
A deputada federal Carla Zambelli renunciou ao mandato neste domingo. A decisão ocorre após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal confirmar, por unanimidade, sua cassação por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça. A Câmara dos Deputados foi notificada e o presidente da Casa, Hugo Motta, convocou o suplente Adilson Barroso.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão em regime fechado. A pena inclui a perda automática do mandato parlamentar. Mesmo após a condenação, a Câmara tentou evitar a cassação, mas não obteve votos suficientes para validar a manobra. A tentativa foi alvo de duras críticas por parte do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que apontou violação de princípios constitucionais e desvio de finalidade.
A deputada, atualmente detida na Itália, aguarda extradição após ter deixado o Brasil. Sua prisão internacional reforçou a gravidade do processo judicial e acendeu alertas sobre o alcance de decisões do STF no ambiente político.
Com a saída de Zambelli, o foco se volta para os impactos institucionais da decisão. A troca de cadeiras no Legislativo não altera a correlação de forças de maneira significativa. No entanto, evidencia um ponto sensível no equilíbrio entre os Poderes.
A tentativa frustrada de reverter a cassação dentro da Câmara expôs um conflito direto entre Legislativo e Judiciário. Para muitos analistas, o caso serve de precedente para futuras situações envolvendo parlamentares condenados em regime fechado.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que está em contato com a assessoria jurídica para garantir o rito adequado de posse do suplente. Juristas e especialistas destacam que, diante da condenação em regime fechado, a perda do mandato é automática, cabendo ao Legislativo apenas formalizar a saída.
“Esse caso define claramente os limites da atuação da Câmara. Quando há condenação definitiva, o mandato não pode ser mantido por decisão política”, afirmou um constitucionalista ouvido pelo portal Terra.
Este episódio vai além de uma questão jurídica. Ele revela um país em busca de balizas claras sobre responsabilidade política e penal. O caso Zambelli mostra como figuras públicas tentam se proteger em esferas políticas mesmo após sentenças judiciais. Enquanto isso, cresce a percepção de que decisões institucionais precisam ter eficácia imediata, especialmente quando envolvem figuras com alto alcance social e político.
No fim, o que está em jogo não é apenas uma cadeira na Câmara, mas o próprio senso de justiça diante da sociedade.
A renúncia de Zambelli encerra, por ora, uma disputa tensa entre Congresso e STF. Mas os efeitos institucionais dessa decisão ainda reverberam. O Brasil assiste a mais um capítulo em que se testam os limites entre a política e a Justiça.


















