A BP (British Petroleum) é uma das maiores companhias de energia do mundo, com sede em Londres, atuando em mais de 70 países e com forte presença nos setores de exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e gás natural. Fundada em 1909, a empresa vem buscando reequilibrar seu portfólio entre combustíveis fósseis e energia renovável, mas, recentemente, tem priorizado novamente grandes projetos de petróleo para fortalecer seus resultados.
Já o bloco Bumerangue é uma área exploratória localizada no pré-sal da Bacia de Santos, a cerca de 404 km da costa do Rio de Janeiro, em águas ultraprofundas (2.372 m). A BP venceu o leilão da área em dezembro de 2022, assumindo 100% da operação sob um regime de partilha de produção com regras bastante favoráveis: pode reter 94,1% dos lucros líquidos, após recuperar os custos, conforme contrato gerido pela estatal brasileira Pré-Sal Petróleo S.A.
Hoje, 04 de agosto, a BP confirmou sua maior descoberta em 25 anos: uma coluna de hidrocarbonetos com 500 m de espessura, em um reservatório que se estende por mais de 300 km², perfurado a 5.855 m de profundidade. Essa descoberta no bloco Bumerangue representa o 10º sucesso exploratório da empresa em 2025, e pode se tornar um novo polo de produção no Brasil.
Analistas do setor compararam o potencial do Bumerangue a campos superdimensionados como Shah Deniz (Azerbaijão) e Kashagan (Cazaquistão) dois dos maiores projetos de gás e petróleo do mundo, localizados no Mar Cáspio, operados por consórcios internacionais. Isso dá uma ideia do impacto estratégico que o bloco brasileiro pode representar.
Embora ainda sem estimativas públicas de volume total, os dados preliminares indicam que o campo pode gerar centenas de milhares de barris por dia nos próximos anos. Com custos de produção baixos no pré-sal (inferiores a US$ 30 por barril) e com a BP detendo quase toda a receita líquida, o bloco pode garantir à empresa uma receita anual bilionária. Já para o Brasil, mesmo com a menor fatia, o impacto fiscal e econômico será significativo a longo prazo.
Um ponto de atenção técnico é o alto teor de dióxido de carbono (CO₂) identificado nos fluidos do reservatório. Isso pode demandar o uso de tecnologias como reinjeção de CO₂ ou armazenamento geológico (CCUS), elevando os custos da operação, mas também abrindo caminho para soluções sustentáveis em larga escala.
Mais do que uma conquista tecnológica, o Bumerangue representa uma oportunidade concreta de ganho econômico para o Brasil. Mesmo com uma fatia menor na partilha de lucros, o país pode arrecadar bilhões em impostos, royalties e investimentos indiretos em infraestrutura, empregos e tecnologia. Essa descoberta coloca o Brasil novamente no radar dos grandes investidores globais em energia.