A formalização da federação entre União Brasil e Progressistas (PP), batizada de União Progressista (UPb), prevista para esta terça-feira (19), deve mudar o equilíbrio de forças dentro do Congresso Nacional e consolidar a influência do novo bloco dentro do governo Lula. Juntos, os dois partidos passam a comandar a maior bancada da Câmara e do Senado, além de manter o controle de quatro ministérios, reforçando o jogo político rumo a 2026.
Com 109 deputados e 15 senadores, a União Progressista ocupará cerca de 20% do Legislativo federal, o que a transforma em um pilar essencial para votações estratégicas. Essa força numérica amplia sua capacidade de barganha junto ao Palácio do Planalto — uma posição que pode ser tanto de sustentação quanto de pressão.
Embora integrem oficialmente a base governista, a movimentação recente da federação aponta para uma relação mais pragmática do que ideológica. Líderes de ambos os partidos já sinalizaram incômodo com algumas decisões do governo federal e não descartam um afastamento estratégico caso os interesses da federação sejam contrariados.
Na prática, o grupo atua com independência e busca preservar espaços no Executivo, entre eles ministérios com orçamento robusto e visibilidade nacional. Essa posição tem provocado desconforto dentro do PT e entre outros aliados históricos, que veem com cautela o avanço do centro-direita dentro da Esplanada.
A criação da União Progressista não é apenas uma manobra institucional: trata-se de uma preparação clara para as eleições de 2026. Com o novo desenho partidário, os líderes da federação miram maior tempo de TV, acesso a fundo eleitoral ampliado e articulação de candidaturas majoritárias nos estados e, possivelmente, na corrida presidencial.
A formação da federação também é uma resposta à fragmentação partidária. Ao se unirem sob o mesmo estatuto e programa, União Brasil e PP visam estabilidade interna e projeção externa. Trata-se de uma jogada política com potencial de reconfigurar o mapa eleitoral brasileiro.
No Planalto, o avanço da nova federação gera apreensão. Embora Lula mantenha um discurso público de conciliação e diálogo com todas as forças do Congresso, há preocupação sobre o custo político de manter partidos do centrão no núcleo do governo. A possível saída da federação da base aliada, caso se confirme, pode alterar profundamente a governabilidade.
Ainda assim, por ora, a União Progressista permanece como parte do governo — e com poder. O desafio será manter o equilíbrio entre ceder espaço político e preservar a coerência programática de uma gestão que busca, ao mesmo tempo, reconstruir o país e manter sua base unida.