Pesquisa inédita mostra crescimento expressivo no setor da saúde

A primeira Demografia da Enfermagem do Brasil, lançada nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde, revela que o Nordeste registrou o maior crescimento proporcional no número de vínculos empregatícios em enfermagem entre 2017 e 2022. O total saltou de 239 mil para 350 mil vínculos na região, um aumento de 46 por cento em cinco anos.
O estudo, desenvolvido com apoio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mostra um panorama detalhado da enfermagem no país. Considerando enfermeiros, técnicos e auxiliares, o número de vínculos formais no Brasil passou de 1 milhão para 1 milhão e meio no período. A Região Nordeste teve o maior crescimento proporcional ao lado do Centro-Oeste.
O levantamento ainda aponta que a Atenção Primária, que reúne serviços de baixa complexidade, corresponde a 28 por cento dos vínculos em 2022. A Atenção Terciária, voltada a casos de alta complexidade, também teve crescimento relevante no Nordeste, passando de 20 para 22 por cento do total de postos regionais.
A expansão dos vínculos empregatícios em enfermagem representa um reforço essencial para os serviços de saúde, especialmente no Sistema Único de Saúde. Com o aumento da demanda durante a pandemia, a contratação de enfermeiros e técnicos cresceu principalmente no setor público, com destaque para a ampliação da Estratégia de Saúde da Família.
Esse avanço significa que mais profissionais estão chegando às comunidades, hospitais e postos de saúde, melhorando o acesso da população a cuidados essenciais.
Segundo o secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Jérzey Timóteo, a pesquisa é um passo importante para a valorização da categoria. Ele destaca que conhecer a realidade da enfermagem é fundamental para criar políticas públicas mais justas e eficazes.
O coordenador do estudo, Mario Roberto Dal Poz, afirma que o levantamento preenche uma lacuna histórica e será referência para planejamentos futuros na área da saúde. Ele ressalta a importância de seguir monitorando o setor com dados mais qualitativos e aprofundados.
Esse crescimento expressivo no Nordeste não é apenas um número positivo. É um reflexo da dedicação de milhares de profissionais que sustentam o SUS com trabalho diário, muitas vezes em condições adversas. A maior presença de enfermeiros nos serviços públicos representa mais atenção básica, mais prevenção e, acima de tudo, mais vidas salvas.
Mas o desafio não termina aí. A categoria ainda enfrenta jornadas longas, remuneração média entre dois e três salários mínimos e vínculos instáveis. A predominância feminina entre os profissionais também escancara questões de gênero que precisam ser enfrentadas com políticas de equidade.
A enfermagem no Nordeste deu um salto importante em sua presença na saúde pública. Esse avanço precisa ser consolidado com valorização real, condições de trabalho dignas e investimento contínuo em formação e estrutura. O SUS só será forte se os profissionais que o mantêm de pé também forem fortalecidos.


















