Quando estou com você

Conto poético de amor. Porque amar é preciso!

Por Redação Oxarope
12/03/2024

Publicado em

oXarope112mar24

Subi as escadas do Amparo, vi seu rosto e uma expressão que não reconheci. 
E eu vi uma moça bonita e uma senhora com altivo semblante. 
Dei um meio sorriso a você, não sei se notou. 
Enquanto eu amarrava os cadarços, você olhou. 
Gosto quando olham e leem o que veem. 
São pedaços de realidade. 
A moça? Minha irmã. 
A senhora? Minha mãe. 
E eu percebendo seus sorrisos e olhares de maneira natural, espontânea, retribuindo.   
Senti-me visto por dentro, desarmado, despido. E gostei. 
Moro num lugar onde há muito de mim, onde há calmaria, horizonte em todas as direções, revoadas de periquitos, beija-flor na janela, brisa sempre fresca e verão permanente. 
Sempre há música ou comidas, ou os dois. 
E do que mais você gosta? 
De todo dia ser diferente. 
Penso que amo, às vezes penso que não. 
Entretanto, hoje amo no exato instante do pensamento. 
Você aprendeu a amar? 
Já mudei de cidade, de casa, de amigos, por vezes por obrigação, outras por vontade. 
Sempre tive que aprender a amar. 
Qual a sentença que carrega consigo?
Uma camiseta de domingo, trechos de livros, capas de revistas, coisas que vou absorvendo devagar. 
Minha citação é que, neste momento, vou me levar a passear, almoçar meu prato de comida chinesa preferido, comprar um vinho, um disco, um filme de amor. 
Quer ir comigo? 
Tenho tido tempo pra pensar. 
Tempo no transporte, a caminho dos destinos, tempo pra ler o mundo, tempo pra meditar.
Qual o seu próprio tempo?
O de alguma canção com viola. 
O de dançar de cueca sobre a cama. 
O tempo dos livros de cabeceira. 
Você gosta de sorrir?
Sim. De chorar também. 
Sorrio pelo motivo mais banal e pelo mais profundo. 
Gente me faz sorrir, piadas nem tanto. 
Boas histórias, cenas inesquecíveis, cheiro de tempero, rostos bonitos (sorri muitas vezes olhando o seu). 
E choro com cenas de novelas e filmes antigos. 
Você se acha bonito? 
Por dentro, sim. Por fora, nada de extraordinário. 
Cortei o cabelo rente ao queixo, divido ao meio ou de lado, como no curso da vida. 
E você? Quais seus grandes prazeres de viver?
Comer, dormir, rezar, sorrir, amar, ler, escrever, sonhar e silenciar, entre outros inconfessáveis. 
Você toca instrumentos? 
Os mais encantadores.
Toco piano e violão e me divirto com acordeon, pandeiro, triângulo, castanholas, flautas e percussão. 
Por que não casou? 
Porque não tenho um canteiro de rosas pra firmar minhas raízes.
Então…você é um feiticeiro? 
Feiticeiros vivem em linha tênue, eternos aprendizes. 
Sempre pasmos com o mundo. 
Boquiabertos com as coisas que passam à frente. 
Quase perdidos. 
Explica o porquê do seu nome ser tão bonito quanto você. 
Pois eu gosto do seu, sabia? 
É forte, charmoso, imponente. 
Quero conhecê-lo pessoalmente. 
Logo hoje que estou tão frágil, sem luz, acuado? Aliás, tem um abraço de cinco minutos pra me conceder? 
E uma troca de olhar, se também precisar. 
Você tem medo?
Sou ponderado e sereno, mas também sonhador, desprendido em excesso.
Tenho medo de partir ou de que partam antes de mim.
Você pode ficar um pouco mais? 
Se eu ficar, roubarei um beijo seu.
Em que parte do mundo você está?
Estou no sofá com forro de partitura, um banquinho de madeira crua à frente, em que descanso os pés cruzados, uma estante de livros a alguns metros, uma viola caipira à direita e plantas à esquerda. 
Nem mais nem menos, e nem igual. 
Exatamente como a paisagem que você vê no trajeto do transporte? 
Pego o ônibus em Nazaré, desço pelo Dique, passo pela Lapa, subo a escadaria até o Central na Rua Joana Angélica, sigo até a Entrada do Tororó, descanso no Largo e subo a ladeira até a Capelinha depois de comprar pão francês feito na hora.
Minha vida é assim todo o tempo. 
Não sou eu quem dito.
São pedaços de paisagens. 
Gosta de doce de goiaba? Ou de beijo na boca? 
Gosto muito de você. E da chuva que cai lá fora, com os pingos brilhando nos paralelepípedos, a luz alaranjada, típica de Salvador. 
Como eu ainda não tinha visto você no mundo? 
Não sei. Temos tanto em comum, não é?
“Bigodes de foca, nariz de tamanduá, bico de pato e jeitão de sabiá?” 
Sim. E é tão lindo. Deixa como está. 
No final, será o que não sei, mas será.

(Marco Jardim) @marcoajardim no Instagram

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12/03/2024 - 09h21 - Atualizado 12 de março de 2024

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Subi as escadas do Amparo, vi seu rosto e uma expressão que não reconheci. 
E eu vi uma moça bonita e uma senhora com altivo semblante. 
Dei um meio sorriso a você, não sei se notou. 
Enquanto eu amarrava os cadarços, você olhou. 
Gosto quando olham e leem o que veem. 
São pedaços de realidade. 
A moça? Minha irmã. 
A senhora? Minha mãe. 
E eu percebendo seus sorrisos e olhares de maneira natural, espontânea, retribuindo.   
Senti-me visto por dentro, desarmado, despido. E gostei. 
Moro num lugar onde há muito de mim, onde há calmaria, horizonte em todas as direções, revoadas de periquitos, beija-flor na janela, brisa sempre fresca e verão permanente. 
Sempre há música ou comidas, ou os dois. 
E do que mais você gosta? 
De todo dia ser diferente. 
Penso que amo, às vezes penso que não. 
Entretanto, hoje amo no exato instante do pensamento. 
Você aprendeu a amar? 
Já mudei de cidade, de casa, de amigos, por vezes por obrigação, outras por vontade. 
Sempre tive que aprender a amar. 
Qual a sentença que carrega consigo?
Uma camiseta de domingo, trechos de livros, capas de revistas, coisas que vou absorvendo devagar. 
Minha citação é que, neste momento, vou me levar a passear, almoçar meu prato de comida chinesa preferido, comprar um vinho, um disco, um filme de amor. 
Quer ir comigo? 
Tenho tido tempo pra pensar. 
Tempo no transporte, a caminho dos destinos, tempo pra ler o mundo, tempo pra meditar.
Qual o seu próprio tempo?
O de alguma canção com viola. 
O de dançar de cueca sobre a cama. 
O tempo dos livros de cabeceira. 
Você gosta de sorrir?
Sim. De chorar também. 
Sorrio pelo motivo mais banal e pelo mais profundo. 
Gente me faz sorrir, piadas nem tanto. 
Boas histórias, cenas inesquecíveis, cheiro de tempero, rostos bonitos (sorri muitas vezes olhando o seu). 
E choro com cenas de novelas e filmes antigos. 
Você se acha bonito? 
Por dentro, sim. Por fora, nada de extraordinário. 
Cortei o cabelo rente ao queixo, divido ao meio ou de lado, como no curso da vida. 
E você? Quais seus grandes prazeres de viver?
Comer, dormir, rezar, sorrir, amar, ler, escrever, sonhar e silenciar, entre outros inconfessáveis. 
Você toca instrumentos? 
Os mais encantadores.
Toco piano e violão e me divirto com acordeon, pandeiro, triângulo, castanholas, flautas e percussão. 
Por que não casou? 
Porque não tenho um canteiro de rosas pra firmar minhas raízes.
Então…você é um feiticeiro? 
Feiticeiros vivem em linha tênue, eternos aprendizes. 
Sempre pasmos com o mundo. 
Boquiabertos com as coisas que passam à frente. 
Quase perdidos. 
Explica o porquê do seu nome ser tão bonito quanto você. 
Pois eu gosto do seu, sabia? 
É forte, charmoso, imponente. 
Quero conhecê-lo pessoalmente. 
Logo hoje que estou tão frágil, sem luz, acuado? Aliás, tem um abraço de cinco minutos pra me conceder? 
E uma troca de olhar, se também precisar. 
Você tem medo?
Sou ponderado e sereno, mas também sonhador, desprendido em excesso.
Tenho medo de partir ou de que partam antes de mim.
Você pode ficar um pouco mais? 
Se eu ficar, roubarei um beijo seu.
Em que parte do mundo você está?
Estou no sofá com forro de partitura, um banquinho de madeira crua à frente, em que descanso os pés cruzados, uma estante de livros a alguns metros, uma viola caipira à direita e plantas à esquerda. 
Nem mais nem menos, e nem igual. 
Exatamente como a paisagem que você vê no trajeto do transporte? 
Pego o ônibus em Nazaré, desço pelo Dique, passo pela Lapa, subo a escadaria até o Central na Rua Joana Angélica, sigo até a Entrada do Tororó, descanso no Largo e subo a ladeira até a Capelinha depois de comprar pão francês feito na hora.
Minha vida é assim todo o tempo. 
Não sou eu quem dito.
São pedaços de paisagens. 
Gosta de doce de goiaba? Ou de beijo na boca? 
Gosto muito de você. E da chuva que cai lá fora, com os pingos brilhando nos paralelepípedos, a luz alaranjada, típica de Salvador. 
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Não sei. Temos tanto em comum, não é?
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