
A economia da Bahia registrou retração no terceiro trimestre de 2025, acompanhando o desempenho negativo do PIB nacional entre abril e julho, que só apresentou leve recuperação de 0,7% em agosto. De acordo com levantamento feito pelo Instituto de Auditores Fiscais da Bahia (IAF Sindical), o principal fator para a desaceleração foi o impacto do tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, atingindo diretamente parte da produção baiana de soja, algodão, cacau, celulose e derivados de petróleo.
Ainda segundo o IAF Sindical, o reflexo foi sentido especialmente nos setores industrial e de serviços, como comunicações, energia e transportes. Isso resultou em queda real de 2,01% na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre julho e setembro, totalizando R$ 10,24 bilhões frente aos R$ 10,45 bilhões arrecadados no mesmo período de 2024. O imposto representa cerca de 90% das receitas tributárias do Estado.
Entre os segmentos mais afetados estão o de Petróleo, com recuo de 4,17%, Indústria de Bebidas, com queda de 7,84%, Mineração e Derivados, com retração de 6,6%, e Indústria Química, com perda de 13,35%. Já o setor atacadista apresentou leve retração de 1,12%, compensada por um pequeno avanço no Varejo, de 1,24%, e crescimento expressivo nos Supermercados, com alta de 13,37%. Esse resultado foi impulsionado pela manutenção do consumo de alimentos, embora a demanda por bebidas e bens duráveis tenha diminuído.
No acumulado de janeiro a setembro, a arrecadação do ICMS ainda apresenta ganho real de 1,94%, somando R$ 30,837 bilhões, ante R$ 30,251 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Esse resultado foi favorecido pela recuperação de créditos tributários nos primeiros meses do ano, em função da anistia fiscal. Ainda assim, permanecem em queda os segmentos de Petróleo, com recuo de 8,73%, Serviços de Transporte, com queda de 13,64%, e Utilidade Pública, com retração de 4,18%.
A manutenção da taxa Selic em patamar elevado, com juros reais próximos de 10% ao ano, tem sido apontada como um dos principais entraves à retomada econômica. Essa condição inibe a demanda por crédito, o consumo de bens duráveis e a realização de novos investimentos. A incerteza fiscal e o desequilíbrio das contas públicas também são fatores que desestimulam investidores e dificultam a geração de empregos e renda no estado.
Josias Menezes, diretor de Assuntos Econômicos e Financeiros do IAF Sindical, também destaca a crise enfrentada pela Braskem. A empresa tem sido impactada pelo alto custo da nafta e pela ausência de novos investimentos no Polo Petroquímico de Camaçari, que, segundo ele, atravessa um processo de sucateamento e perda de relevância para a economia baiana.
O cenário demanda um esforço conjunto entre o Estado, o setor produtivo e as instituições de fomento. Precisamos de um plano estratégico que envolva as federações da indústria, comércio e agricultura, além do SEBRAE e do CIMATEC, para aproveitar melhor nossas potencialidades e ampliar a base produtiva. Sem crescimento econômico, não há como sustentar o aumento da arrecadação nem atender às demandas por infraestrutura e serviços públicos de qualidade. Há também a importância de fortalecer os órgãos de pesquisa e extensão rural e de garantir a atuação efetiva de agentes de fomento como a Desenbahia e o Banco do Nordeste, canalizando recursos do BNDES, FINEP e FNE para novos empreendimentos, afirmou.
Informações – Vitor Duo Comunicação

















