Agosto Lilás é o mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. A campanha, coordenada pelo Ministério da Saúde, busca dar visibilidade ao tema, divulgar os direitos das vítimas e ampliar o acesso aos serviços especializados de acolhimento, orientação e denúncia.
Na Bahia, o Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher registrou em 2024 um aumento de 42% nos atendimentos. Foram 63.330 ligações, contra 44.594 no ano anterior. As denúncias também cresceram 11,6% no período. Entre elas, 5.985 foram feitas pelas próprias vítimas e 3.096 por terceiros.
A casa da vítima segue como o principal cenário das agressões, com 3.847 casos. Já as residências compartilhadas com o agressor somaram 2.921 denúncias. Mulheres entre 40 e 44 anos representam a maior parcela das vítimas (1.471 casos), sendo as mulheres pretas ou pardas as mais atingidas (6.707 casos). Os agressores mais comuns são esposos, companheiros ou ex-companheiros (2.440 casos).
Para a psicóloga Verônica Lima, da Hapvida, identificar sinais de violência é essencial, mesmo sem denúncia formal.
“Mudanças bruscas de comportamento, isolamento, tristeza e irritabilidade são sinais de alerta. Justificativas frequentes para machucados ou ausências também precisam ser observadas”, afirma.
A especialista ressalta que barreiras socioeconômicas e culturais ainda impedem muitas mulheres de romper o ciclo da violência. “Vergonha, medo de julgamento e ameaças do agressor se somam a crenças como ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’”, alerta.
De janeiro a dezembro de 2024, o Núcleo de Defesa das Mulheres da Defensoria Pública da Bahia atendeu, em média, 380 casos por mês, totalizando mais de 4,5 mil mulheres.
Campanhas como o Agosto Lilás, segundo Verônica, são essenciais para informar e conectar vítimas a redes de apoio. “Uma rede integrada e humanizada, aliada a terapias de fortalecimento da autonomia, é fundamental para romper o ciclo da violência”, destaca.
O Canal Delas, iniciativa da Hapvida em parceria com a ONG As Justiceiras, é um exemplo dessa rede. A plataforma oferece denúncias e acolhimento com suporte jurídico, psicológico, socioassistencial e médico, por meio de uma força-tarefa voluntária de mulheres.
Denuncie: Ligue 180 ou procure os canais de atendimento da sua cidade.