A Proposta de Emenda à Constituição que prevê a redução da jornada semanal para 36 horas com dois dias de descanso foi aprovada na CCJ e segue para votação no Plenário do Senado. O tema mobiliza debates sobre produtividade, direitos trabalhistas e impactos econômicos.

A PEC 148 de 2015 foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça nesta quarta-feira. A proposta estabelece a redução progressiva da carga horária semanal de 44 para 36 horas ao longo de quatro anos. A cada ano, a jornada será reduzida em uma hora, até atingir o novo teto, sem prejuízo salarial. O descanso de dois dias por semana, preferencialmente aos fins de semana, também será garantido.
A jornada diária de até oito horas será mantida, e acordos de compensação continuarão válidos quando firmados em negociação coletiva. A proposta agora será analisada em dois turnos no Plenário do Senado antes de seguir para a Câmara dos Deputados.
Entre os argumentos favoráveis à medida estão o aumento da qualidade de vida, a redução do estresse e o ganho de produtividade. O relator da proposta, senador Rogério Carvalho, afirma que a mudança acompanha a transformação do mundo do trabalho e a busca por modelos mais sustentáveis.
Segundo levantamento do DataSenado citado no parecer, 84 por cento dos trabalhadores brasileiros acreditam que uma jornada menor traria benefícios à saúde e ao convívio social. Experiências em países como Espanha e Portugal também mostraram que a redução pode estimular a geração de empregos e a melhor alocação de tempo e recursos.
A proposta é defendida ainda por centrais sindicais, especialistas em saúde do trabalho e setores que vislumbram novos modelos de organização da produção.
Do lado oposto, setores empresariais demonstram preocupação com os custos adicionais que a medida pode gerar, especialmente para pequenas e médias empresas. A redução da jornada sem redução de salário pode elevar despesas com contratação de pessoal e reorganização de turnos.
Críticos da PEC alertam para o risco de aumento da informalidade e da terceirização, como forma de compensar o tempo reduzido de trabalho. Também apontam que o impacto pode variar fortemente entre setores, com maior dificuldade de aplicação em áreas como comércio, serviços e indústria.
A proposta levanta um debate legítimo sobre a modernização das relações de trabalho. A lógica de menos horas e mais qualidade de vida vem ganhando espaço em vários países, mas exige cautela para que a transição não agrave desigualdades ou fragilize setores produtivos.
A redução da jornada precisa vir acompanhada de políticas públicas de suporte, incentivo à formalização e diálogo constante entre patrões e trabalhadores. O desafio está em equilibrar os avanços sociais com a viabilidade econômica para empresas de todos os portes.
A PEC da jornada reduzida marca um passo importante na revisão do modelo de trabalho vigente no Brasil. Ao avançar para o Plenário do Senado, a proposta abre espaço para um debate nacional sobre produtividade, bem-estar e competitividade. A decisão final exigirá equilíbrio e compromisso com todas as partes envolvidas.


















