Em passagem pela Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta segunda-feira, 27 de outubro, que o Brasil e os Estados Unidos estão próximos de um acordo comercial. A fala veio após reunião com o presidente norte-americano Donald Trump durante a Cúpula da ASEAN. Segundo Lula, os dois países deram início a uma nova fase de diálogo com foco em resultados concretos.

Durante entrevista a jornalistas, Lula disse que as equipes técnicas já começaram a trabalhar em um cronograma de reuniões. O objetivo é construir um acordo que solucione o impasse sobre as tarifas aplicadas às exportações brasileiras. “O que interessa numa mesa de negociação é o futuro. A gente não quer confusão, quer negociação. Não quer demora, quer resultado”, resumiu o presidente.
O encontro com Trump é visto como um avanço significativo na relação bilateral. Para Lula, as diferenças ideológicas não são barreiras. “Fiz questão de dizer que respeito o presidente Trump porque ele foi eleito pelo voto democrático. E ele me respeita porque também fui eleito pelo povo brasileiro. Com isso na mesa, tudo fica mais fácil”, afirmou.
Como desdobramento do encontro presidencial, o ministro Mauro Vieira se reuniu com representantes do governo norte-americano nesta segunda-feira. O foco é a construção de um plano conjunto para reduzir tarifas e ampliar o fluxo comercial entre os países. Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Rosa, as negociações devem se concentrar nos setores mais afetados.
Lula também afirmou que está aberto a discutir temas variados, como minerais críticos, terras raras, açúcar e etanol. “Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser. Estou disposto a discutir todo e qualquer assunto”, disse.
Durante a reunião, Lula entregou a Trump um documento com dados da balança comercial entre os dois países. Segundo o presidente, o argumento de déficit norte-americano não se sustenta. Em 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávit de 410 bilhões de dólares com o Brasil. Apenas três países no G20 mantêm esse saldo positivo para os EUA. Além do Brasil, estão o Reino Unido e a Austrália.
O presidente também sinalizou a disposição de realizar um novo encontro com Trump. “Ele disse que quer ir ao Brasil. Eu disse que estou à disposição para ir a Washington. Se depender de mim e dele, vamos fazer um bom acordo. Não haverá problema entre Brasil e Estados Unidos”, declarou.
Visão estratégica do Brasil no comércio global
Lula reafirmou o compromisso do Brasil com o livre-comércio, a pluralidade de parcerias e o fortalecimento do multilateralismo. Segundo ele, o país quer manter boas relações com todas as grandes economias do mundo. “Nosso negócio é fazer negócio. Estamos concluindo o acordo entre União Europeia e Mercosul e também negociando com a Indonésia, a Malásia e a ASEAN”, explicou.
O presidente também mencionou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções. Considerou injusta sua aplicação a autoridades brasileiras, destacando que o devido processo legal foi respeitado.
O encontro entre Lula e Trump revela um Brasil que assume protagonismo negociador em um cenário internacional complexo. Ao colocar dados na mesa e abrir espaço para temas sensíveis, o governo brasileiro reforça uma postura madura e estratégica. O mais relevante, porém, é a disposição de dialogar com todos, sem ceder a pressões ideológicas. Isso fortalece a imagem de um país comprometido com o comércio justo e com uma diplomacia equilibrada.

















