Nesta quarta-feira (30/07), o presidente dos Estados Unidos assinou uma nova ordem executiva reformulando o Programa de Parceiros Comerciais Previsíveis (Predictable Trade Partner Program). Na prática, essa medida altera as condições comerciais com vários países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.
O objetivo do governo americano é proteger setores industriais estratégicos dos EUA, incentivando a produção interna e reduzindo a dependência de importações. Para isso, produtos brasileiros que antes eram isentos de tarifas agora passam a ser taxados a partir do dia 06 de agosto com efeitos diretos nas exportações.
O que será taxado?
Segundo o anexo da ordem executiva (Annex II), os seguintes produtos brasileiros passam a sofrer tarifas:
- Produtos siderúrgicos e derivados de aço: chapas, tubos e bobinas.
- Produtos químicos industriais: especialmente os utilizados na indústria de plásticos e fertilizantes.
- Componentes automotivos: como autopeças e sistemas de freio.
- Certos alimentos processados: como carnes industrializadas e bebidas energéticas.
Esses setores representam uma parcela relevante das exportações brasileiras para os EUA — e devem sentir o impacto direto nas vendas e competitividade.
Apesar das novas tarifas, alguns produtos brasileiros continuam com isenção total ou parcial:
- Commodities agrícolas não processadas: como soja, milho e café verde.
- Minérios brutos: ferro, bauxita e manganês.
- Produtos de tecnologia limpa: como componentes para energia solar e eólica.
Essa exclusão tem viés geopolítico e ambiental, uma vez que os EUA buscam manter acordos com países-chave na transição energética.
O Itamaraty já reagiu oficialmente, afirmando que a medida prejudica a previsibilidade das relações comerciais e que o Brasil vai acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio) para contestar a decisão. Internamente, há pressão para que o governo reavalie incentivos fiscais a empresas americanas no país como forma de resposta.
Especialistas alertam que, além do impacto econômico, a medida revela o enfraquecimento do status do Brasil como parceiro estratégico dos EUA algo que pode repercutir em outros acordos multilaterais.
Essa mudança vai além da economia. Ela envia um sinal claro de que o Brasil precisa reposicionar sua política externa e industrial, sob o risco de perder espaço nos mercados globais. As tarifas são o sintoma de um problema maior a falta de alinhamento estratégico com as grandes potências econômicas.