Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar disso, o serviço ainda está ausente em quase 90% das cidades baianas.
Em 2024, apenas 48 dos 417 municípios da Bahia possuíam serviço de transporte por aplicativo como Uber ou 99Taxi. Isso representa 11,5% do total, proporção bem inferior a nacional, que é de 26,3%. Mesmo com o crescimento recente, a Bahia ocupa a oitava pior posição do país no índice de presença desses serviços.
O avanço foi significativo. Em 2020, apenas 26 cidades baianas ofereciam transporte por aplicativo. O salto para 48 municípios em 2024 representa uma alta de 84,6%. Em comparação, o crescimento nacional foi de 66,9%, passando de 878 para 1.465 cidades.
A expansão do transporte por aplicativo pode melhorar a mobilidade urbana, especialmente em cidades que não contam com transporte público eficiente. No entanto, a baixa penetração desses serviços no interior baiano revela desigualdades de acesso e infraestrutura.
Para mim, o mais preocupante é que a ausência desses serviços está concentrada justamente onde as alternativas de transporte são mais limitadas. Isso prejudica o ir e vir de quem depende da locomoção para acessar trabalho, saúde ou educação.
Mesmo com o avanço dos aplicativos, outros meios de transporte mostraram pouca variação. O número de cidades com serviço de van caiu de 364 para 350. Já os municípios com táxi passaram de 317 para 318, e com mototáxi, de 316 para 317.

Entre 2020 e 2024, o número de cidades sem qualquer tipo de transporte investigado aumentou. Passou de 12 para 19, o que representa um crescimento de 58,3%. Isso equivale a 4,6% dos municípios baianos, índice ainda menor que o nacional, de 8,1%.
Em 2024, 63 municípios do estado afirmaram ter políticas de gratuidade total no transporte coletivo. Em 33 dessas cidades, a gratuidade se aplicava todos os dias. Nacionalmente, 650 cidades adotavam essa prática diária, o equivalente a 11,7% do total.
A presença de ciclovias também cresceu. De 2020 a 2024, a Bahia passou de 79 para 87 municípios com ciclovias, aumento de 10,1%. O crescimento baiano foi superior à média nacional, que ficou em 6%.
Quando se fala de transporte, não se trata apenas de mobilidade. Trata-se de dignidade, acesso e cidadania. A desigualdade entre a capital e o interior da Bahia continua visível até nos meios de locomoção disponíveis.
É positivo ver o avanço dos aplicativos e o esforço por políticas como a gratuidade no transporte. Mas os números ainda revelam uma Bahia dividida, onde o direito de ir e vir depende do CEP.
O crescimento do transporte por aplicativo na Bahia mostra um avanço importante, mas insuficiente. A maioria das cidades ainda vive à margem das soluções modernas de mobilidade. Se a tecnologia avança, o poder público precisa avançar junto para garantir que ninguém fique para trás.


















