
Os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) 2024, divulgados nesta quinta-feira, 11 de setembro, pelo IBGE, revelam um marco para a agricultura da Bahia. O estado atingiu R$ 47,3 bilhões em valor de produção, um aumento de 8,4% em relação a 2023. O crescimento absoluto foi de R$ 3,7 bilhões, resultado puxado especialmente pelo bom desempenho da fruticultura e do cacau.
A agricultura baiana nadou contra a maré nacional. Enquanto o Brasil registrou queda de 3,9% no valor da produção agrícola, a Bahia voltou a crescer. A safra nacional foi afetada pela redução de 7,5% na produção de grãos e pela queda nos preços de commodities como milho e soja. No estado, 31 dos 46 produtos agrícolas analisados apresentaram crescimento em valor.
A pesquisa do IBGE é considerada a mais completa do setor, abrangendo 64 produtos em todos os municípios do país. Na Bahia, os dados mostram que a diversidade da produção tem sido uma vantagem estratégica frente aos impactos climáticos e de mercado.

Apesar da queda nos grãos, especialmente na soja e no milho, a Bahia se destacou em outras culturas. O cacau, por exemplo, teve um salto expressivo. O valor de produção passou de R$ 2,3 bilhões para R$ 6,5 bilhões em um ano. A fruticultura também teve desempenho histórico, crescendo 30,5% e alcançando R$ 7,4 bilhões.
A soja ainda é o produto com maior valor no estado, gerando R$ 14,4 bilhões em 2024. Porém, caiu 15,3% em relação ao ano anterior. O milho recuou quase 20%, ficando com R$ 2,4 bilhões. O algodão herbáceo, mesmo com aumento na produção, teve queda de 11,9% em valor, fechando em R$ 6,4 bilhões.
Na fruticultura, Juazeiro segue como maior produtor de manga do país, enquanto Livramento de Nossa Senhora lidera no maracujá. Casa Nova foi destaque com um salto de 120% no valor das frutas.
São Desidério permanece como o segundo maior valor de produção agrícola do Brasil, mesmo após uma queda de R$ 1,2 bilhão. Formosa do Rio Preto subiu uma posição no ranking nacional e agora ocupa o sexto lugar. Ambas são as únicas cidades fora do Centro-Oeste entre as dez maiores do país nesse indicador.
Com esse desempenho, a Bahia ultrapassou o Mato Grosso do Sul e assumiu o sétimo lugar no ranking nacional do valor agrícola. Sua participação cresceu de 5,4% para 6,0% em relação ao total brasileiro.
Além do avanço em valor, a Bahia manteve sua posição como segundo estado com mais municípios entre os 50 maiores do país. São sete cidades baianas na lista, incluindo São Desidério, Formosa do Rio Preto, Barreiras e Juazeiro.
O que vemos na PAM 2024 é a fotografia de uma Bahia resiliente e diversificada. A força da fruticultura, o avanço do cacau e a capacidade de manter bons indicadores mesmo com a queda nos grãos revelam uma agricultura em transição. Mais sustentável, mais distribuída e menos dependente de monoculturas.
Ainda assim, o alerta permanece. A dependência da soja continua alta. E embora a fruticultura avance, exige infraestrutura logística e política pública para garantir escoamento, valorização e apoio ao pequeno e médio produtor.
O protagonismo baiano no agronegócio cresce. Mas esse crescimento precisa ser bem gerido para não aprofundar desigualdades entre municípios mais e menos estruturados.
A agricultura baiana alcançou um marco em 2024. Mesmo diante de quedas nacionais, o estado cresceu, bateu recorde de valor e avançou no ranking do setor. A fruticultura e o cacau foram os motores desse crescimento. Mas o futuro depende de continuar investindo na diversificação, em infraestrutura rural e em políticas que mantenham a Bahia no topo do mapa agrícola brasileiro.
Fonte: IBGE
