O tempo está correndo rápido. Termina neste domingo, 20 de julho, a licença de 120 dias do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Desde março, ele está fora do Brasil, alegando “interesses pessoais” e “tratamento de saúde”. Mas o verdadeiro motivo parece outro: ficar longe da Justiça brasileira, enquanto articula sua permanência política dos Estados Unidos.
A partir de agora, se não voltar ao país, Eduardo começa a acumular faltas não justificadas na Câmara dos Deputados. E isso tem um limite bem claro: não pode faltar a mais de um terço das sessões. Se ultrapassar, o mandato entra em risco real.
Ausência com roteiro político
Eduardo não esconde seus planos. Disse que está disposto a “sacrificar o mandato” para seguir atuando fora do país. Chegou a afirmar que não vê “clima para retornar ao Brasil sem ser preso”. A frase não é jogada de marketing: é estratégia.
Nos bastidores, o PL tenta alterar o regimento da Câmara para permitir uma espécie de “licença permanente” sem salário ou até a possibilidade de mandato remoto — o que não existe hoje. Um movimento claro para manter o filho do ex-presidente ativo na política, mesmo longe do Plenário.
O Brasil pode esperar?
Enquanto Eduardo articula uma possível cidadania americana, o suplente Missionário José Olímpio segue ocupando sua cadeira, com o compromisso de manter “as mesmas pautas” do titular. Uma espécie de mandato por procuração. Mas e a representação direta do povo paulista? E a transparência com o eleitorado?
E se ele não voltar?
Se o deputado continuar ausente após o recesso (que vai até 4 de agosto), as faltas começarão a ser registradas oficialmente. E, ao ultrapassar um terço das sessões, o mandato pode ser cassado por falta de decoro parlamentar.
Estamos diante de um novo modelo de parlamentar?
O caso de Eduardo Bolsonaro levanta uma pergunta que vai além da política partidária: um deputado federal pode continuar representando o povo morando em outro país? Ou será que estamos normalizando a desconexão entre representantes e representados?
A democracia exige presença. Participar é mais que ter nome na lista.
Eduardo, por enquanto, prefere se ausentar — e o Congresso, ao que tudo indica, está mais disposto a acomodar essa ausência do que questioná-la.
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