A Polícia Federal cumpriu, na noite desta quarta-feira (20/8), no Aeroporto Internacional do Galeão, mandado de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, que, diante das autoridades, optou pelo silêncio e o STF já impôs duras restrições.
A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, faz parte da PET nº 14129, que investiga suposta atuação de Malafaia em articulações para obstrução de Justiça e tentativa de golpe de Estado. Ao desembarcar de um voo vindo de Lisboa, o pastor foi abordado e seus celulares apreendidos. Mesmo diante da Polícia Federal, Malafaia escolheu permanecer calado durante o depoimento.
Em especial, o STF determinou a apreensão do passaporte de Malafaia, a proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados, como Jair e Eduardo Bolsonaro.
Para mim, o mais alarmante é como medidas legais, que soam técnicas, carregam impacto direto na realidade social. Estamos falando de um líder religioso influente, com seguidores fiéis, agora submetido a restrições sérias sem prisão, mas com isolamento geográfico e relacional, em meio a investigações sobre tentativa de obstrução da Justiça e trama golpista
Não houve falas oficiais do pastor até o momento, mas o cerne da investigação, conforme a PGR, indica que Malafaia teria agido como “orientador e auxiliar” nas campanhas de coação política coordenadas com membros da família Bolsonaro
Tem gente no meio jurídico questionando até onde essas medidas contra Malafaia esbarram na liberdade religiosa, mas a verdade é que a própria Constituição deixa claro: quando há ameaça à democracia, até os púlpitos têm limite.
Enquanto Brasília navega entre protocolos jurídicos, aqui embaixo, a vida segue cortada por decisões que ressoam nos altares e nas casas, escolas, cultos, redes sociais. Os fiéis que enxergavam Malafaia como voz incontestável se deparam agora com alguém juridicamente limitado, desconectado e, em certo sentido, silenciado ainda que em nome de um Estado de Direito que precisa ser defendido de pressões internas.
A ação desta quarta-feira coloca em xeque o alcance do poder religioso frente às instituições legais. As medidas aplicadas ao pastor revelam que ninguém está acima da lei nem mesmo quando a invoca com fervor. A sociedade precisa refletir: até que ponto a influência espiritual é legítima, e quando se torna instrumental em favor de estratégias que ferem a democracia e a justiça?