A Bahia segue como referência nacional em diversidade política. Em 2024, 1.285.063 eleitores se autodeclararam negros no cadastro da Justiça Eleitoral. No mesmo pleito, 4.012 candidaturas também foram registradas por pessoas pretas e pardas. O dado confirma o que o IBGE já apontava no censo de 2022. A população negra representa 79,7% dos baianos.

Com 14.141.626 habitantes, a Bahia abriga mais de 11 milhões de pessoas que se identificam como pretas ou pardas. Esse número reforça a importância da autodeclaração no processo eleitoral. Ainda assim, 86,12% dos eleitores aptos a votar no estado não informaram cor ou raça no cadastro. O total de eleitores registrados em 2024 foi de 11.080.295.
A Justiça Eleitoral da Bahia reforça a importância da atualização dos dados para garantir políticas públicas mais inclusivas. A revisão pode ser feita online no site do TRE-BA, por meio da área de autoatendimento. Também é possível buscar os cartórios eleitorais ou unidades do SAC em todo o estado.
A representatividade não é apenas uma questão de números. É também um reflexo da luta histórica por espaço e voz. O dado que mais impressiona é o percentual de candidaturas negras eleitas em 2024. Setenta e quatro por cento dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores eleitos na Bahia se autodeclararam negros.
Entre os prefeitos eleitos, 253 são negros. Já entre os vices, o número chega a 289. No legislativo municipal, 3.470 cadeiras foram ocupadas por pessoas pretas e pardas. Estes dados são oficiais e constam no Portal de Estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral, consultado em novembro de 2025.
A presença negra nas eleições não para de crescer. Dos mais de 35 mil candidatos registrados no estado em 2024, 28.308 se autodeclararam negros. Foram 7.655 pretos e 20.653 pardos. A maior parte das candidaturas negras ocorreu para o cargo de vereador, com mais de 26 mil registros.
Em Salvador e em todo o interior, a Justiça Eleitoral tem promovido ações para fortalecer essa presença. O TRE-BA adotou o Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial e criou uma comissão específica para promover a equidade racial. São medidas que buscam corrigir distorções e garantir igualdade de oportunidades.
A maior população negra do Brasil está na Bahia. Essa força precisa ser respeitada e refletida em todas as esferas do poder. Para mim, mais do que estatísticas, estamos falando de pertencimento e justiça histórica. A política começa no reconhecimento. E sem dados corretos sobre cor e raça, não se constrói um país justo.
É urgente incentivar a autodeclaração no cadastro eleitoral. Afinal, os dados moldam políticas públicas. Se a maioria não informa sua identidade, decisões importantes deixam de atender quem mais precisa. Representatividade começa na base. E a base é o registro.
A Bahia está dando sinais claros de mudança. A presença negra nas eleições de 2024 é um marco. Mas ainda há muito a avançar. Reconhecer, registrar e fortalecer a identidade racial é também um ato político. E quando o voto encontra representatividade, o resultado é mais justiça social.



















