
Nos últimos dias, mais de 301 mil aposentados e pensionistas da Bahia receberam ressarcimentos que ultrapassam R$ 198,5 milhões, segundo o INSS. Os pagamentos são parte de um acordo nacional que já devolveu R$ 2,1 bilhões a brasileiros lesados por descontos associativos indevidos.
O acordo contempla aposentados e pensionistas que sofreram descontos indevidos entre março de 2020 e março de 2025, relacionados a associações sem consentimento válido. A iniciativa não exige ação judicial e inclui correção monetária pelo IPCA.
Além da reparação financeira, o caso levanta discussões sobre a proteção de dados e a transparência na relação entre entidades associativas e beneficiários do INSS. Para a população, trata-se de uma vitória importante, especialmente diante da vulnerabilidade de muitos idosos envolvidos.
Para mim, o que mais chama atenção é como falhas institucionais podem gerar prejuízos silenciosos por anos. Se não fosse a mobilização dos órgãos públicos e o avanço de plataformas digitais como o Meu INSS, muitos sequer saberiam que estavam sendo lesados.
O presidente do INSS, Gilberto Waller, declarou que “nós prometemos que ninguém ficaria de fora e estamos cumprindo”. Mais de 500 mil pessoas que já contestaram descontos devem ser contempladas na nova fase do acordo.
O processo de adesão é simples e gratuito. Pode ser feito pelo aplicativo Meu INSS ou presencialmente nas agências dos Correios. O prazo para contestar descontos vai até 14 de novembro de 2025. Mesmo após essa data, a adesão ao acordo continuará válida para quem tiver direito.
Enquanto os números impressionam, é no cotidiano que se sente o real impacto desses valores. Para um aposentado que recebe um salário mínimo, um ressarcimento de R$ 500 pode significar comida na mesa, remédio no armário ou alívio de uma dívida.
O caso mostra como o Brasil ainda precisa avançar na fiscalização dos contratos e garantir que o idoso, muitas vezes com baixa escolaridade e acesso limitado à tecnologia, não seja alvo fácil de fraudes. A boa notícia é que, desta vez, o sistema parece estar funcionando. Isso devolve dignidade a quem nunca deveria tê-la perdido.
A devolução de quase R$ 200 milhões na Bahia é um marco importante. Mas o alerta fica: é preciso que o Estado siga vigilante para que esse tipo de desconto indevido não volte a acontecer. A aposentadoria é um direito, não um espaço para exploração.