do hit viral “Rapariga Eu Sou”, cantora Cris Lima resgata clássicos da banda Cheiro de Forró em novo audiovisual

Voz por traz do hit viral “Rapariga Eu Sou”, que conquistou já famosos como Pabllo Vittar, o influenciador Alvaro, etc., e soma mais de 300…

Gui de Paula brilha ao lado de artistas na gravação do álbum “Forró & Muito Mais”, no palco do Eco Bahia Hotel

Uma noite de muita emoção e alegria, público vibrante e participação especial de vários artistas marcou o evento de gravação do primeiro álbum do cantor…

Fotos de fachadas de Anna Mariani serão expostas pela primeira vez na Bahia

A Bahia recebe, pela primeira vez, uma exposição dedicada à fotógrafa Anna Mariani — e o local escolhido não poderia ser mais simbólico: o Parque…

Projeto Mural 2025 anuncia homenagem ao artista plástico Juarez Paraíso

O Projeto Mural (Movimento Urbano de Arte Livre) se prepara para a próxima etapa, que promete movimentar ainda mais Salvador. “Essa edição é um reflexo…

Festival de Curitiba 2025 reúne mais de 200 mil pessoas e fortalece a cultura como direito de todos

Durante duas semanas, Curitiba se transformou no centro das atenções da cena cultural brasileira. A 33ª edição do Festival de Curitiba recebeu mais de 200…

Bahia já registrou 842 casos de violência contra a população LGBTQIAPN+ em 2025; Ano passado foram 4.052 casos registrado no Estado

Apesar do avanço às leis que visam trazer segurança para a comunidade LGBTQIA+, os dados relacionados a casos de violência às pessoas que contemplam a…

Pau de arara: a dor que ecoa da ditadura militar até os dias de hoje

Durante a ditadura militar no Brasil (1964–1985), o silêncio era imposto à força. E uma das ferramentas mais brutais dessa repressão tinha nome e estrutura:…

Os escândalos financeiros abafados pelo silêncio da repressão

Durante os 21 anos de regime militar no Brasil (1964–1985), o país viveu uma intensa repressão política, censura à imprensa e supressão de direitos civis….

FIEB abre inscrições para o 15º Prêmio Indústria Baiana Sustentável

Com o tema “Uma Gota de Ação, Um Oceano de Mudanças” , a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) abriu as inscrições para…

4ª edição do Projeto MURAL cadastra prédios interessados em receber obra de arte em suas fachadas

O Movimento Urbano de Arte Livre, o MURAL, considerado o primeiro projeto de Arte Vertical realizado na capital baiana, com o objetivo de deixar a…

Dia Internacional da Mulher: cultura da legalidade como pilar para a igualdade de gênero

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data crucial para reflexão sobre o progresso e os desafios enfrentados por mulheres…

Rumo ao Riso, projeto de palhaçaria terapêutica majoritariamente feminino, realiza intervenções em hospitais de São Paulo e Porto Seguro

Com escuta ativa, músicas autorais e lançamento de livro, iniciativa da atriz e palhaça terapeuta Gabi Roncatti, leva humor e empatia a pacientes, acompanhantes e…

IFBA Campus Ilhéus realiza Exposição fotográfica “Cadê o lixo que estava aqui? Retratos do descarte de resíduos na terra do cacau” dias 26, 27 e 28 de fevereiro

No próximo dia 26 de fevereiro, será inaugurada a exposição fotográfica “Cadê o lixo que estava aqui? Retratos do descarte de resíduos na terra do cacau”,…

ABRAMUS comemora 40 anos da Axé Music com coquetel na Caixa Cultural Salvador

A Associação Brasileira de Música e Artes (ABRAMUS) promove, nesta terça-feira (18), um coquetel especial na Caixa Cultural Salvador em homenagem aos 40 anos do…

Carnaval com segurança: como evitar lesões e aproveitar a folia sem imprevistos

Com a proximidade do Carnaval, o Brasil entra em uma verdadeira maratona de blocos, festas e muita diversão. No entanto, para curtir a folia sem…

Rolar para cima