Nesta terça-feira (19), em Brasília, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do STF, defendeu o papel da imprensa e alertou que a desinformação está corroendo a democracia e fragilizando o espaço público.
O seminário Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário, realizado no auditório do CNJ, reuniu autoridades do Judiciário para debater o papel da mídia no Brasil contemporâneo.
O ministro destacou que a revolução digital transformou profundamente a circulação de informações. Se antes a TV, o rádio e os jornais funcionavam como filtros, hoje a internet multiplicou as narrativas, muitas vezes sem compromisso com a verdade.
Segundo o ministro, o maior risco é a perda de consensos mínimos que sustentam a vida democrática. A imprensa tradicional, ressaltou, ainda é responsável por oferecer fatos comuns a partir dos quais a sociedade pode formar opiniões.
Na prática, isso significa que a população sofre diretamente quando prevalecem versões fragmentadas: aumenta a intolerância, o diálogo desaparece e a polarização se intensifica.
Além do ministro Barroso, outras autoridades reforçaram a importância da imprensa e os limites da liberdade de expressão:
- Daiane Lira (CNJ) apresentou a cartilha com 20 decisões do STF sobre liberdade de imprensa.
- Aloysio Corrêa da Veiga (TST/CSJT) afirmou que a Constituição consagra a liberdade de expressão, mas prevê responsabilidades diante de abusos.
- Francisco Oliveira Neto (TJSC) destacou que a imprensa garante visibilidade e controle social sobre o exercício do poder público.
Ao relembrar sua própria relação com o jornalismo, o ministro citou a morte do jornalista Vladimir Herzog durante a ditadura militar como um marco de sua consciência crítica sobre o país.
O alerta do ministro Barroso ecoa no cotidiano: enquanto as instituições debatem os limites da liberdade de expressão, milhões de brasileiros já vivem imersos em bolhas digitais que reforçam preconceitos e isolam visões.
Sem uma imprensa forte e independente, a democracia se torna refém de narrativas parciais. Isso atinge diretamente a vida do cidadão comum, que sente no dia a dia os efeitos da polarização e da desinformação.
O seminário do CNJ deixou claro: a democracia depende de uma imprensa ativa e de uma sociedade capaz de distinguir informação de manipulação. O desafio, como destacou o ministro Barroso, é enfrentar a desinformação sem abrir mão da liberdade de expressão.