Descriminalização da maconha: “60g extrapola toda e qualquer razoabilidade”, afirma delegado

Por Marcelo oXarope
10/03/2024

Publicado em - -

oXarope109MAR24-1
Atualmente, se uma pessoa flagrada portando maconha ela é autuada, é levada para delegacia.

Ainda não tem data prevista para o retorno do julgamento no Supremo Tribunal Federal que discute se o porte de maconha para consumo próprio pode ou não ser considerado crime. O julgamento da última quarta-feira (7) foi suspenso depois que o ministro Dias Toffoli pediu vista do processo. 

O artigo 28 da Lei de Drogas pune quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização”. E é justamente isso que está sendo decidido no STF, com o julgamento do Recurso Extraordinário 635.659. A votação parou com 5 votos a 3 pela descriminalização. Quatro dos cinco ministros que votaram a favor, até agora, entendem que 60 gramas de maconha deve ser o peso considerado limite para o porte. 

Na prática, o que são 60 gramas de maconha? 

Um cigarro industrializado pesa, em média, 1,2g. Considerando o peso do tabaco, do papel que envolve e do filtro. Dentro desses valores, para 60 gramas de erva — teríamos de forma comparativa — 50 cigarros. Esta seria a quantidade média de cigarros produzida com 60 gramas de maconha.

O limite considerado porte, segundo o que está em votação no STF, seria correspondente a um pires cheio de temperos secos, por exemplo.  

Segundo o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de SP, André Santos Pereira, a maconha costuma ser vendida em trouxas ou cigarros e o preço varia muito. “Tanto de acordo com o produto vendido, quanto com o local e para as pessoas com quem ele é comercializado.” 

Mas, em média, segundo o delegado, “uma trouxinha ou cigarro de maconha, pode variar entre R$ 10 e R$ 50.”

Mas o que muda com a decisão

Atualmente, se uma pessoa flagrada portando maconha ela é autuada, é levada para delegacia. A lei não prevê pena restritiva de liberdade — apenas de direito — como explica o delegado André Pereira. 

“Aquele que pratica essa conduta não será preso. Ele sofrerá uma pena de advertência, de prestação de serviços à comunidade ou de comparecimento a um programa ou curso educativo. Não tem pena de prisão”. 

Mas para o delegado André, esse peso — 60 gramas — não é razoável. “Mesmo que se estabeleça uma quantidade específica, e que me parece que 60g extrapola toda e qualquer razoabilidade, já que teremos um indivíduo fumando uma carteira de cigarros ou mais”. 

Atualmente, existem critérios que diferenciam um usuário de um traficante, que vão além da quantidade de droga portada. São eles: 

  • natureza da droga;
  • circunstâncias em que a pessoa foi flagrada;
  • condições sociais e pessoais do indivíduo que está sendo investigado, como antecedentes criminais.

O critério da fixação da quantidade é perigoso, na avaliação do delegado André Pereira. 

“A partir do momento que o STF se posicionar para dizer que a conduta não ser mais crime a partir de determinada quantidade fixa — deixando de considerar esses outros critérios — a gente passa a ter uma lacuna jurídica”.

Não sendo mais possível determinar situações de tráfico — de acordo com as circunstâncias — uma vez que o critério da quantidade será preponderante. 

A lei não muda

Vale lembrar que o que está em julgamento no STF é um Recurso extraordinário, que não muda a lei de drogas vigente hoje. O advogado especialista em tribunais Superiores, Vitor Covolato, esclarece. 

“O Supremo não está julgando a legalização da maconha, não está julgando a descriminalização da maconha, ele só está dizendo que não é crime você portar maconha para uso próprio”.

O advogado explica que o que está em julgamento é sobre a constitucionalidade do artigo 28 da lei de Drogas que traz algumas penalidades para quem portar maconha para uso próprio. 

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Itapebi recebe nova ambulância por meio de emenda da deputada Cláudia Oliveira

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) destinou, por meio de emenda parlamentar do seu mandato, uma nova…

Popularidade de Ricardo Flauzino dispara com 10 meses de gestão em Itabela

Em apenas 10 meses à frente da Prefeitura de Itabela, Ricardo Flauzino tem se destacado por uma…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e…

Em quatro anos, Bahia reduz número de municípios com favelas, cortiços e ocupações mas desigualdade urbana persiste

Nos últimos quatro anos, a Bahia registrou uma queda significativa no número de cidades com moradias precárias….

Lideranças da direita se reúnem em Eunápolis para fortalecer movimento e discutir desafios locais

Na última sexta-feira (31), Eunápolis recebeu uma importante reunião política que reuniu lideranças da direita para discutir…

Descriminalização da maconha: “60g extrapola toda e qualquer razoabilidade”, afirma delegado

Por Marcelo oXarope
10/03/2024 - 14h31 - Atualizado 11 de março de 2024

Publicado em - -

oXarope109MAR24-1
Atualmente, se uma pessoa flagrada portando maconha ela é autuada, é levada para delegacia.

Ainda não tem data prevista para o retorno do julgamento no Supremo Tribunal Federal que discute se o porte de maconha para consumo próprio pode ou não ser considerado crime. O julgamento da última quarta-feira (7) foi suspenso depois que o ministro Dias Toffoli pediu vista do processo. 

O artigo 28 da Lei de Drogas pune quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização”. E é justamente isso que está sendo decidido no STF, com o julgamento do Recurso Extraordinário 635.659. A votação parou com 5 votos a 3 pela descriminalização. Quatro dos cinco ministros que votaram a favor, até agora, entendem que 60 gramas de maconha deve ser o peso considerado limite para o porte. 

Na prática, o que são 60 gramas de maconha? 

Um cigarro industrializado pesa, em média, 1,2g. Considerando o peso do tabaco, do papel que envolve e do filtro. Dentro desses valores, para 60 gramas de erva — teríamos de forma comparativa — 50 cigarros. Esta seria a quantidade média de cigarros produzida com 60 gramas de maconha.

O limite considerado porte, segundo o que está em votação no STF, seria correspondente a um pires cheio de temperos secos, por exemplo.  

Segundo o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de SP, André Santos Pereira, a maconha costuma ser vendida em trouxas ou cigarros e o preço varia muito. “Tanto de acordo com o produto vendido, quanto com o local e para as pessoas com quem ele é comercializado.” 

Mas, em média, segundo o delegado, “uma trouxinha ou cigarro de maconha, pode variar entre R$ 10 e R$ 50.”

Mas o que muda com a decisão

Atualmente, se uma pessoa flagrada portando maconha ela é autuada, é levada para delegacia. A lei não prevê pena restritiva de liberdade — apenas de direito — como explica o delegado André Pereira. 

“Aquele que pratica essa conduta não será preso. Ele sofrerá uma pena de advertência, de prestação de serviços à comunidade ou de comparecimento a um programa ou curso educativo. Não tem pena de prisão”. 

Mas para o delegado André, esse peso — 60 gramas — não é razoável. “Mesmo que se estabeleça uma quantidade específica, e que me parece que 60g extrapola toda e qualquer razoabilidade, já que teremos um indivíduo fumando uma carteira de cigarros ou mais”. 

Atualmente, existem critérios que diferenciam um usuário de um traficante, que vão além da quantidade de droga portada. São eles: 

  • natureza da droga;
  • circunstâncias em que a pessoa foi flagrada;
  • condições sociais e pessoais do indivíduo que está sendo investigado, como antecedentes criminais.

O critério da fixação da quantidade é perigoso, na avaliação do delegado André Pereira. 

“A partir do momento que o STF se posicionar para dizer que a conduta não ser mais crime a partir de determinada quantidade fixa — deixando de considerar esses outros critérios — a gente passa a ter uma lacuna jurídica”.

Não sendo mais possível determinar situações de tráfico — de acordo com as circunstâncias — uma vez que o critério da quantidade será preponderante. 

A lei não muda

Vale lembrar que o que está em julgamento no STF é um Recurso extraordinário, que não muda a lei de drogas vigente hoje. O advogado especialista em tribunais Superiores, Vitor Covolato, esclarece. 

“O Supremo não está julgando a legalização da maconha, não está julgando a descriminalização da maconha, ele só está dizendo que não é crime você portar maconha para uso próprio”.

O advogado explica que o que está em julgamento é sobre a constitucionalidade do artigo 28 da lei de Drogas que traz algumas penalidades para quem portar maconha para uso próprio. 

1

Mais recentes

Itapebi recebe nova ambulância por meio de emenda da deputada Cláudia Oliveira

A deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) destinou, por meio de emenda parlamentar do seu mandato, uma nova ambulância para o município de Itapebi, que vai…

Popularidade de Ricardo Flauzino dispara com 10 meses de gestão em Itabela

Em apenas 10 meses à frente da Prefeitura de Itabela, Ricardo Flauzino tem se destacado por uma gestão firme, acessível e focada em quem mais…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e das forças policiais vem produzindo resultados concretos e,…

Em quatro anos, Bahia reduz número de municípios com favelas, cortiços e ocupações mas desigualdade urbana persiste

Nos últimos quatro anos, a Bahia registrou uma queda significativa no número de cidades com moradias precárias. O recuo em favelas, cortiços e ocupações foi…

Lideranças da direita se reúnem em Eunápolis para fortalecer movimento e discutir desafios locais

Na última sexta-feira (31), Eunápolis recebeu uma importante reunião política que reuniu lideranças da direita para discutir os rumos do movimento no município. O encontro,…

Transporte por aplicativo cresce na Bahia, mas ainda está presente em apenas 11% dos municípios

Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar disso, o serviço ainda está ausente em quase…

Apenas 1 em cada 3 municípios baianos atua na promoção da igualdade racial apesar da maioria negra

Nos últimos anos, a Bahia tem mostrado avanços tímidos e contrastes marcantes na luta por igualdade racial. Apesar de ter a segunda maior proporção de…

Desemprego no Brasil recua para 5,6% e atinge menor nível desde 2012

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre encerrado em setembro, o menor índice para o período desde o início da série…

Prefeitura de Eunápolis avança com obras de macrodrenagem e pavimentação na Rua Adolfo Xavier

A Prefeitura de Eunápolis, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, segue ampliando os investimentos em mobilidade e qualidade de vida urbana. As obras de…

Conquistas do povo baiano são celebradas em nova campanha do governo

O governo do estado lançou a nova campanha institucional “Bahia pra frente, do lado da gente”, que tem como objetivo destacar as transformações recentes e…

Projeto “Mulheres que Fluem” promove acolhimento e conexão com a natureza para mães atípicas

Nesta sexta-feira, 31, mães atípicas de Porto Seguro vivenciaram uma jornada de acolhimento e renovação com o projeto “Mulheres que Fluem”, uma iniciativa voltada para…

“A Bahia é o espírito do Brasil”, afirma presidente da OAB Nacional ao receber Comenda 2 de Julho

A solenidade de entrega da Comenda 2 de Julho ao presidente da OAB Nacional, José Alberto Simonetti (Beto Simonetti), reuniu emoção, homenagens e forte presença…

Com novas melhorias, Mamagaya se consolida como point de lazer do porto-segurense

O Complexo de Lazer Mamagaya continua recebendo melhorias importantes para a consolidação do espaço, que hoje já é o maior e mais querido Centro Esportivo…

Outubro Rosa: Prefeitura de Itabela encerra mês de conscientização com caminhada pela saúde da mulher

Encerrando o mês de conscientização sobre o câncer de mama e do colo do útero, a Prefeitura de Itabela, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, promoveu…

Prefeitura de Porto Seguro realiza manutenção completa na Rotatória 2

A Rotatória 2, um dos pontos mais queridos para lazer do porto-segurense, recebeu uma manutenção completa da Prefeitura de Porto Seguro, através do Departamento de…

Rolar para cima