
Nos últimos trinta dias, Eunápolis tem sangrado. A cidade, que já figurava entre as mais violentas do Brasil, mergulhou de vez em um cenário de medo, desordem e impunidade. Assassinatos brutais, desaparecimentos misteriosos, emboscadas contra agentes públicos e execuções em plena luz do dia. O que antes eram casos isolados, agora viraram rotina.
A pergunta que ecoa nas ruas é simples: onde está o Estado?
Enquanto famílias choram seus mortos, o governo assiste inerte à escalada da violência. A polícia, visivelmente sucateada e em número insuficiente, mal consegue reagir aos crimes, quem dirá preveni-los. O sistema de inteligência é falho, as investigações emperram e a Justiça caminha a passos lentos. Em vez de combater o crime com força e estratégia, o que se vê é um aparato público desorganizado e, por vezes, omisso.
A criminalidade cresceu, se sofisticou, tomou conta das periferias e agora avança até mesmo sobre centros comerciais e áreas nobres. Eunápolis, infelizmente, virou território livre para a atuação de facções. A cada novo caso, o que se percebe é uma sociedade abandonada à própria sorte.
Em meio a esse caos, a ausência do governo estadual se torna gritante. As promessas de reforço no policiamento viraram fumaça. O projeto de transformar a 7ª CIPM em Batalhão, por exemplo, segue apenas no discurso. Falta comando, falta ação, falta compromisso real com a vida dos eunapolitanos.
O que está acontecendo em Eunápolis é mais que uma crise de segurança pública é um colapso institucional. A violência virou o reflexo cruel de um Estado fraco, despreparado e desconectado das reais necessidades da população.
Chegamos ao ponto em que a população se mobiliza mais do que o próprio poder público. Protestos tomam as ruas e clamam por justiça, enquanto autoridades fingem não ver. É vergonhoso. É revoltante.
Se nada for feito com urgência, não estaremos mais debatendo segurança pública. Estaremos, na prática, decretando o fracasso total da ordem civil em nossa cidade.
É hora de parar de fazer promessas e começar a agir. Eunápolis exige, com razão, mais que discursos: exige presença, proteção e respeito.