
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), recomendou o afastamento por até seis meses de cinco parlamentares envolvidos no tumulto que paralisou os trabalhos legislativos nesta semana. A decisão atinge Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Camila Jara (PT-MS).
O caso agora será analisado pelo Conselho de Ética, que deve se reunir nos próximos dias. Segundo a Secretaria-Geral da Mesa, todas as denúncias sobre condutas no episódio foram encaminhadas à Corregedoria Parlamentar, sob responsabilidade do deputado Diego Coronel (PSD-BA).
O episódio ocorreu quando deputados da oposição ocuparam a Mesa Diretora do plenário e impediram o início das sessões. O grupo exigia a votação de três pautas: anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O protesto durou mais de 30 horas e foi motivado pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada por Moraes.
Marcos Pollon foi o último a deixar a cadeira da presidência da Câmara e, dias antes, havia chamado Hugo Motta de “baixinho” e “bosta” durante manifestação no MS.
Zé Trovão é acusado de tentar impedir fisicamente o retorno de Motta à Mesa. Ele afirma que a manifestação foi pacífica e que luta por pautas apoiadas por seus eleitores.
Júlia Zanatta ocupou a Mesa Diretora com um bebê de quatro meses no colo. O PT a acusa de usar a criança como “escudo” em contexto de instabilidade política. Em vídeo, a deputada disse que está sendo perseguida e que corre o risco de ficar seis meses sem trabalhar e sem salário.
Camila Jara foi denunciada pelo PL sob acusação de agredir fisicamente Nikolas Ferreira (PL-MG) durante o tumulto. Ela nega e afirma que apenas afastou o deputado no meio de um “empurra-empurra” para restabelecer a ordem.
Marcel van Hattem ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), criticou a inclusão de Camila Jara na lista, classificando a medida como “absurda” e acusando a presidência da Câmara de criar uma falsa equivalência entre lados opostos do embate.
A expectativa é que mais de 20 representações cheguem ao Conselho de Ética nos próximos dias, incluindo pedidos de punição contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos.
O desfecho deste caso pode se tornar um divisor de águas na relação entre governo e oposição no Congresso, revelando até onde a Casa está disposta a avançar no enfrentamento a condutas que interrompam o funcionamento do Legislativo.