
Nos últimos dias, um novo episódio envolvendo Jair Bolsonaro elevou a tensão no cenário político. O STF determinou que a defesa do ex-presidente explique, em até 24 horas, a violação de sua tornozeleira eletrônica que ele próprio admitiu tentar abrir com um ferro de solda.
Neste sábado (22), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, reagiu com agilidade após receber um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) e um vídeo que confirmam a tentativa de Jair Bolsonaro de violar sua tornozeleira eletrônica, medida imposta em sua prisão domiciliar.
O alerta de violação foi registrado às 0h07 pelo Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime). A escolta chegou rapidamente à casa de Bolsonaro e constatou que o dispositivo apresentava marcas de queimadura e sinais claros de tentativa de abertura. O próprio ex-presidente confirmou que usou um ferro de solda para tentar abrir o equipamento.
Esse episódio lança dúvidas sobre o cumprimento das medidas judiciais por parte de Bolsonaro e pode agravar sua situação legal. O gesto, por mais simbólico que pareça, aponta para um possível desrespeito às instituições judiciais e reforça sua postura de confronto com decisões do STF.
Para mim, o que mais chama atenção é como, mesmo fora do poder, Bolsonaro continua testando os limites institucionais. A tornozeleira é mais que um equipamento de controle: é um símbolo de uma decisão judicial. Tentar violá-la é, também, tentar desafiar a autoridade da Justiça.
Com a retirada do sigilo, o caso repercutiu amplamente. A Procuradoria-Geral da República deverá se manifestar nos próximos dias. Nos bastidores, juristas apontam que o episódio pode ser incluído como agravante na Ação Penal 2668, na qual Bolsonaro já foi condenado por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
“Não se trata apenas de danificar um equipamento, mas de uma possível violação de medida cautelar imposta pelo Supremo. Isso pode ter consequências sérias”, afirmou um jurista ouvido pelo nosso blog.
Enquanto Brasília debate tornozeleiras, o país segue dividido. Para o cidadão comum, o que pesa é a sensação de que há dois pesos e duas medidas. Se fosse outro nome, de menor poder político, será que a reação judicial teria sido a mesma?
O episódio traz à tona uma questão maior: o respeito às regras do jogo democrático. Quando quem já ocupou o cargo mais alto do país tenta manipular um simples dispositivo de controle, o que isso diz sobre o respeito às leis?
A tentativa de Jair Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica reacende os debates sobre responsabilidade, justiça e impunidade. O STF deu 24 horas para que a defesa se manifeste, mas o impacto desse gesto pode reverberar por muito mais tempo.



















