O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Senado 17 indicações para cargos de direção em nove agências reguladoras, em uma jogada estratégica para garantir apoio político à aprovação de pacotes do governo. A lista, publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (16), evidencia a busca por alianças com senadores, fundamentais na agenda de projetos prioritários da gestão.
Entre os indicados estão nomes de peso técnico e político. Artur Watt Neto, procurador da Advocacia-Geral da União (AGU) e especialista em Direito do Petróleo, foi nomeado para diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Pietro Sampaio Mendes, atual secretário do Ministério de Minas e Energia, também foi indicado para a diretoria do órgão.
Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Lula nomeou Leandro Pinheiro Safatle como diretor-presidente, acompanhado de Daniela Marreco Cerqueira e Diogo Penha Soares. Já na Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), os escolhidos foram Larissa de Oliveira Rêgo, Cristiane Collet Battiston e Leonardo Góes Silva.
Aproximação política
As indicações vêm em um momento crucial para o governo, que busca a aprovação de pacotes econômicos e sociais no Congresso. As agências reguladoras, embora tenham caráter técnico, tradicionalmente compõem o tabuleiro político do chamado “toma lá, dá cá”, servindo como moeda de negociação com os partidos aliados.
No caso da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a troca de nomes sinalizou uma mudança estratégica. Tiago Sousa Pereira foi retirado da disputa, e Tiago Chagas Faierstein, diretor da Infraero, foi indicado ao cargo de diretor-presidente. A manobra sugere um alinhamento mais direto com setores aliados no Senado.
Governabilidade e pragmatismo
A nomeação de 17 diretores em uma única tacada mostra a disposição do presidente Lula em consolidar a governabilidade no Congresso. As sabatinas, que acontecerão nas próximas semanas, devem refletir o equilíbrio entre os interesses políticos e a necessidade de aprovar os pacotes do governo que aguardam análise.
Com isso, o Planalto busca construir uma base sólida no Senado, necessária para garantir os votos que impulsionarão os projetos prioritários. O cenário reforça a velha dinâmica da política brasileira: técnica e política andam de mãos dadas quando o objetivo é avançar em reformas e medidas de impacto nacional.