
O Nordeste deu um passo importante rumo à expansão da radiodifusão educativa no Brasil. O Ministério das Comunicações recebeu 546 propostas de operação de rádios educativas em 237 cidades de 25 estados, com 81 manifestações apenas na região nordestina.
No total, são 36 cidades no Ceará, 27 em Pernambuco, seis na Paraíba, cinco no Maranhão, cinco no Piauí, uma na Bahia e uma no Rio Grande do Norte. O levantamento integra o primeiro edital do Plano Nacional de Outorgas (PNO) de Rádios Educativas, lançado em dezembro de 2024, que prevê ainda mais três editais até 2026.
Comunicação pública mais próxima das comunidades
Para o Ministério das Comunicações, a ampliação das rádios educativas é uma forma de democratizar a informação, promover a diversidade cultural e fortalecer a presença do Estado na educação não formal e cidadã. Segundo Daniela Schettino, diretora de Radiodifusão Pública, Comunitária e Estatal da pasta, o retorno foi altamente positivo:
“Nosso objetivo é tornar os processos de concessão mais ágeis e incentivar a presença dessas rádios no maior número possível de localidades”, afirmou.
Sudeste lidera, mas Nordeste mostra força
Apesar de o Sudeste concentrar o maior número de manifestações (100 municípios, sendo 72 em Minas Gerais), o Nordeste aparece com um número expressivo de solicitações. A adesão indica que há uma forte demanda por canais que ofereçam conteúdo educativo, cultural e local, fora dos interesses comerciais das grandes redes.
Nas demais regiões, os números também chamam atenção:
- Sul: 24 cidades (Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul)
- Norte: 22 cidades (com destaque para o Pará e Roraima)
- Centro-Oeste: 10 cidades (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás)
Quem pode operar as rádios educativas?
O processo seletivo está aberto a instituições públicas, fundações privadas e universidades credenciadas pelo MEC, desde que atendam às normas do Código Brasileiro de Telecomunicações. A operação dessas emissoras deve ser sem fins lucrativos e voltada à formação cidadã, cultura regional, interesse público e educação complementar.
Essa iniciativa representa mais do que a expansão de canais de rádio — ela simboliza a valorização das vozes locais. Em tempos de desinformação e concentração midiática, rádios educativas oferecem uma alternativa plural, acessível e próxima da realidade das comunidades.
A chegada dessas rádios ao interior do Nordeste, por exemplo, pode ser decisiva para difundir políticas públicas, fortalecer a identidade cultural e gerar novos espaços para debates relevantes. O desafio agora é garantir que os futuros operadores tenham autonomia, estrutura e apoio técnico para cumprir essa missão.