Pela primeira vez desde o início da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, a taxa de desemprego no Brasil caiu abaixo de 6%. O índice chegou a 5,8% no trimestre encerrado em junho, segundo dados atualizados pelo IBGE nesta quinta-feira (31). A marca é considerada um marco no mercado de trabalho brasileiro e reforça o cenário de recuperação pós-pandemia.
O resultado, que veio ligeiramente abaixo da expectativa do mercado (6%), reflete o avanço da ocupação no país, puxado sobretudo pelo setor público, com destaque para a área da educação.
Crescimento do emprego formal e informal
A população ocupada chegou a 102,3 milhões de brasileiros, o maior número da série. Houve um crescimento de 1,8% em relação ao trimestre anterior. Dentre os destaques, estão:
- Empregados com carteira assinada: 39 milhões (novo recorde)
- Trabalhadores por conta própria: 25,8 milhões
- Sem CNPJ: 18,9 milhões (73,1%)
- Com CNPJ: 6,9 milhões (recorde)
O aumento dos microempreendedores individuais (MEIs) também contribuiu para a alta da formalização. Já a taxa de informalidade caiu para 37,8%.
A renda média da população ocupada foi estimada em R$ 3.477, novo recorde da pesquisa. O crescimento foi de 1,1% em relação ao trimestre encerrado em março.
A população desempregada foi estimada em 6,3 milhões de pessoas, uma queda de 17,4% em relação ao trimestre anterior. Esse recuo confirma a tendência de queda verificada nos últimos anos, impulsionada por medidas econômicas de estímulo e pelo envelhecimento da população, que naturalmente reduz a força de trabalho ativa.
Economistas projetam que o mercado de trabalho deve seguir aquecido, com o desemprego podendo atingir 5,4% até dezembro, mesmo diante da taxa de juros elevada (Selic a 15% ao ano). A combinação de estímulos fiscais com políticas monetárias restritivas gera um equilíbrio instável, mas que, por ora, favorece a geração de empregos.
O IBGE ressalta que a taxa de participação da força de trabalho (pessoas que trabalham ou estão buscando trabalho) ainda está abaixo do nível pré-pandemia, mas subiu para 62,4%. Em 2019, essa taxa era de 63,6%.