Mesmo com pressões diplomáticas e tarifas econômicas dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro foi preso no Brasil após adulterar sua tornozeleira. A informação foi revelada nesta segunda-feira, 24 de novembro, pelo The New York Times. O gesto escancarou que nem mesmo Donald Trump conseguiu interferir na decisão da Justiça brasileira.

Segundo reportagem publicada pelo The New York Times, Donald Trump pressionou o presidente Lula para barrar o avanço das investigações contra Bolsonaro. A pressão incluiu uma carta diplomática, tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O objetivo era claro: evitar que Bolsonaro fosse preso por tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022. Mas no sábado anterior à publicação, Jair Bolsonaro foi detido após tentar adulterar a tornozeleira eletrônica que usava em prisão domiciliar. Ele teria usado um ferro de solda para danificar o dispositivo. À polícia, alegou alucinações causadas por medicamentos.
Alexandre de Moraes considerou o ex-presidente um risco de fuga. Bolsonaro residia a poucos metros da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Segundo o New York Times, já havia tentado buscar asilo anteriormente, ao dormir na Embaixada da Hungria.
O caso ultrapassa a figura de Bolsonaro. Trata-se de um embate entre soberania institucional e tentativas externas de influência. Para o Brasil, o recado é direto: a Justiça não se curva, nem mesmo diante da pressão de uma potência global.
Para a população, o impacto é prático e simbólico. O episódio afeta a estabilidade política, interfere nas relações comerciais e reforça o papel do STF como ator central da democracia. As tarifas impostas por Trump elevaram os preços de alimentos importados nos EUA. Já a revogação das sanções após um encontro diplomático com Lula mostra uma mudança de prioridades na Casa Branca.

Para mim, o ponto mais sensível está aqui: o cidadão comum vive os efeitos de decisões tomadas a portas fechadas entre presidentes. O debate sobre tornozeleiras, tarifas ou soberania não é abstrato. Ele chega à mesa da cozinha, ao preço da feira e à confiança que cada um deposita na democracia.
A reação de Trump à prisão foi seca: “Que pena”. Poucos meses antes, havia demonstrado indignação pública. Agora, elogiou Lula após um encontro pessoal, dizendo que o brasileiro é “muito enérgico” e que ambos tiveram “ótima química”.
Lula respondeu com firmeza: “Trump precisa entender que somos um país soberano”.
Analistas políticos ouvidos pela imprensa internacional indicam que a tentativa de Trump de interferir pode ter tido efeito oposto. A pena de Bolsonaro foi agravada. O Supremo agiu com ainda mais rigidez, numa demonstração de que a independência do Judiciário está acima da diplomacia.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, também está na mira. Ele é investigado por tentar influenciar diretamente a Casa Branca em favor do pai.
O caso é um divisor de águas. O Brasil foi testado em sua autonomia. Passou. A prisão de Bolsonaro mostra que instituições funcionam quando têm respaldo legal e apoio social. Mas o episódio também expõe fragilidades.
A democracia brasileira vive sob estresse constante. A politização da Justiça, o uso de redes sociais para desinformação e as tentativas de manipulação internacional revelam uma democracia em construção, ainda vulnerável.
Enquanto isso, o povo assiste. Sofre as consequências. E espera que o jogo de gigantes, entre Washington e Brasília, não custe ainda mais caro no dia a dia.
A matéria do New York Times publicada em 24 de novembro de 2025 revelou: a pressão de Trump não foi suficiente para dobrar a Justiça brasileira. Bolsonaro foi preso. As tarifas foram retiradas. Lula saiu fortalecido. E o Brasil reafirmou sua soberania diante de um dos maiores desafios diplomáticos dos últimos anos. Agora, cabe à sociedade garantir que essa vitória institucional não seja apenas pontual, mas parte de um caminho duradouro de autonomia, legalidade e democracia.


















