Nesta terça-feira (29), Jair Bolsonaro (PL) voltou ao centro das atenções em Brasília ao liderar mais uma motociata desta vez sem pilotar moto, sem discurso e cercado por incertezas jurídicas. Ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente participou do ato montado como resposta simbólica ao cerco judicial conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em cima de um carro de som que liderava o comboio de motos, Bolsonaro acenou e sorriu para os apoiadores, mas manteve o silêncio. A estratégia parece calculada: com tornozeleira eletrônica, proibido de usar redes sociais, de sair de Brasília e de se aproximar de embaixadas, o ex-presidente busca preservar capital político sem aumentar o atrito com o Judiciário.
Com Bolsonaro inelegível, a presença de Michelle e Flávio no carro de som sinaliza mais do que apoio familiar representa os nomes que o PL ensaia como possíveis candidatos para 2026. A ausência de fala do ex-presidente, aliás, reforça esse ensaio de transição, sem abrir mão do protagonismo simbólico.
O ato teve início no Capital Moto Week, evento tradicional de motos e rock realizado na Granja do Torto. Bolsonaro já havia participado em 2019 e 2023, e agora voltou como ex-presidente, limitado por decisões judiciais, mas ainda com forte apelo entre seus seguidores. A motociata foi marca registrada de seu governo entre 2021 e 2022. O ato do ex-presidente busca reacender agora diante da atual situação política o imaginário bolsonarista: liberdade, patriotismo e resistência ao Supremo.
A motociata desta terça serviu de aquecimento para novos atos marcados para domingo (3) e, principalmente, para o feriado de 7 de setembro data simbólica para o bolsonarismo. Apesar da inelegibilidade, Bolsonaro segue no centro da narrativa, ignorando as restrições e apostando no carisma popular para manter viva sua base.