O jurista e o advogado

Por Marcelo oXarope
31/03/2024

Publicado em

oXarope1310324_1

Ao ministrar palestra para a primeira turma do curso de Direito da Faculdade Bela Vista, um dos temas que abordei foi a diferença entre o jurista e o advogado, que gostaria de compartilhar também com os leitores.

Muitas vezes os senhores ouvem a mídia referir-se aos juristas e aos advogados como sinônimos, mas vale ressaltar, desde logo, que são funções diferentes.

O jurista nasce com o Direito Romano. Eram os jurisconsultos que tinham autoridade e conhecimento para interpretar a lei. Por conta disso, escreviam livros e códigos, auxiliando os imperadores. O jurista é, portanto, um profundo conhecedor do Direito e, quando emite uma opinião, o faz na condição de intérprete imparcial do direito.

O jurista é aquele que interpreta o Direito e, quando se convence de uma tese, vai apresentar todo o seu conhecimento para explicar qual é a correta interpretação. Logo, o jurista é alguém que tem a função de dizer o direito com imparcialidade, mesmo que o parecer seja para alguém que está necessitando de uma determinada interpretação.

Sendo assim, nós, pareceristas, negamos, repetidas vezes, a possibilidade de redigir um parecer por não estarmos convencidos das teses apresentadas. Fizemos uma análise, outro dia no escritório, e verificamos que dos mil e poucos pareceres que eu dei na vida, devo ter negado, pelo menos mil, por não estar convencido da tese exposta. 

Já o advogado tema obrigação fundamental de defender o seu cliente e, para isso, tem que ser honesto e ético. Aliás, esse é um conselho que dou: nos primeiros tempos do exercício da advocacia, pode haver até alguma perda em relação àqueles profissionais menos éticos, mas com o tempo, eles serão conhecidos por não serem éticos, enquanto que os que o são também serão reconhecidos e, pelo seu próprio conhecimento, serão gradativamente mais valorizados.

Eu sempre disse para os meus alunos – atuei no magistério desde 1964 e fui professor universitário durante 60 anos -,como aqueles que crescem na vida podem não ter crescido tão rapidamente quanto os desonestos no início, mas, com o tempo, os desonestos são ultrapassados com uma velocidade extraordinária. Ocorre que aqueles que atuam por convicção são sempre mais confiáveis, pois só aceitam as questões de que estão convencidos que podem defender. Mesmo diante de questões mais complicadas, o advogado, tem a obrigação de dedicar-se ao máximo para vencer, não desonestamente, mas utilizando -se de todas as virtualidades da lei para que isso possa ocorrer.

Essa é a grande diferença: o advogado não tem responsabilidade de elaborar doutrina, o jurista sim. O advogado tem obrigação de buscar na lei a vitória do seu cliente, ou minimizar, no caso do direito penal, a pena dele.

É por essa razão que o advogado está no tripé que forma o Poder Judiciário: Ministério Público, Magistratura e a Advocacia, que, a meu ver, é a minha vocação. 

Ives Gandra da Silva Martins é Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO,UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região; Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das  Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da FECOMERCIO – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP. 

Por Gabriela Romão

1678540344banner-970x90-bello.png

Mais recentes

Maria, José e Santos dominam os registros civis na Bahia segundo o Censo 2022

Em 2022, Maria era o nome de 1 em cada 10 mulheres na Bahia. José seguia como…

Prefeitura de Eunápolis moderniza Hospital Geral e inaugura nova fase na saúde pública do município

A Prefeitura de Eunápolis segue executando um amplo projeto de requalificação do Hospital Geral, transformando a principal…

Porto Seguro está no topo das buscas para viagens de verão e fim de ano

Porto Seguro reafirma seu protagonismo no turismo brasileiro ao figurar entre os dez destinos mais buscados do…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e…

Transporte por aplicativo cresce na Bahia, mas ainda está presente em apenas 11% dos municípios

Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar…

O jurista e o advogado

Por Marcelo oXarope
31/03/2024 - 14h43 - Atualizado 31 de março de 2024

Publicado em

oXarope1310324_1

Ao ministrar palestra para a primeira turma do curso de Direito da Faculdade Bela Vista, um dos temas que abordei foi a diferença entre o jurista e o advogado, que gostaria de compartilhar também com os leitores.

Muitas vezes os senhores ouvem a mídia referir-se aos juristas e aos advogados como sinônimos, mas vale ressaltar, desde logo, que são funções diferentes.

O jurista nasce com o Direito Romano. Eram os jurisconsultos que tinham autoridade e conhecimento para interpretar a lei. Por conta disso, escreviam livros e códigos, auxiliando os imperadores. O jurista é, portanto, um profundo conhecedor do Direito e, quando emite uma opinião, o faz na condição de intérprete imparcial do direito.

O jurista é aquele que interpreta o Direito e, quando se convence de uma tese, vai apresentar todo o seu conhecimento para explicar qual é a correta interpretação. Logo, o jurista é alguém que tem a função de dizer o direito com imparcialidade, mesmo que o parecer seja para alguém que está necessitando de uma determinada interpretação.

Sendo assim, nós, pareceristas, negamos, repetidas vezes, a possibilidade de redigir um parecer por não estarmos convencidos das teses apresentadas. Fizemos uma análise, outro dia no escritório, e verificamos que dos mil e poucos pareceres que eu dei na vida, devo ter negado, pelo menos mil, por não estar convencido da tese exposta. 

Já o advogado tema obrigação fundamental de defender o seu cliente e, para isso, tem que ser honesto e ético. Aliás, esse é um conselho que dou: nos primeiros tempos do exercício da advocacia, pode haver até alguma perda em relação àqueles profissionais menos éticos, mas com o tempo, eles serão conhecidos por não serem éticos, enquanto que os que o são também serão reconhecidos e, pelo seu próprio conhecimento, serão gradativamente mais valorizados.

Eu sempre disse para os meus alunos – atuei no magistério desde 1964 e fui professor universitário durante 60 anos -,como aqueles que crescem na vida podem não ter crescido tão rapidamente quanto os desonestos no início, mas, com o tempo, os desonestos são ultrapassados com uma velocidade extraordinária. Ocorre que aqueles que atuam por convicção são sempre mais confiáveis, pois só aceitam as questões de que estão convencidos que podem defender. Mesmo diante de questões mais complicadas, o advogado, tem a obrigação de dedicar-se ao máximo para vencer, não desonestamente, mas utilizando -se de todas as virtualidades da lei para que isso possa ocorrer.

Essa é a grande diferença: o advogado não tem responsabilidade de elaborar doutrina, o jurista sim. O advogado tem obrigação de buscar na lei a vitória do seu cliente, ou minimizar, no caso do direito penal, a pena dele.

É por essa razão que o advogado está no tripé que forma o Poder Judiciário: Ministério Público, Magistratura e a Advocacia, que, a meu ver, é a minha vocação. 

Ives Gandra da Silva Martins é Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO,UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região; Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das  Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da FECOMERCIO – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP. 

Por Gabriela Romão

1

Mais recentes

Maria, José e Santos dominam os registros civis na Bahia segundo o Censo 2022

Em 2022, Maria era o nome de 1 em cada 10 mulheres na Bahia. José seguia como o nome masculino mais comum. Já Santos se…

Prefeitura de Eunápolis moderniza Hospital Geral e inaugura nova fase na saúde pública do município

A Prefeitura de Eunápolis segue executando um amplo projeto de requalificação do Hospital Geral, transformando a principal unidade de saúde do município em um espaço…

Porto Seguro está no topo das buscas para viagens de verão e fim de ano

Porto Seguro reafirma seu protagonismo no turismo brasileiro ao figurar entre os dez destinos mais buscados do país, segundo pesquisa divulgada pela plataforma Airbnb em…

Avanços da Segurança Pública na Bahia refletem gestão eficiente e reconhecimento nacional

A segurança pública da Bahia vive um novo momento. O esforço conjunto do Governo do Estado e das forças policiais vem produzindo resultados concretos e,…

Transporte por aplicativo cresce na Bahia, mas ainda está presente em apenas 11% dos municípios

Nos últimos quatro anos, a Bahia viu um crescimento expressivo no uso de aplicativos de transporte. Apesar disso, o serviço ainda está ausente em quase…

Cláudia Oliveira

Deputada Cláudia Oliveira reforça cobrança por obras no desvio da BR-101 para garantir mobilidade e segurança 

Durante reunião da Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), a deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD) voltou a cobrar…

Benefícios federais crescem e expõem falhas de fiscalização

O aumento do número de famílias atendidas por programas de transferência de renda no Brasil levanta uma preocupação antiga: a falta de fiscalização efetiva e…

Economia baiana sente efeitos do tarifaço e registra queda de arrecadação no terceiro trimestre

A economia da Bahia registrou retração no terceiro trimestre de 2025, acompanhando o desempenho negativo do PIB nacional entre abril e julho, que só apresentou…

Veracel investe R$ 1 milhão em projetos com Lei de Incentivo e amplia apoio às comunidades do Sul da Bahia

Só neste ano, a Veracel destinou mais de R$ 1 milhão a projetos aprovados por leis de incentivo fiscal. O investimento fortalece o compromisso da…

Lula e Trump se reúnem na Malásia e destravam negociação sobre tarifas a produtos brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou neste domingo, 26 de outubro, em Kuala Lumpur, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump….

Campos de Ideias participa do ENAPRO 2025 e reforça compromisso com a educação continuada e o futuro humano da comunicação

A Campos de Ideias marcou presença no ENAPRO – Encontro Nacional das Agências de Propaganda, realizado no Resort Stela Mares, em Salvador (BA). Com o…

Manobra de Fux no STF pode reacender esperança política de Bolsonaro

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal, pediu transferência da 1ª para a 2ª Turma da Corte. A mudança, que parece meramente burocrática, pode abrir…

Indústria baiana vê na cultura um trunfo estratégico para inovação e impacto social

Uma nova pesquisa do SESI Bahia aponta que 96% das médias e grandes indústrias da Bahia enxergam a cultura como peça-chave para o desenvolvimento humano,…

Bahia lidera país em trabalhadores que vão a pé para o trabalho, revela Censo 2022

Nos resultados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quarta-feira (9/10) pelo IBGE, a Bahia aparece com a maior proporção de trabalhadores que se deslocam a…

IFBA Eunápolis promoverá 22º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2025 no mês de outubro

O Instituto Federal da Bahia- Campus Eunápolis promoverá a sua 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), entre os dias 21 a 25 de outubro….

Rolar para cima