
No próximo dia 8 de agosto, Salvador celebrará uma trajetória histórica que ultrapassa as barreiras do tempo e do preconceito. O centro cirúrgico da Alclin Hospital de Olhos, no bairro do Itaigara, será batizado com o nome de Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil e a primeira professora da Faculdade de Medicina da Bahia. Um gesto simbólico que une o passado pioneiro à modernidade tecnológica da oftalmologia.
Uma mulher à frente do seu tempo
Natural de São Félix, no Recôncavo Baiano, Maria Odília formou-se em medicina em 1909, enfrentando um cenário em que a presença feminina, e especialmente negra, era quase inexistente nas universidades. Sua tese sobre cirrose hepática rompeu o padrão das poucas médicas formadas na época, que se limitavam às áreas de ginecologia e pediatria. Cinco anos depois, tornou-se também a primeira professora da instituição onde se formou.

Filha de um médico e de uma mulher negra, Maria Odília trilhou um caminho de luta e estudo. Aos 13 anos, deixou sua cidade natal rumo à capital baiana. Fluente em cinco línguas, destacou-se por seu brilhantismo acadêmico e dedicação ao conhecimento.
Reconhecimento e legado
Mais de um século depois, seu nome será eternizado em um dos mais respeitados centros de saúde da capital. O Alclin Hospital de Olhos, referência há mais de 35 anos em exames e cirurgias oftalmológicas, realiza a homenagem como forma de valorizar a trajetória que abriu caminhos para outras gerações.

A cerimônia, marcada para as 19h do dia 8, também prestará homenagens a membros da família Lavigne, como Dr. José Leo Lavigne e Dr. Marzio Azaro, pai e amigo do diretor da clínica, Dr. André Luis Lavigne, neto de Maria Odília.
“O nome da minha avó representa superação, coragem e pioneirismo. Queremos que sua história inspire todos que passam por este espaço, reforçando a importância de uma medicina mais humana, inclusiva e comprometida com a excelência”, destacou o médico.
História viva
Em 2019, a trajetória de Maria Odília foi tema de uma dissertação na Universidade Federal da Bahia. Sua influência permanece viva também entre descendentes, muitos dos quais seguiram carreira na medicina. A homenagem da Alclin simboliza mais do que um gesto institucional: é uma reafirmação da luta por equidade e reconhecimento na área da saúde.
Informações Helder Azevedo