Trump pode diminuir influência dos EUA no mundo, avaliam especialistas

Brasil pode ser impactado por deportações brasileiros

Por Marcelo oXarope
21/01/2025

Publicado em

oXarope1210125noticiay

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encerrou seu discurso de posse no Capitólio, em Washington, nesta segunda-feira (20) afirmando que o futuro pertence aos norte-americanos e que uma “era de ouro acaba de começar.”

Antes disso, ele disse que “a América, mais uma vez, vai tomar o lugar de a nação mais respeitada e poderosa da Terra.” Confiante, também garantiu que “nos Estados Unidos, o impossível é o que fazemos de melhor.”

Para o cientista político e sócio da Consultoria Tendências Rafael Cortez, a fala do novo presidente pode ser classificada como o velho “estilo verborrágico, sempre muito exagerado sobre os seus feitos e sobre o que ele significa na história americana.”

“O imaginário de liderança que o Trump personifica é um imaginário de vencedor. Ele precisa ser percebido como um líder que vence as disputas”, avalia Cortez.

A empolgação da fala de Donald Trump, no entanto, contrasta com análises que percebem a diminuição da importância econômica, cultural e militar dos norte-americanos nos últimos anos.

Para esses analistas, “os Estados Unidos não conseguem mais sozinhos resolver o problema do Oriente Médio, por isso que eles querem sair. Não estão mais na estratégia de derrubar regimes diretamente, porque isso se mostrou fracassado. Por isso que o Trump vai tentar um plano B para saída na Ucrânia”, descreve Cortez.

Fim da liderança

Nesse sentido, a verborragia de Trump poderá causar frustrações. Para o professor Antonio Jorge Rocha, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), as promessas de apogeu de Trump não serão cumpridas.

Ao contrário, haverá uma “aceleração do fim da liderança americana”. Na visão do acadêmico, “os Estados Unidos sairão desses quatro anos menos poderosos do que estão hoje.”

“Ele tem um pensamento do século 19”, acrescenta Rocha se referindo à política de impor mais tarifas a mercadorias e bens importados.

“As tarifas incidem sobre produtos, que hoje não são a parte mais valiosa das transações internacionais. Há muito mais dinheiro sendo transacionado em serviços, principalmente em finanças. Então o impacto de tarifas sobre essa relação é menor do que foi no passado.”

O professor ainda assinala que “o mundo não é mais o do mercantilismo, a economia não é mais a industrial. Nós estamos falando da economia da informação, onde serviços prevalecem. Como é que essa visão de mundo anacrônica vai produzir resultados nesse novo mundo é o grande mistério.”

Outro sinal de anacronismo no discurso de Trump estaria na intenção de “acabar com a ideia mandatória dos carros elétricos” – tecnologia mais sustentável do que o combustível fóssil e dominada pela China – e na promessa de perfurar poços de petróleo, dentro e fora dos EUA, para “a maior quantidade de petróleo e gás do que qualquer país na Terra.”

De acordo com Rafael Cortez, o estímulo à indústria petroleira, com desregulamentação ambiental, é aumentar a produção de energia que pressiona a inflação.

“Me parece que o que o Trump quer fazer é buscar reduzir o componente da energia dentro da inflação para, de alguma maneira, compensar os efeitos possíveis inflacionários do protecionismo comercial.”

Na opinião de Antonio Jorge Rocha, a demanda por mais combustível poderá ter um aspecto positivo. “Talvez favoreça, por exemplo, a redução das tensões aqui com a Venezuela. [A multinacional] Chevron [de capital norte-americano] já está de corpo e alma na Guiana e já na Venezuela também. Eu aposto que vai prevalecer o interesse econômico nesse caso.”

Rafael Cortez acrescenta que além da atuação americana na Venezuela, o Brasil poderá ser impactado com a política de deportações de imigrantes brasileiros que estejam irregulares e também com aumento de juros nos Estados Unidos para conter a inflação, o que pode resultar no crescimento das taxas de juros cobradas nos países emergentes como o Brasil e, consequentemente, pressionar o câmbio.

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Maria, José e Santos dominam os registros civis na Bahia segundo o Censo 2022

Em 2022, Maria era o nome de 1 em cada 10 mulheres na Bahia. José seguia como…

Prefeitura de Eunápolis moderniza Hospital Geral e inaugura nova fase na saúde pública do município

A Prefeitura de Eunápolis segue executando um amplo projeto de requalificação do Hospital Geral, transformando a principal…

Porto Seguro está no topo das buscas para viagens de verão e fim de ano

Porto Seguro reafirma seu protagonismo no turismo brasileiro ao figurar entre os dez destinos mais buscados do…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e…

Transporte por aplicativo cresce na Bahia, mas ainda está presente em apenas 11% dos municípios

Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar…

Trump pode diminuir influência dos EUA no mundo, avaliam especialistas

Brasil pode ser impactado por deportações brasileiros

Por Marcelo oXarope
21/01/2025 - 16h25 - Atualizado 21 de janeiro de 2025

Publicado em

oXarope1210125noticiay

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encerrou seu discurso de posse no Capitólio, em Washington, nesta segunda-feira (20) afirmando que o futuro pertence aos norte-americanos e que uma “era de ouro acaba de começar.”

Antes disso, ele disse que “a América, mais uma vez, vai tomar o lugar de a nação mais respeitada e poderosa da Terra.” Confiante, também garantiu que “nos Estados Unidos, o impossível é o que fazemos de melhor.”

Para o cientista político e sócio da Consultoria Tendências Rafael Cortez, a fala do novo presidente pode ser classificada como o velho “estilo verborrágico, sempre muito exagerado sobre os seus feitos e sobre o que ele significa na história americana.”

“O imaginário de liderança que o Trump personifica é um imaginário de vencedor. Ele precisa ser percebido como um líder que vence as disputas”, avalia Cortez.

A empolgação da fala de Donald Trump, no entanto, contrasta com análises que percebem a diminuição da importância econômica, cultural e militar dos norte-americanos nos últimos anos.

Para esses analistas, “os Estados Unidos não conseguem mais sozinhos resolver o problema do Oriente Médio, por isso que eles querem sair. Não estão mais na estratégia de derrubar regimes diretamente, porque isso se mostrou fracassado. Por isso que o Trump vai tentar um plano B para saída na Ucrânia”, descreve Cortez.

Fim da liderança

Nesse sentido, a verborragia de Trump poderá causar frustrações. Para o professor Antonio Jorge Rocha, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), as promessas de apogeu de Trump não serão cumpridas.

Ao contrário, haverá uma “aceleração do fim da liderança americana”. Na visão do acadêmico, “os Estados Unidos sairão desses quatro anos menos poderosos do que estão hoje.”

“Ele tem um pensamento do século 19”, acrescenta Rocha se referindo à política de impor mais tarifas a mercadorias e bens importados.

“As tarifas incidem sobre produtos, que hoje não são a parte mais valiosa das transações internacionais. Há muito mais dinheiro sendo transacionado em serviços, principalmente em finanças. Então o impacto de tarifas sobre essa relação é menor do que foi no passado.”

O professor ainda assinala que “o mundo não é mais o do mercantilismo, a economia não é mais a industrial. Nós estamos falando da economia da informação, onde serviços prevalecem. Como é que essa visão de mundo anacrônica vai produzir resultados nesse novo mundo é o grande mistério.”

Outro sinal de anacronismo no discurso de Trump estaria na intenção de “acabar com a ideia mandatória dos carros elétricos” – tecnologia mais sustentável do que o combustível fóssil e dominada pela China – e na promessa de perfurar poços de petróleo, dentro e fora dos EUA, para “a maior quantidade de petróleo e gás do que qualquer país na Terra.”

De acordo com Rafael Cortez, o estímulo à indústria petroleira, com desregulamentação ambiental, é aumentar a produção de energia que pressiona a inflação.

“Me parece que o que o Trump quer fazer é buscar reduzir o componente da energia dentro da inflação para, de alguma maneira, compensar os efeitos possíveis inflacionários do protecionismo comercial.”

Na opinião de Antonio Jorge Rocha, a demanda por mais combustível poderá ter um aspecto positivo. “Talvez favoreça, por exemplo, a redução das tensões aqui com a Venezuela. [A multinacional] Chevron [de capital norte-americano] já está de corpo e alma na Guiana e já na Venezuela também. Eu aposto que vai prevalecer o interesse econômico nesse caso.”

Rafael Cortez acrescenta que além da atuação americana na Venezuela, o Brasil poderá ser impactado com a política de deportações de imigrantes brasileiros que estejam irregulares e também com aumento de juros nos Estados Unidos para conter a inflação, o que pode resultar no crescimento das taxas de juros cobradas nos países emergentes como o Brasil e, consequentemente, pressionar o câmbio.

1

Mais recentes

Maria, José e Santos dominam os registros civis na Bahia segundo o Censo 2022

Em 2022, Maria era o nome de 1 em cada 10 mulheres na Bahia. José seguia como o nome masculino mais comum. Já Santos se…

Prefeitura de Eunápolis moderniza Hospital Geral e inaugura nova fase na saúde pública do município

A Prefeitura de Eunápolis segue executando um amplo projeto de requalificação do Hospital Geral, transformando a principal unidade de saúde do município em um espaço…

Porto Seguro está no topo das buscas para viagens de verão e fim de ano

Porto Seguro reafirma seu protagonismo no turismo brasileiro ao figurar entre os dez destinos mais buscados do país, segundo pesquisa divulgada pela plataforma Airbnb em…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e das forças policiais vem produzindo resultados concretos e,…

Transporte por aplicativo cresce na Bahia, mas ainda está presente em apenas 11% dos municípios

Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar disso, o serviço ainda está ausente em quase…

Cláudia Oliveira

Deputada Cláudia Oliveira reforça cobrança por obras no desvio da BR-101 para garantir mobilidade e segurança 

Durante reunião da Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), a deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) voltou a cobrar…

Benefícios federais crescem e expõem falhas de fiscalização

O aumento do número de famílias atendidas por programas de transferência de renda no Brasil levanta uma preocupação antiga: a falta de fiscalização efetiva e…

Economia baiana sente efeitos do tarifaço e registra queda de arrecadação no terceiro trimestre

A economia da Bahia registrou retração no terceiro trimestre de 2025, acompanhando o desempenho negativo do PIB nacional entre abril e julho, que só apresentou…

Veracel investe R$ 1 milhão em projetos com Lei de Incentivo e amplia apoio às comunidades do Sul da Bahia

Só neste ano, a Veracel destinou mais de R$ 1 milhão a projetos aprovados por leis de incentivo fiscal. O investimento fortalece o compromisso da…

Lula e Trump se reúnem na Malásia e destravam negociação sobre tarifas a produtos brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou neste domingo, 26 de outubro, em Kuala Lumpur, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump….

Campos de Ideias participa do ENAPRO 2025 e reforça compromisso com a educação continuada e o futuro humano da comunicação

A Campos de Ideias marcou presença no ENAPRO – Encontro Nacional das Agências de Propaganda, realizado no Resort Stela Mares, em Salvador (BA). Com o…

Manobra de Fux no STF pode reacender esperança política de Bolsonaro

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal, pediu transferência da 1ª para a 2ª Turma da Corte. A mudança, que parece meramente burocrática, pode abrir…

Indústria baiana vê na cultura um trunfo estratégico para inovação e impacto social

Uma nova pesquisa do SESI Bahia aponta que 96% das médias e grandes indústrias da Bahia enxergam a cultura como peça-chave para o desenvolvimento humano,…

Bahia lidera país em trabalhadores que vão a pé para o trabalho, revela Censo 2022

Nos resultados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quarta-feira (9/10) pelo IBGE, a Bahia aparece com a maior proporção de trabalhadores que se deslocam a…

IFBA Eunápolis promoverá 22º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2025 no mês de outubro

O Instituto Federal da Bahia- Campus Eunápolis promoverá a sua 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), entre os dias 21 a 25 de outubro….

Rolar para cima