Em entrevista concedida nesta quarta-feira (6) à agência Reuters, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não irá retaliar de imediato os Estados Unidos pelas tarifas impostas a produtos brasileiros. A decisão, segundo ele, busca preservar a responsabilidade fiscal e a estabilidade diplomática, mesmo diante da pressão econômica.
“Não vou me humilhar ligando para o Trump”, declarou Lula, ao ser questionado sobre a possibilidade de um contato direto com o presidente americano. Para o líder brasileiro, não há espaço para uma negociação bilateral diante da postura hostil dos EUA, e o diálogo só ocorrerá “na hora que eles quiserem conversar”.
Brasil reage com articulação global
Lula anunciou que pretende levar o tema ao próximo encontro dos países do BRICS, envolvendo líderes como Xi Jinping (China) e Narendra Modi (Índia). A proposta é construir uma resposta coletiva à política protecionista norte-americana, buscando fortalecer alianças multilaterais e alternativas comerciais fora do eixo ocidental.
O presidente também antecipou que o governo lançará, nos próximos dias, uma nova política de soberania sobre minerais estratégicos, priorizando o beneficiamento nacional. “O Brasil não será mais apenas um exportador de matéria-prima”, afirmou. A medida visa conter a dependência de mercados externos e gerar valor agregado no país.
Acusações contra Bolsonaro
Em tom crítico, Lula acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter articulado junto a aliados norte-americanos a adoção do tarifaço. “Quem estimula uma potência estrangeira a prejudicar seu próprio país deveria responder criminalmente”, disse o presidente, insinuando que novas acusações contra Bolsonaro poderão surgir nos próximos meses.
Crise tarifária desafia governo
As tarifas impostas pelos Estados Unidos impactam setores sensíveis da economia brasileira, como o agronegócio, a siderurgia e a indústria de alimentos. A medida foi classificada por Lula como um “ataque direto à soberania econômica do Brasil”.
O governo, porém, optou por evitar medidas precipitadas. Segundo fontes do Palácio do Planalto, a estratégia é consolidar apoios internos e internacionais antes de adotar qualquer resposta formal — mantendo a pressão diplomática, mas evitando ampliar a crise.
Fonte: Reuters. Entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicada em 6 de agosto de 2025.