
Em um cenário político ainda marcado por incertezas e disputas antecipadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirma sua posição de força para as eleições de 2026. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no último sábado (2), Lula aparece na dianteira em todos os cenários testados de primeiro turno e, pela primeira vez desde o início das simulações, se descola de forma mais consistente dos seus principais adversários em um eventual segundo turno.
O levantamento ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios brasileiros, entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Lula na frente em todos os cenários de 1º turno
Nos cenários mais prováveis de primeiro turno, Lula lidera com folga. Contra Jair Bolsonaro (PL), mesmo inelegível até 2030, o petista marca 39%, ante 33% do ex-presidente. Em confrontos com nomes emergentes como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo), Lula também se mantém à frente, com índices entre 38% e 40%.
Em um cenário com Michelle Bolsonaro como representante da direita, Lula tem 39%, contra 24% da ex-primeira-dama. A vantagem é ainda mais expressiva quando o adversário é Flávio Bolsonaro (40% a 18%) ou Eduardo Bolsonaro (39% a 20%).
Já na resposta espontânea em que os entrevistados não recebem lista de candidatos Lula aparece com 22%, seguido por Bolsonaro com 17%. O número de indecisos ainda é alto: 49%.
Petista vence todos os adversários no 2º turno
As simulações de segundo turno reforçam a tendência de vantagem de Lula. Ele venceria com 45% contra 41% de Tarcísio, 48% a 40% contra Michelle Bolsonaro, 47% a 43% contra Jair Bolsonaro, 48% a 37% contra Flávio e 49% a 37% contra Eduardo.
Mesmo diante de governadores de fora do eixo tradicional da disputa presidencial, Lula se mantém na frente. Contra Romeu Zema, venceria por 46% a 36%. Diante de Ronaldo Caiado, por 47% a 35%. Contra Ratinho Junior, 45% a 40%.
Polarização persiste, mas rejeição preocupa oposição
Apesar de seus índices elevados, Lula ainda enfrenta altos níveis de rejeição: 47% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum — número que se aproxima dos 44% atribuídos a Jair Bolsonaro. Os filhos do ex-presidente, Flávio e Eduardo, também têm rejeição expressiva (36% e 38%, respectivamente), assim como Michelle Bolsonaro (36%).
Do lado petista, Fernando Haddad (32%) e Geraldo Alckmin (27%) aparecem com índices menores de rejeição, o que os coloca em posição de potencial crescimento em uma eventual ausência de Lula.
Esta nova rodada de pesquisa mostra mais do que a liderança de Lula: revela o enfraquecimento da narrativa de um eleitorado rigidamente polarizado. Lula mantém um eleitorado sólido e consegue ampliar vantagem contra nomes da direita, mesmo aqueles que ainda são especulados como alternativas. A fragmentação dos adversários, somada à inelegibilidade de Bolsonaro, abre espaço para uma reeleição menos turbulenta se o governo mantiver estabilidade e resultados econômicos.
Ainda assim, a rejeição alta mostra que o terreno está longe de ser confortável. Lula pode estar à frente, mas a disputa ainda está em aberto. Tudo dependerá da movimentação dos partidos, do desempenho econômico e da capacidade de comunicação com o eleitorado até 2026.