Na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, o presidente Lula recebeu um telefonema do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Em clima amistoso, os líderes conversaram por 30 minutos sobre comércio, diplomacia e futuros encontros.
A ligação marca um raro contato direto entre os dois líderes. Desde que Trump deixou a presidência dos Estados Unidos, os dois não haviam voltado a se falar formalmente. Segundo o Planalto, o diálogo recupera o tom positivo visto na última Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde Lula e Trump teriam desenvolvido uma boa química.
O presidente brasileiro ressaltou os 201 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Ele destacou também que o Brasil é um dos poucos membros do G20 com quem os EUA mantêm superávit na balança comercial. Lula aproveitou para pedir a retirada da sobretaxa de 40 por cento sobre produtos brasileiros e o fim de medidas restritivas contra autoridades nacionais.
A conversa abre margem para um realinhamento estratégico entre Brasil e Estados Unidos. As áreas mais sensíveis envolvem comércio exterior, questões ambientais e a reconstrução da imagem diplomática entre os países. A designação do secretário de Estado norte-americano Marco Rubio para liderar as negociações mostra que Washington vê potencial na retomada desse eixo bilateral.
Para o Brasil, a retirada das tarifas significaria um alívio econômico imediato para setores produtivos. Além disso, a reabertura do diálogo pode fortalecer a posição brasileira em eventos multilaterais, como a COP30, marcada para 2025 em Belém, no Pará.
Para mim, o que mais chama atenção é como um gesto simbólico, como um telefonema, pode ter repercussões econômicas e políticas concretas, tanto para o país quanto para a população.
Durante a ligação, Trump indicou sua disposição de aprofundar as negociações e delegou a tarefa ao secretário de Estado, Marco Rubio. Do lado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim acompanharam o telefonema.
Além da questão comercial, Lula convidou Trump a participar da COP30. Ele também cogitou um encontro presencial na próxima Cúpula da Asean, na Malásia. Ambos os líderes trocaram telefones pessoais para estabelecer um canal direto de comunicação.
Enquanto Brasília articula nos bastidores, o impacto para o cidadão comum ainda parece distante. Mas não é. Decisões como a retirada de tarifas podem influenciar desde o preço de exportações agrícolas até acordos ambientais que moldam políticas públicas locais.
Num tempo de tensões globais e incertezas econômicas, ver dois líderes de espectros tão diferentes retomando diálogo direto é, no mínimo, curioso. Também é potencialmente histórico.
O telefonema entre Lula e Trump não é apenas um gesto protocolar. É o início de uma possível nova fase entre Brasil e Estados Unidos. As repercussões podem ir do comércio ao clima. Resta saber se esse novo canal será efetivo ou apenas simbólico.